A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária está intensificando o repasse de orientações aos municípios do Norte de Minas quanto à vigilância epidemiológica, ambiental e de saúde contra a febre amarela. Exames laboratoriais realizados em agosto deste ano pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, constatou a ocorrência da morte de primatas não humanos nos municípios de Ubaí e Icaraí de Minas, vítimas da febre amarela.

Vísceras de guaribas encontrados mortos no município de Luislândia ainda estão em fase de análise. Também ocorreram epizootias no distrito de Serra das Araras, no município de Chapada Gaúcha, porém ainda sem confirmação da presença da doença.

“A partir de agora todos os municípios devem intensificar ao máximo as ações de vigilância sobre a febre amarela, principalmente nas localidades limítrofes. Devemos intensificar a vigilância ambiental, mobilizando a população urbana e rural, principalmente, para denunciar o adoecimento ou morte de qualquer macaco”, alerta a coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes.

Em Nota Técnica enviada aos municípios, a SRS destaca que os agentes de controle de endemias devem fazer o mais breve possível a investigação das ocorrências de mortes de primatas não humanos na região, por meio da coleta de amostras para exames laboratoriais, além da notificação compulsória e imediata dos casos, por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – (SINAN).

Vacinação

Ainda no comunicado enviado aos municípios, a SRS Montes Claros alerta que os serviços de Atenção Primária à Saúde deverão fazer busca ativa das pessoas não vacinadas contra a febre amarela, de casa em casa nas comunidades rurais e em pontos fixos no meio urbano. As secretarias municipais de saúde também deverão fazer levantamento da cobertura vacinal da população, com estratificação por categoria e, se possível, por zona urbana e rural.

Agna Menezes observa que todos os profissionais que atuam no Programa de Saúde da Família (PSF) e nos centros médicos devem ser orientados no sentido de identificar o mais rápido possível pacientes com sintomas de febre amarela, a fim de que o tratamento seja viabilizado com a máxima urgência.

“Também é preciso orientar a população quanto ao uso de repelentes contra mosquitos. Deixar claro que os macacos não são transmissores da febre amarela. Eles são o alerta de que o vírus da doença, transmitido por mosquitos, está circulando na região”, frisa a coordenadora de vigilância em saúde.

A doença

A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas suas formas mais graves. É transmitida por mosquitos e pernilongos infectados e não há transmissão de uma pessoa para outra.

Crédito: SRS/Montes Claros

A febre amarela é uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito (tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis) deve ser prontamente comunicado aos gestores de saúde dos municípios em até 24 horas após a suspeita inicial. Em seguida, os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos.

A febre amarela possui dois ciclos de transmissão: urbano e silvestre (quando há transmissão em área rural ou de floresta). No ciclo silvestre os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus. Os vetores são mosquitos com hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabethes os mais importantes na América Latina. Nesse ciclo, o homem participa como um hospedeiro acidental ao entrar em áreas de matas.

Já no ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores urbanos infectados, entre eles o mosquito Aedes aegypti, também transmissor da dengue, Febre Chikungunya e do Zika vírus.

Sintomas

Os sintomas iniciais da febre amarela são: início súbito de febre; calafrios; dor de cabeça intensa; dores nas costas; dores no corpo em geral; náuseas e vômitos; fadiga e fraqueza. A maioria das pessoas melhora após esses sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% das pessoas apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença.

Nesses casos a pessoa infectada pode desenvolver algumas complicações como: febre alta; icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos); hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos.

No caso de qualquer um dos sintomas a pessoa deve imediatamente procurar uma unidade de saúde para avaliação médica adequada. O profissional fará os exames necessários para diagnosticar a doença, assim como a sua gravidade, o que definirá a melhor forma de tratamento.

Prevenção

A vacina é a principal forma de prevenção contra a febre amarela. Todas as pessoas que residem em áreas com recomendação da vacina e pessoas que vão viajar para essas áreas devem se imunizar. A vacina deve ser administrada pelo menos dez dias antes do deslocamento de uma pessoa para áreas de risco, principalmente em quem será vacinado pela primeira vez.

Para a vacinação contra a febre amarela as recomendações são as seguintes: criança com nove meses de vida, uma dose; crianças com quatro anos de idade, uma dose de reforço; pessoas entre 5 a 59 anos de idade, não vacinado ou sem comprovante de vacinação, uma dose.

A pessoa que recebeu uma dose da vacina antes de completar cinco anos de idade está indicada a tomar uma dose de reforço, independente da faixa etária.

 

Por Pedro Ricardo