Nesta terça-feira, 6 de julho, é celebrado o Dia Mundial das Zoonoses. A data, designada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma homenagem ao feito do cientista Louis Pasteur que, em 1885, na França, aplicou neste dia a primeira vacina contra a raiva em um garoto de nove anos, que havia sido mordido por um cão infectado com a doença. Graças à vacinação, o garoto sobreviveu.

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As zoonoses são doenças infecciosas, naturalmente transmitidas de animais para humanos. As principais zoonoses hoje conhecidas são: febre amarela, hantavirose, leishmaniose, leptospirose, malária, raiva, salmonelose, toxoplasmose, entre outras. Sua transmissão pode ocorrer de forma direta, por meio do contato com secreções (saliva, sangue, urina, fezes) ou contato físico, como arranhaduras ou mordeduras. O contágio também pode ocorrer de forma indireta, como por exemplo, por meio de vetores como mosquitos e pulgas, por contato indireto com secreções ou pelo consumo de alimento contaminado com o agente (viral, bacteriano, fúngico ou parasitário).

A Fundação Ezequiel Dias (Funed), por meio de seu Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-MG), além de realizar o diagnóstico de diversas zoonoses, exerce o importante trabalho de auxílio à Vigilância Epidemiológica, uma vez que atua no esclarecimento, monitoramento, prevenção e controle dessas doenças. “Como geramos dados laboratoriais e os fornecemos a órgãos como Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde e Secretarias Municipais, contribuímos para a tomada de decisões mais rápidas e assertivas no controle de diversas doenças”, enfatiza a chefe da Divisão de Epidemiologia e Controle de Doenças da Funed, Ana Luísa Furtado Cury. A seguir, conheça a atuação do Lacen-MG e a importância do laboratório no contexto não somente do estado, como nacional de Saúde Pública.

Serviço de Doenças Bacterianas e Fúngicas

O Serviço de Doenças Bacterianas e Fúngicas (SDBF) da Funed atua no diagnóstico de diferentes zoonoses. Dentre elas, é possível citar algumas doenças causadas por bactérias como tuberculose, leptospirose, peste, brucelose, carbunculose, mormo, salmonelose, listeriose e doença de Lyme; e outras causadas por fungos como esporotricose, criptococose e criptosporidíase. O SDBF conta hoje com equipamentos de última geração, direcionados à identificação microbiana pela metodologia de espectrometria de massa e métodos moleculares. Dessa forma, o serviço está preparado para atuar no diagnóstico e detecção de zoonoses emergentes e reemergentes no estado de Minas Gerais.

A pesquisadora do SDBF, Marluce Oliveira, ressalta que os profissionais do setor são altamente qualificados e atuam no aprimoramento do conhecimento de técnicos dedicados não somente ao diagnóstico laboratorial das redes pública e privada, mas também dando apoio à Vigilância Ambiental, em especial às zoonoses. Esse trabalho se dá por meio da participação em inquéritos e monitoramentos ambientais e da realização de análises de amostras de animais e humanos, como nos casos de leptospirose e peste.  “O Serviço é referência estadual para as doenças bacterianas e fúngicas destacadas anteriormente e referência regional para leptospirose (região Centro-Oeste) e para enteroinfecções, destacando-se a salmonelose (região Sudeste)”, reforça Marluce Oliveira.

Nos últimos cinco anos, o SDBF realizou mais de 330 mil exames relacionados à doenças bacterianas e fúngicas. Veja o quadro abaixo com a divisão ano a ano:

2016 2017 2018 2019 2020
42.023 58.237 82.330 99.927 50.702

Serviço de Virologia e Riquetsioses

O Serviço de Virologia e Riquetsioses (SVR) da Funed realiza o diagnóstico de diversas zoonoses como: febre maculosa e outras riquetsioses; bartonelose; febre q; ehrlichiose; hantavirose; dengue, zika, chikungunya, febre amarela, mayaro, oropouche e flavivírus (genérico). Alémdisso, é responsável pelo monitoramento de título de anticorpos contra a raiva em trabalhadores com risco ocupacional. No caso da febre maculosa e outras riquetsioses, o Lacen-MG é referência não só para Minas Gerais como para outros estados.

Entre os diferenciais do Lacen da Funed estão: é o único que realiza a titulação de anticorpos para a raiva; é um dos poucos que realiza sequenciamento genético para arbovírus; e é um dos poucos que realiza diagnóstico de febre maculosa e outras riquetsioses. O laboratório de arbovírus também atua na capacitação da Rede de Dengue em todo o estado.

Diante da pandemia pelo coronavírus, o Lacen se reestruturou,aumentando em mais de dez vezes a capacidade operacional de realizar diagnósticos da doença. Somente no último ano, esse número passou de 160, no início da pandemia, para 2.000 amostras em dezembro. A Funed assumiu ainda o protagonismo no processo de habilitação de 29 laboratórios, presentes em 15 instituições, que formam a RedelabCovid-19.Desde fevereiro deste ano, o Lacen assumiu outro papel importante: passou a ser um dos quatro laboratórios do país a integrar a Rede Nacional de Sequenciamento Genético para a Vigilância em Saúde, criada pelo Ministério da Saúde. Além dos exames de Minas, a Fundação é referência para mais cinco estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Para o chefe do Serviço de Virologia e Riquetsioses, Felipe Ian, toda essa nova estrutura pode ser também utilizada para o diagnóstico e monitoramento genético de outras doenças, como as zoonoses. “Com os novos equipamentos, é possível ampliar a oferta de exames e reduzir o prazo de liberação dos mesmos. Além disso, será possível ampliar a vigilância genômica, contemplando mais agentes etiológicos a serem sequenciados no Lacen”, complementa.

Nos últimos cinco anos, o SVR realizou mais de 1,3 milhão de exames, entre eles o do novo coronavírus. Veja o quadro abaixo com a divisão ano a ano:

2016 2017 2018 2019 2020
189.638 206.150 218.327 256.520 461.272

Serviço de Doenças Parasitárias

O Serviço de Doenças Parasitárias (SDP) da Funed realiza o diagnóstico de doenças como:leishmaniose visceral, leishmaniose tegumentar, doença de Chagas e toxoplasmose. Para a leishmaniose visceral e doença de Chagas, a Funed é referência nacional para o diagnóstico laboratorial. Atualmente, o Serviço tem também atendido demandas esporádicas de exames de PCR para toxoplasmose de outros estados (líquido amniótico e confirmação de toxoplasmose congênita).

Como laboratório de referência nacional da doença de Chagas e da leishmaniose visceral canina, a Funed oferta o controle de qualidade externo interlaboratorial do Programa de Avaliação da Qualidade (PAQ). Já para os diagnósticos de leishmaniose visceral humana, também é ofertado o controle de qualidade interlaboratorial para a rede de laboratórios. O SDP é ainda o laboratório de referência para produção de material para o Programa de Ensaio de Proficiência (PEP), tanto no caso da doença de Chagas quanto da leishmaniose visceral canina.

A chefe do SDP, Jacqueline Iturra, explica que está sendo criada, pelo Ministério da Saúde, a rede de vigilância ambiental para febre maculosa. “Nessa rede, o Laboratório de Entomologia do Serviço de Doenças Parasitárias será responsável pela classificação taxonômica de amostras de vetores encaminhadas por outros estados, antes da realização do teste de biologia molecular pelo Serviço de Virologia e Riquetsioses, que é o responsável pela detecção do patógeno”, explica Jacqueline.

Nos últimos cinco anos, o SDP realizou aproximadamente 150 mil exames. Veja o quadro abaixo com a divisão ano a ano:

2016 2017 2018 2019 2020
11.628 17.055 16.031 53.906 50.013

Além do diagnóstico, a Funed realiza estudos epidemiológicos das doenças e também treinamentos de profissionais de saúde. “Os trabalhos de divulgação de conhecimento, como palestras, capacitações ou treinamentos são realizados em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e com o Ministério da Saúde. Por meio dessa parceria, é possível disponibilizar para a população de diagnósticos oportunos, a partir da suspeição do agravo, além de ações de prevenção e controle das zoonoses”, ressalta Ana Luísa Cury.

Por Assessoria Funed