A Regional de Saúde de Uberaba participou de uma série de atividades, realizadas ao longo da última semana (26 a 29/1), referente ao mês Janeiro Roxo, mês da luta contra a hanseníase. As atividades foram organizadas através da parceria entre o Centro de Referência Nacional em Dermatologia Sanitária e Hanseníase (CREDESH de Uberlândia), o Hospital de Clínicas e da Universidade Federal de Uberlândia, a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, as Superintendências Regionais de Saúde de Uberlândia e Uberaba e a Casa das Bem-Aventuranças de Uberlândia e contou, também, com apoio o do Instituto Aliança contra a Hanseníase e da Sociedade Brasileira de Hansenologia.

Dentre as atividades, foram promovidas palestras (em plataformas digitais) com temas relacionados ao diagnóstico, tratamento da doença e fortalecimento da rede de atenção à pessoa diagnosticada com hanseníase e, na última sexta-feira (29/1), aconteceu uma mobilização interna nas Unidades de Saúde do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba para a divulgação das informações e consolidação dos temas discutidos durante toda a semana.

2.1 Sara Braga
 
A profissional do CREDESH e mestranda em fisioterapia pela UFU, Adriana Aparecida de Oliveira Silva, participou da organização do evento e explicou que o CREDESH é um dos seis centros que existem no Brasil destinados a cuidar de maneira integral das pessoas com a doença: "A unidade oferece diagnóstico, tratamento medicamentoso e atendimento multiprofissional feito por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, farmacêuticos, psicólogos e dentistas, além de profissionais da área administrativa", explicou.

“Também, contamos com biólogos e pesquisadores que buscam aprimorar a qualidade do diagnóstico e de atendimentos prestados. Damos assistência às regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, totalizando 108 cidades pactuadas. Os pacientes podem apresentar sequelas altamente incapacitantes em olhos, mãos e pés, uma vez que a hanseníase é uma neuropatia periférica que pode gerar incapacidade nos movimentos finos das mãos, de equilíbrio motor e alteração da marcha, desenvolver deformidades como garras nas mãos ou nos pés e, devido à alteração sensitiva, o aparecimento de úlceras, que podem levar à deformidades, às vezes, irreversíveis. Por isso, é tão importante diagnosticar e tratar," concluiu.

O evento também contou com a palestra da médica Maria Aparecida Gonçalves, também do CREDESH, que falou sobre o diagnóstico e tratamento precoces e do fortalecimento da rede de assistência à pessoa com hanseníase. De acordo com ela, "é impensável que, num país que é o segundo do mundo no número de afetados pela doença, um paciente que chegue ao serviço de saúde, volte para casa sem um diagnóstico e tratamento oportunos. Não adianta ele estar curado, mas incapacitado. A incidência de diagnóstico tardio é muito alta e gera esse tipo de sequela grave, que deve ser evitada, a fim de que o paciente possa ser totalmente reabilitado, sem maiores prejuízos à saúde", frisou a médica.

Enquanto isso, a referência técnica regional em hanseníase, Júnia Vilela, informa que em 2020, foram notificados 29 pacientes na região de saúde Triângulo Sul, um número abaixo da expectativa, com certeza devido à sobrecarga dos serviços de saúde em decorrência da atual pandemia.  Ela explica ainda que "está sendo realizado um levantamento dos pacientes em tratamento, assim como, o de possíveis profissionais que ainda necessitam ser capacitados, para encaminhamento ao CREDESH que irá subsidiar essas capacitações e o acompanhamento dos pacientes mais graves ou com complicações, da região", pontuou.  

A programação contou ainda com a palestra da médica, Isabela Maria Bernardes Goulart, coordenadora do CREDESH sobre os desafios no diagnóstico, tratamento da doença e atenção pós-alta; e, também, da assistente social, Helenilze Magalhães Serafim e da enfermeira Michele Egle Torres Silva, ambas do CREDESH, que falaram sobre o papel do Centro como referência nacional e o fortalecimento da rede de assistência à pessoa com hanseníase.

Por Sara Braga