O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, fez um comunicado à imprensa durante entrevista coletiva virtual concedida no início da tarde desta quarta-feira (17/6), no qual houve o anúncio de 23 novos leitos de terapia intensiva no Hospital Júlia Kubitschek, administrado pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), em Belo Horizonte. O secretário-geral Mateus Simões também fez um pronunciamento. Também participaram o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, o secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, que responderam perguntas dos veículos de comunicação sobre as ações de enfrentamento ao coronavírus.

Crédito: Gil Leonardi

Romeu Zema iniciou sua declaração se solidarizando às vítimas da Covid-19 em Minas, que contabiliza 537 vidas perdidas. Aproveitou para alertar sobre o momento vivido pelo Estado no enfrentamento da epidemia. “Sabemos que a nossa curva está num momento de ascendência, o que era esperado, em virtude de já estarmos caminhando nas próximas semanas para aquilo que os especialistas chamam de pico”, ponderou. O governador ainda anunciou acordos com os poderes Legislativo e Judiciário, Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público e Defensoria Pública de Minas Gerais no sentido de efetivar os repasses dos duodécimos e também o pagamento da parcela restante dos vencimentos dos servidores públicos.

Em seguida, o secretário-geral Mateus Simões ressaltou o papel da Rede Fhemig na assistência à saúde em Belo Horizonte e Região Metropolitana. “Na capital, 25% de todos os casos são tratados na Rede Fhemig, na rede do estado de Minas Gerais”. Foi nesse contexto que o gestor informou a ampliação de leitos no Hospital Júlia Kubistchek. “Nós estamos aqui anunciando hoje a abertura de 23 leitos de terapia intensiva no hospital Júlia Kubistchek, em parceria com a Polícia Militar, que vai fornecer a mão de obra necessária para que esses leitos sejam colocados em operação imediatamente, para trazer um suspiro à capacidade assistencial do município, e ao lado disso nós vamos intensificar o esforço do Estado de ampliar os leitos”, declarou. Durante sua participação, o comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Rodrigo Sousa, e o presidente da Fhemig, Fábio Baccheretti, acompanharam o pronunciamento. 

Na sequência, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, apresentou o cenário epidemiológico da Covid-19 em Minas Gerais. No Informe epidemiológico publicado na manhã de hoje, constam 23.347 casos confirmados, com outros 10.115 em acompanhamento e 12.695 pacientes recuperados. Até o momento, foram confirmados 537 óbitos, com 221 em investigação, enquanto 999 foram descartados.

Futebol

O secretário comentou sobre reunião realizada junto ao presidente da Federação Mineira de Futebol (FMF), Adriano Aro, médicos do Cruzeiro, do Atlético e do América, o diretor de competições da FMF, Leonardo Barbosa, e o deputado estadual Zé Guilherme. Na ocasião, foram entregues os protocolos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para eventual retorno das competições futebolísticas, com uma proposta para volta dos torneios organizados pela Federação Mineira. “A Secretaria de Estado de Saúde vai avaliar essa proposta e trazer a nossa manifestação quanto à viabilidade e a forma de retorno dessa competição. Lembramos que o Estado não quer atrapalhar a vida de ninguém, pelo contrário, nós queremos que nós tenhamos enquanto sociedade uma vida qualificada possível, mas também é fundamental que nesse momento nós tenhamos um controle, um cuidado muito grande com a epidemia”, declarou. 

Outra informação dada pelo secretário foi no sentido de que a SES-MG está promovendo contatos com municípios e prestadores de serviços hospitalares para efetuar a distribuição dos ventiladores pulmonares que já chegaram ao estado. “Estamos conferindo se já há condição operacional para receber esses respiradores, então, nesse sentido, eu pediria que os prefeitos e os prestadores que receberem um contato da Secretaria de Saúde, que nos respondam o mais rápido possível para que nós possamos distribuir esses respiradores com a maior celeridade”. 

Questionado sobre o estágio da epidemia na macrorregião Noroeste, que experimentou um aumento dos casos nos últimos dias e também elevação dos índices de ocupação dos leitos. “É preciso entender que não adianta falar em leitos se não houver isolamento adequado. Não há leito que aguente uma explosão de casos de coronavírus. Peço efetivamente que todos os gestores fiquem atentos, pois quando nós sinalizamos no Minas Consciente um retorno à área verde, isso demonstra claramente que houve uma piora da situação em alguma região, ou que aquela região ainda não tem a segurança necessária para nós progredirmos”. 

Amaral continuou abordando a política de expansão de leitos do Estado, considerando que o objetivo atual é dar mais autonomia na assistência à saúde nos municípios do interior e que a SES vem trabalhando para superar algumas dificuldades. “Por exemplo, na aquisição de medicamentos, a SES e Governo de Minas Gerais estão tentando todos os meios para que nós consigamos comprar medicamentos e que possamos repor sedativos e relaxantes musculares para esses prestadores”.

Sala de Situação

O secretário Carlos Amaral explicou os objetivos da sala de situação na qual funciona o Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES), instalada em janeiro de 2020, e que tem o objetivo de sistematizar as informações sobre o novo coronavírus dentro da SES-MG. “Nós reunimos vários conhecimentos, várias áreas da secretaria, e também de outros órgãos do Estado, para que nós tenhamos ali concentração de informações, para reunir dados, de forma que tenhamos uma coordenação com a consolidação desses dados, que seja feita uma avaliação gerando subsídios para nossa tomada de decisão. Para terem uma ideia, temos médicos, enfermeiros, demógrafos, engenheiros, programadores de computação, economistas, especialistas em ciências militares e gestão de catástrofes, administradores públicos, epidemiologistas, biólogos, farmacêuticos entre outros. Um grupo muito grande, consolidar esses dados e emitir notas técnicas com orientações, com subsídios, para que nós possamos ter o máximo de informação na tomada de decisão”.

Minas Consciente

O secretário adjunto de Estado de Saúde, Marcelo Cabral, se manifestou sobre a autonomia dos municípios para aderir ao programa Minas Consciente, e que não há, no escopo do programa, penalidades a serem impostas a municípios em eventual desconformidade com as diretrizes da política pública. “Importante destacar que os esforços têm que ser contínuos por parte dos municípios, porque nós precisamos ter a atenção adequada, no que se refere à disponibilização de leitos e de respiradores pelo Estado, mas que precisam em paralelo da observação de protocolos por parte dos municípios. Como nós temos adotado até agora um diálogo constante em reuniões com prefeitos e secretários, nesse contexto, não há estabelecimento de pena para esses municípios porque até fugiria do propósito de diálogo que foi estabelecido até agora”. Cabral, no entanto, ressaltou que além da eventual discussão por penalidades que é relevante considerar que se trata de proteger a vida da população, evitando que se aumente o número de vidas perdidas, pois, no entender do secretário adjunto, a maior pena possível seria submeter as pessoas ao risco. 

Por Ramon Santos