Com o início do período anual de maior transmissibilidade da febre maculosa, que vai de abril a outubro, o Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova alerta coordenadores e referências técnicas municipais da área de Epidemiologia para a necessidade de se traçar ações preventivas e de controle. A febre maculosa é uma doença infecciosa febril aguda, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida por meio da picada de carrapatos infectados. Em Minas Gerais, o carrapato da espécie Ambyomma sculptumé o que apresenta maior relevância no ciclo biológico da doença, podendo ser encontrado em equídeos, bovinos, roedores (como capivaras), marsupiais, cães, entre outros.

Carrapato-estrela - Foto: Christopher Paddock/James Gathany (CDC-EUA)

 

A referência técnica do Nuvepi, Graziele Menezes Ferreira Dias, destaca que o período crítico da transmissão se deve à predominância das formas mais jovens do ciclo reprodutivo do carrapato - larva e ninfa. “Por serem de menor tamanho devido à sua fase mais jovem, esses carrapatos são mais difíceis de serem visualizados a olho nu, o que faz com que fiquem mais tempo no hospedeiro. Por isso, é fundamental a intensificação da vigilância do agravo nesse período”, orienta. 

 

Segundo a referência, a análise da série histórica dos últimos dez anos na área de abrangência da SRS Ponte Nova revela que, dentre os dez casos de febre maculosa ocorridos no período, oito evoluíram para óbito, o que demonstra uma taxa de letalidade de 80% no território. “A febre maculosa tem tratamento, mas ele precisa ser iniciado ainda na fase de suspeição. Por isso, ao sensibilizar as equipes de epidemiologia e assistência municipais, bem como a população em geral, há maior chance de tratar um caso precocemente, evitando o óbito”, alerta.

 

Tempo oportuno

De acordo com Graziele Dias, para ocorrer a infecção no ser humano por febre maculosa, é necessário que o carrapato fique aderido ao corpo de quatro a seis horas, podendo também ocorrer contaminação através de lesões na pele após seu esmagamento. Quanto ao período de incubação, a referência esclarece que, após a picada, os sintomas tendem a aparecer em uma média de sete dias. “Os sintomas são inespecíficos, como febre alta, cefaleia, mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos, o que pode causar a suspeição por outras doenças, como a leptospirose, dengue, febre amarela e outras febres hemorrágicas. No entanto, havendo o alerta epidemiológico na área, a equipe médica poderá considerar, também, a febre maculosa, permitindo que o tratamento ocorra em tempo oportuno”, reforça. 

 

Sobre as ações preventivas, Graziele cita como importantes algumas medidas, como a orientação da população quanto a presença do carrapato em áreas campestres, de pescaria, parques e fazendas. “Recomendo uma vistoria detalhada em roupas e no próprio corpo, com especial atenção às crianças. Em caso da presença do carrapato, retirá-lo preferencialmente com uma pinça, fazendo leves torções. E, ao aparecimento de sintomas, deve-se fazer a associação com a doença e buscar atendimento imediato em um serviço de saúde. Sempre digo e repito: o sucesso para o enfrentamento da febre maculosa é a clínica alinhada com a epidemiologia e a educação em saúde”, finaliza.

Por Tarsis Murad