Numa iniciativa dos professores da disciplina de estomatologia do curso de odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros - (Unimontes), com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG), por meio da Regional de Saúde de Montes Claros, os 86 municípios que integram a região ampliada de saúde do Norte de Minas estão recebendo apoio para agilização dos diagnósticos de lesões bucais. Mesmo estando em vigor o período de isolamento e distanciamento social em virtude da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, desde 22 de abril a Unimontes buscou manter, de forma remota, parte das ações da Clínica de Estomatologia, por meio da qual profissionais dos serviços de atenção primária dos municípios encaminham fotos e descrições de lesões bucais encontradas em usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

CEO UNIMONTES 2

A Clínica de Estomatologia da Unimontes é referência para o encaminhamento e atendimento de casos de lesões bucais no Norte de Minas, entre elas o câncer de boca. Segundo a Universidade, a Clínica registra, em média, de 60 a 80 atendimentos semanais de pacientes com algum tipo de lesão bucal. Para agilizar o atendimento das demandas dos municípios a Unimontes disponibilizou um número de WhatsApp – (38) 9.9203-0006 – para o envio de relatórios e imagens em alta definição para análise das lesões. Posteriormente, um dos sete especialistas da Universidade que atuam na Clínica de Estomatologia faz contato com o responsável pelo paciente para orientá-lo à distância.

A referência técnica da Coordenadoria de Atenção à Saúde da Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS), Denise Silveira entende que a iniciativa da Unimontes “vem somar e dá continuidade ao bom andamento das ações de diagnóstico precoce do câncer de boca e manejo do paciente oncológico no Norte de Minas”.

A referência técnica da Regional de Montes Claros explica que a partir de atendimentos realizados por dentistas que atuam nos municípios, professores da Unimontes estão trabalhando a distância com duas evidências: a foto da lesão, com boa qualidade, de preferência não mostrando o rosto do paciente; o relatório detalhado da lesão e o histórico do paciente. “Essas contribuições são discutidas por um grupo de especialistas e o cirurgião dentista é orientado, por telefone, sobre as providencias mais indicadas para serem tomadas a partir das hipóteses diagnósticas. Se necessário são solicitados exames ou são repassadas orientações sobre os medicamentos que devem ser administrados; cuidados a serem tomados ou necessidade de realização de biopsia em ambiente especializado”, observa Denise Silveira.

“Considerando que, devido às ações de isolamento social todos os atendimentos eletivos de saúde foram suspensos, se a lesão for fortemente sugestiva de câncer a realização da biopsia estará garantida nas Unidades de Assistência de Alta Complexidade (Unacons), que no Norte de Minas estão sediadas nos hospitais Dílson Godinho e Santa Casa”, explica a referência técnica.

A Regional de Saúde de Montes Claros tem incentivado os municípios a fazerem contato com a Unimontes para auxilio da identificação das lesões bucais. “Isso porque, duas características da lesão de boca a tornam de extrema importância e urgência na identificação: as lesões dolorosas que impedem os pacientes de manterem uma alimentação saudável e, consequentemente, uma boa imunidade e situação de saúde geral adequada para o enfrentamento ao novo coronavírus. Um segundo ponto importante são as lesões silenciosas, de crescimento lento ou rápido e que não são dolorosas, mas que tem alta sugestividade de câncer”, assinala a referência técnica.

Denise Silveira observa que os municípios das jurisdições das regionais de saúde de Montes Claros, Januária e Pirapora tem sido estimulados para que todos os profissionais da atenção primária façam contato remoto principalmente com os pacientes tabagistas e que consomem bebidas alcoólicas, bem como os usuários de próteses dentárias. “Num primeiro momento estamos solicitando que os profissionais de saúde identifiquem os pacientes que estão com algum incomodo na boca, dificuldade para engolir ou que apresentem algum caroço ou mancha na boca para que o próprio paciente faça essa observação em casa. Caso encontre alguma anormalidade o paciente será atendido num serviço de urgência do SUS para avaliação da situação”, conclui Denise Silveira.

A coordenadora do curso de odontologia da Unimontes, Renata Francine de Oliveira explica que por meio da Clínica de Estomatologia on line “estamos tentando resolver as situações menos graves ou conduzir os casos que possam sugerir a incidência de câncer, com a necessidade de realização de biópsia. Esse período de quarentena impede o devido acompanhamento dos tratamentos periódicos e, assim, estima-se que muitos pacientes sofrem com as lesões já diagnosticadas ou mesmo as lesões silenciosas em evolução”, completa a professora.

Por Pedro Ricardo