Com o tema “Desafio das Arboviroses em tempos da covid”, a Secretaria de Estado de Saúde​ de Minas Gerais (SES-MG) realizou, nesta quarta e quinta-feira (2 e 3/12), seminário on-line que aborda temas relacionados às doenças causadas pelos arbovírus, que incluem a dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Destinado aos profissionais das Regionais de Saúde e municípios, o encontro teve o objetivo de alinhar as ações de controle no estado e orientar sobre as medidas, os fluxos e os protocolos de respostas às doenças.

Crédito: James Gathany

Durante a abertura da 1ª Mesa, o secretário de estado de Saúde da SES-MG, Carlos Eduardo Amaral, falou sobre a importância do enfrentamento das arboviroses em tempo de pandemia. “Esse encontro marca o momento que consolida as ações e alternativas para o planejamento das arboviroses em Minas, coexistindo com o enfrentamento da pandemia. O ano de 2020 está sendo complexo e desafiador para saúde do estado. Conseguimos realizar várias ações para fortalecimento da assistência e integração entre as áreas da secretaria. O nosso objetivo é adotar várias ferramentas para que, combinadas, possam nos oferecer resultados melhores dos que temos até agora, principalmente, no combate aos vetores das arboviroses, com a incorporação de novas tecnologias”, pontuou o secretário.

Complementando a fala do gestor estadual, a subsecretária Interina de Vigilância em Saúde da SES-MG, Janaína Passos de Paula, reforçou que o seminário é um importante espaço para pensar as arboviroses e as ações de controle do Aedes. “Mesmo diante do cenário que estamos vivenciando da covid-19, as outras doenças, como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela, não deixam de acontecer. O controle vetorial é um desafio muito grande e, ao longo os anos, percebemos a necessidade de incorporação de novas ferramentas de controle, como as que estão em implementação no estado”, aponta a Passos.

Novas tecnologias

O uso de novas tecnologias foi pontuado durante todo o encontro e, ao falar sobre medidas inovadoras no controle do Aedes aegypti, o presidente da Fundação Ezequiel Dias (Funed), Dario Brock Ramalho, explicou que a experiência já deixou claro que não é possível acabar com a dengue com apenas um método.

“É necessário avançar e conjugar várias iniciativas. O objetivo é adotar várias ferramentas para que, combinadas, elas possam nos oferecer resultados melhores dos que temos até agora no combate aos vetores das arboviroses. Portanto, além das práticas comuns de combate ao mosquito, buscaremos efetivar o uso de tecnologias como método Wolbachia, pesquisas para o desenvolvimento de vacinas, Gene-Drive (mosquito transgênico), iniciativas de manejo integrado e, futuramente, a construção de uma biofábrica no estado, com tecnologia da Fiocruz”, disse.

O Método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia no meio ambiente. A Wolbachia é um microrganismo presente naturalmente em outros insetos e, quando presente nas células do Aedes aegypti, não permite uma boa multiplicação viral. A soltura destes mosquitos ocorrerá principalmente em áreas antropizadas, onde os mosquitos apresentam maior prevalência. Este método é utilizado amplamente em outros países que apresentavam altas incidências de arboviroses. Os resultados são significativos para o controle e transmissão das principais arboviroses: dengue, zika e chikungunya.

Já o Gene-Drive, em fase de experimentação laboratorial, visa modificar geneticamente os mosquitos, por meio da adição do gene drive, impedindo a infecção de arbovírus e, consecutivamente, a transmissão do vírus da dengue, chikungunya e zika para as pessoas. O projeto é uma parceria realizada com o laboratório de pesquisa RNAi, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Campanha de conscientização

Ao apresentar a campanha publicitária de enfrentamento às arboviroses, a Assessora Chefe da Comunicação da SES-MG, Virgínia Silva, falou sobre as estratégias de divulgação das medidas de prevenção dos agravos, para conscientização da população sobre o controle das doenças transmitidas pelo Aedes.

“A campanha foi pensada e divida em duas etapas: uma focada nas medidas preventivas, sobre o que as pessoas podem fazer para prevenir as doenças. Na segunda fase, já no período sazonal, a estratégia é divulgar e alertar a população sobre os principais sintomas e cuidados. O nosso objetivo é sensibilizar a população sobre o controle ao vetor, por meio de ações integradas entre o estado e a população, e sobre como podem colaborar para a prevenção dessas doenças”, explicou.

Com o mote “O cuidado com a saúde começa em casa”, a campanha foca no nome das doenças e tem uma comunicação mais direta com a população. “Não adianta ficarmos preocupados com as ações dos nossos vizinhos, se descuidamos das medidas de prevenção dentro de nossas próprias casas. Portanto, é fundamental cada um fazer a sua parte”, explicou Virgínia.

Além dos materiais gráficos, as informações, orientações técnicas e peças para utilização nas redes sociais serão disponibilizadas no hotsite /aedes e podem ser acessadas em: www.saude.mg.gov.br/aedes

 

Por Míria César