O setor da vigilância ambiental da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Teófilo Otoni promoveu, nos dias 9 e 10 de março, por videoconferência, encontro de capacitação sobre doença de Chagas com servidores das secretarias municipais de saúde dos 32 municípios pertencentes à área de abrangência da Unidade Regional.

Videoconferência sobre doença de Chagas - GRS Teófilo Otoni - Foto: Déborah Ramos Goecking

A referência técnica do Programa de Controle da Doença de Chagas (PCDH) da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Stefânia Gazzinelli, foi uma das mentoras do curso e, na ocasião, apresentou os aspectos epidemiológicos da doença no estado de Minas Gerais.

Segundo ela, a doença de Chagas se tornou um problema de saúde pública mundial que permanece negligenciada. “A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de seis a sete milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo (Trypanosoma cruzi) , que é o agente etiológico da doença”, enfatiza.

Devido ao curso clínico, por vezes silencioso, muitos pacientes não sabem que têm a doença. Estima-se que apenas 10% dos pacientes com doença de Chagas são diagnosticados e menos de 1% são corretamente tratados. “É um desafio para a Saúde Pública a identificação desses pacientes bem como o acolhimento, tratamento e acompanhamento desses indivíduos”, pontua a referência. 

O evento também contou com as participações do analista clínico do Laboratório Macrorregional da SRS Teófilo Otoni, Bruno Oliveira que falou sobre o diagnóstico e vetor da doença de Chagas/Triatomíneos, da referência técnica do PCDCh da SRS Montes Claros, Bartolomeu Lopes, com o tema metodologia das atividades de controle dos Triatomíneos, formulário diário e borrifação, e da referência técnica dos sistemas de informação da SRS Teófilo Otoni, Edmilson Carvalho, que repassou noções gerais do Sistema de Informações de Localidades (Sisloc). 

Transmissão

A doença de Chagas possui diversas formas de transmissão:  vetorial (forma clássica) que ocorre através do contato direto com as fezes dos triatomíneos contaminados, insetos popularmente conhecidos como barbeiros; transmissão oral, devido a ingestão de alimentos contaminados com barbeiros ou suas fezes,  que é atualmente a principal forma de transmissão da doença no Brasil; transmissão por transfusão sanguínea e transplantes de órgão; e a transmissão vertical quando a mulher grávida portadora de Chagas transmite a doença ao bebê. Estima-se que só na América Latina existam mais de um milhão de mulheres em idade fértil infectadas pelo (Trypanosoma cruzi) e, por ano, cerca de 8 mil bebês nascem infectados.

Principais sintomas

A doença se manifesta em duas fases: aguda e crônica. Ambas podem ser assintomáticas. Na fase aguda, quando sintomático, o paciente pode apresentar febre alta e persistente seguida de outros sintomas como fraqueza, diarreia, vômito, cefaleia, edema, entre outros. Na fase crônica, o paciente pode permanecer vários anos sem manifestar sintomas ou desenvolver alterações cardíacas graves como insuficiência cardíaca e arritmias.

Educação em saúde

Diante do encontro de insetos suspeitos no domicílio, o morador deve coletar o inseto e encaminhar ao Posto de Informação de Triatomíneo (PIT) mais próximo de sua casa. O inseto será analisado e, tratando-se de uma espécie transmissora da doença de Chagas, os agentes de endemias realizarão visita ao domicílio para aplicar medidas de controle e prevenção. 

A prevenção em relação a doença de Chagas é feita com cuidados básicos nos domicílios: evitar entulhos mantendo os quintais limpos,  galinheiros, chiqueiros, currais e anexos devem ser mantidos o mais longe possível da casa, buscar tampar as frestas nas paredes, janelas e portas, se possível fazer uso de cortinados nas camas à noite e colocar telas em portas e janelas.

Tanto o diagnóstico quanto o tratamento da doença de Chagas são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Por Déborah Ramos Goecking e Stefânia Gazzinelli