O cenário epidemiológico de arboviroses, principalmente dengue, tem mobilizado os municípios de abrangência da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos para estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti – transmissor das doenças. A incidência de casos prováveis de dengue está em níveis considerados altos e até muito altos em 17 dos 27 municípios, com mais de 9,6 mil casos prováveis da doença e registros confirmados de quatro óbitos. Também há registros de infectados com chikungunya e zika vírus.
Diante dos dados preocupantes, a SRS Passos reforçou as ações e vem trabalhando em estratégias para ajudar os municípios a combaterem o Aedes aegypti. Esse trabalho é realizado por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NUVEPI) e do Comitê Regional de Enfrentamento às Arboviroses (CREA).
Segundo a superintendente da Regional de Saúde de Passos, Kátia Rita Gonçalves, o quadro epidemiológico da dengue na área de abrangência da SRS tem se caracterizado com eventos cíclicos e recorrentes, mais visível nos aglomerados urbanos. “Um elemento novo e observado no atual cenário é o crescimento de casos graves e que requerem internação”, disse. “Apesar de constantes, as ações de controle existentes têm se mostrado insuficientes, e o aumento da ocorrência de casos de dengue traz preocupação para os profissionais de saúde da unidade regional e dos municípios”, observa a superintendente.
Nesse sentido, Kátia Gonçalves reforça que “é importante pensarmos uma agenda de trabalho em face das dificuldades de controle apontadas, entre elas o aprimoramento das ações antivetoriais, diagnóstico da dengue, manejo e tratamento das formas graves, entre outras”, conclui.
RECOMENDAÇÕES
Dentre as medidas recomendadas pela SRS Passos às secretarias municipais de saúde estão o mutirão de limpeza de quintais e terrenos baldios para eliminar criadouros do mosquito e a pulverização com o inseticida de Ultra Baixo Volume – o UBV pesado.
Segundo a referência técnica em UBV pesado do NUVEPI/SRS Passos, Waldecir Evilson Serafini, os mutirões são importantes para eliminar “o máximo possível de criadouros com larvas do mosquito”, para interromper o ciclo de proliferação, e o UBV pesado é uma medida drástica e que só é realizada quando o município atinge o risco de epidemia de dengue. “Para surtir efeito, tem que unir várias outras forças: tratamento focal 100%, os mutirões de limpeza e as ações educativas da população”, observa.
AÇÕES EDUCATIVAS
Por isso, o NUVEPI recomendou também que os municípios façam ações educativas, paralelas aos mutirões e UVB pesado, para que os moradores se conscientizem de que deve ser uma rotina diária manter os quintais, as residências e estabelecimentos empresariais livres de objetos que possam acumular água e servirem de criadouro do mosquito.
“Todos os anos, enfrentamos um aumento no número de casos de dengue na nossa regional, mas os desafios tem se mostrado ainda maiores. Por isso, temos imprimido todas as medidas necessárias para que os municípios recebam o apoio da Superintendência, para conseguirem vencer essa infestação do Aedes aegypti. Mas, o trabalho integrado e empenho de todos, tanto do poder público, quanto da população, é fundamental”, observa a coordenadora do NUVEPI, Márcia Aparecida Silva Viana.
“É responsabilidade de todos o combate à dengue. Somente as medidas tomadas pelo poder público se tornam insuficientes se não houver engajamento do cidadão em cuidar de sua residência. A dengue pode se tornar grave e até matar”, alerta a referência técnica em arboviroses e coordenadora-adjunta do CREA/SRS Passos, Patrícia Mendes Costa.
MUTIRÕES E UBV PESADO
Os mutirões de combate à dengue e a pulverização com o UBV pesado estão sendo realizados na maioria dos municípios da região. O inseticida está sendo aplicado em 24 municípios, que solicitaram a ação por meio da SRS Passos, e que foi atendida pela Coordenação Estadual da Central do UBV da SES-MG.
Em São João Batista do Glória, onde foi confirmado um óbito por dengue, a Coordenadora de Vigilância em Saúde informa que adotou todas as estratégias para reduzir a incidência da doença, por meio de mutirões, UBV, comunicação e mobilização social, com carro de som, entrevista para rádio, para que a população seja informada e colabore para a eliminação dos criadouros e do mosquito.
Outra cidade com registro de morte por dengue, São Roque de Minas também vem seguindo as orientações do CREA, segundo o coordenador de Vigilância em Saúde, Cássio Augusto de Castro, com reforço na comunicação com a população. “Foram realizadas ‘lives’ e entrevistas na rádio local com o secretário de saúde a respeito de sintomas e eliminação de focos”, disse, citando diversas outras ações.
Por Ênio Modesto
