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Reunião on-line, realizada na última terça-feira (14/9), com referências técnicas municipais e outros parceiros da saúde mental da região Triângulo Sul, abordou dados de violência autoprovocada, sinais de alerta para suicídio, o papel da epidemiologia na prevenção e outros assuntos. No Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), foram notificadas 4.247 tentativas de autoextermínio na região, durante o período de 2018 a 2021. Na maioria, as tentativas se deram por ingestão de substância química, como medicamentos e venenos, porém cerca de 90% das vítimas foram recuperadas devido à intervenção imediata dos serviços de urgência. Abaixo, os dados de suicídio divididos por microrregiões de saúde:

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Edinel Ávila, referência técnica de Violências da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberaba, afirma que a reunião foi muito produtiva e parabenizou o desempenho dos servidores do Sistema Único de saúde (SUS). Segundo ela, “falar sobre o papel da epidemiologia na identificação das vítimas de tentativa de suicídio, e seu adequado encaminhamento para atendimento em saúde mental, é de extrema importância para evitar que elas tentem novamente. Estudos em vários países mostram que os tentadores de suicídio são, na maioria, mulheres jovens, com menos de 30 anos, que utilizam como principal método a overdose de medicamentos. Nossos dados registrados no SINAN corroboram com estes estudos” conclui.

Viviane Pereira, referência técnica em Saúde Mental da SRS Uberaba, afirmou que é importante abordar o tema de forma freqüente, desconstruindo mitos e envolvendo diversos setores, já que se trata de uma questão de saúde pública mundial. Ela ressalta que, “segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 800 mil pessoas se suicidam por ano, no mundo. Mesmo assim, ainda vemos uma barreira grande ao abordar o tema com as pessoas, às vezes por vergonha, questões culturais ou religiosas. Por isso, quanto mais unidos estivermos para ajudar, melhor será.

A pessoa que quer cometer suicídio está em sofrimento profundo e, muitas vezes, acha que seus amigos e familiares estarão melhores sem ela. Oferecer ajuda, estimular a procura de um profissional para escuta qualificada, auxiliar no aumento da autoestima e ficar atentos a sinais de alerta como: automutilações, falas de ideação suicida, isolamento, mudança de humor repentina, é muito importante. Além disso, o fluxo de atendimento nos municípios deve estar bem definido e explícito para a população, para que se possa acolher o paciente de forma rápida e eficaz”, finaliza.

Alzimara Martins, terapeuta ocupacional e coordenadora municipal de saúde mental do município de Frutal, participou da capacitação e, para ela, o mês de setembro é uma época em que trazemos com mais ênfase um tema que, na verdade, deve ser trabalhado de janeiro a janeiro. Segundo Alzimara, “o suicídio é considerado uma crise de saúde mundial, e tem explicações diversas, que passam por questões sociais, econômicas e também pessoais. Pode acontecer da pessoa não conseguir elaborar algum sofrimento e também não procurar ajuda, por falta de informação, ou até de condições psicológicas mesmo. Por isso, é importante olharmos ao redor e estarmos atentos a mudanças de comportamento para identificar, em tempo, sinais de alarme”.

GIMS-PS
Por iniciativa da SRS Uberaba, foi formado o Grupo Interinstitucional de Movimentos Sociais, Reflexão e Prevenção ao Suicídio (GIMS-PS), com representações da Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Liga Acadêmica de Saúde Mental e Psiquiatria – LASMP (UFTM), Sindicato dos Psicólogos de Minas Gerais (PSIND-MG) e SRS Uberaba, por meio do qual vem se desencadeando ações de reflexão e prevenção ao suicídio. O grupo elaborou um material sobre mitos e verdades, visando a identificação precoce e auxílio a pessoas com ideação suicida, já participou de entrevistas e vai realizar também uma Live temática no dia 28/9, pela plataforma Google Meet, com o nome: A quem cabe prevenir o suicídio?

 
 

Por Sara Braga