Mais de 100 profissionais de saúde de 54 municípios que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros participaram nesta terça-feira, 19 de abril, de capacitação com foco no manejo clínico da dengue e de outras arboviroses. O evento, realizado por videoconferência, foi organizado pelas coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da SRS, tendo como palestrante o professor universitário e médico especialista em saúde da família, da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Mariano Fagundes Neto Soares.

Foto: Pedro Ricardo/SRS Montes Claros

Na abertura da capacitação a superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Tauanne Pereira Marques ressaltou a importância da atualização dos profissionais de saúde quanto ao atendimento clínico das pessoas acometidas por alguma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, levando em conta o aumento das notificações registradas neste ano no Norte de Minas.“Nos últimos dois anos os serviços de saúde estiveram bastante envolvidos com o tratamento de pacientes contra a covid-19 e, praticamente, os profissionais não ouviram falar sobre as arboviroses. Porém, em 2022 estamos vivenciando outro período epidêmico da dengue, febre chikungunya e do zika vírus. Nesse contexto, é necessário que os profissionais de saúde que atuam nos serviços especializados e de atenção primária dos municípios estejam preparados para atender às demandas da população”, lembrou a superintendente. 

A coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes também observou que “a situação atual em relação às notificações de casos de arboviroses é preocupante, sobretudo em virtude do fato de que, ao contrário de outros anos epidêmicos, em 2022 o Norte de Minas tem registrado muitos casos de febre chikungunya. Essa situação exige uma atenção especial dos profissionais de saúde quanto ao diagnóstico precoce da doença e o tratamento adequado dos pacientes”, pontuou a coordenadora.

Na mesma linha de raciocínio, Mariano Fagundes ressaltou que a organização dos serviços de atenção primária à saúde e o trabalho conjunto dos profissionais é de fundamental importância para que o atendimento da população seja realizado de forma adequada. “Treinar as equipes nas questões relacionadas desde a classificação de risco, monitoramento de pacientes até a concessão de alta hospitalar constitui medidas necessárias para que os serviços de saúde consigam atender o fluxo de pacientes que atualmente estão recorrendo a atendimento médico nos serviços de saúde”, observou o médico. Ele lembrou que as arboviroses podem ter diagnóstico parecido com outras doenças graves como a leishmaniose, leptospirose e sarampo, o que exige maior atenção dos profissionais de saúde. 

Ao lembrar que além de Montes Claros os municípios de Januária e Francisco Sá têm notificado aumento de casos de febre chikungunya, ao contrário do que até então ocorria, Mariano Fagundes alertou que os pacientes merecem uma atenção especial das equipes de saúde. Isso porque as complicações causadas pela dengue e pela febre chikungunya acontecem em curtos espaços de tempo. No caso da chikungunya os pacientes podem ficar com sequelas por até dois anos e, por isso, estarão incapacitados para o trabalho. “As gestantes compõem o grupo de risco da febre chikungunya porque a taxa de transmissão da doença para neonatos, durante o parto, chega a 85%. Além do risco de óbito, os recém-nascidos que sobrevivem podem ter comprometimento do sistema nervoso central, entre outras sequelas”, alertou o médico.

Para o diagnóstico precoce das arboviroses Mariano Fagundes frisou que a realização de exames de hemograma, testes rápidos e de sorologia se constituem medidas importantes a serem utilizadas pelos serviços municipais de saúde, além da hidratação e do monitoramento dos pacientes visando evitar que evoluam para situações de saúde mais graves, sem que tenham acesso a assistência médica adequada e em tempo oportuno.

Por Pedro Ricardo