Referências técnicas do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS-Minas) da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) estão participando do Curso de Especialização em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS – EpiSUS Intermediário, oferecido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Brasília), em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS). A especialização pretende capacitar os profissionais das esferas federal, estadual e municipal, em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, aprimorando ações de vigilância em saúde.

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“O interessante é que essa especialização em epidemiologia de campo permite formar profissionais em emergência de saúde pública, como na pandemia, mas também surtos de dengue, ou um incidente bem localizado, como o surto de uma doença diarreica em uma escola, por exemplo, tornando a equipe capacitada para ter esse olhar voltado para tais situações”, explica a coordenadora do CIEVS-Minas, Eva Lídia Arcoverde. Outro aspecto destacado por ela é a disseminação desse conhecimento para que mais agentes sejam capacitados nas regionais e em municípios do estado, de forma descentralizada. O Ministério da Saúde também indicou profissionais com especialização em saúde indígena.

O curso conta com diversas atividades práticas. Uma das ações executadas, por exemplo, é uma consulta a moradores de Belo Horizonte sobre a percepção em relação a aspectos da covid-19, como medidas de prevenção e eventos adversos pós-vacinação.Durante toda a semana, os alunos estão batendo à porta de determinadas localidades na capital mineira, devidamente uniformizados e identificados, com o apoio de agentes comunitários e das equipes de postos de saúde de Belo Horizonte. O material coletado por questionários desenvolvidos pelos alunos embasará uma análise estatística a ser apresentada posteriormente à turma.

As secretarias indicaram alunos para o curso, como a pediatra e infectologista do CIEVS-Minas, Daniela Caldas Teixeira, que tem aprendido na prática conteúdos com os quais havia se deparado na graduação. Essa experiência permite a ela aperfeiçoar o trabalho desempenhado na SES-MG. “Uma das coisas que pude assimilar é que é preciso entender a situação individual antes de chegar programando as ações para uma comunidade”, diz Daniela. A infectologista também elogia a interdisciplinaridade da ementa, que contempla vigilância hospitalar e ambiental, permitindo a ela trabalhar, por exemplo, em áreas de rompimento de barragem.

O trabalho de campo de Daniela Caldas Teixeira teve como tema “Medidas de prevenção da Covid-19: conhecimentos, atitudes e práticas da população no segundo ano da pandemia no Brasil”, com o qual ela pôde fazer algumas observações. “Pessoas que tiveram o comércio afetado pelas medidas de restrição com a pandemia tendem a ser mais descrentes com essas ações, enquanto pessoas que já tinham o hábito de ficar mais em casa tiveram uma adesão maior às medidas de prevenção”, observa.

O curso começou em maio e terminará em dezembro, quando cada aluno apresentará um trabalho de conclusão. A médica Flávia Ribeiro Soares Cruzeiro, servidora da área técnica do CIEVS-Minas, fará seu trabalho sobre a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica associada à covid-19, como aspectos sociodemográficos, quadros clínicos e bancos laboratoriais. “Nós lidamos com situações de emergência a todo tempo, todo aprendizado poderá ser aplicado ao trabalho que faço dentro da secretaria, nos permite desempenhar um trabalho mais na ponta”, avalia a médica.

Por Bernardo Almeida