Com participação de aproximadamente 400 profissionais atuantes em hospitais e nas coordenações de Atenção Primária em Saúde e Vigilância Epidemiológica de 54 municípios, a Regional de Saúde de Montes Claros realizou nessa terça-feira (3/3), a primeira etapa do Seminário sobre Coronavírus, Influenza H1N1 e Sarampo. Organizado com apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, o evento prossegue nessa quarta-feira (4/3), no auditório das Faculdades Unidas do Norte de Minas (Funorte), sediado na região central de Montes Claros.

Na abertura do Seminário, a superintendente regional de Saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques, destacou a importância do alinhamento de ações entre a Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES-MG) com os municípios, a fim de possibilitar o aumento da cobertura vacinal contra doenças que podem ser prevenidas, como é o caso do sarampo e da influenza H1N1. “Por outro lado, estamos num momento que exige maior atenção dos profissionais quanto ao reforço das ações de vigilância epidemiológica e de saúde em relação à transmissão do Coronavírus. Esse esforço exige alinhamento de condutas entre os governos Federal, Estadual e municípios, a fim de que possamos reduzir os riscos da ocorrência de grandes surtos de transmissão do vírus”, observou.

O médico pediatra do Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Regional de Saúde de Montes Claros, Marcelo Guimarães Pereira, reforçou a importância do trabalho conjunto dos profissionais de saúde quanto à necessidade de aumento das coberturas vacinais da população. “Isso porque, não se justifica a ocorrência de casos de sarampo no país, uma vez que temos vacina disponível gratuitamente em todos os municípios. Os casos notificados da doença ocorrem devido à baixa cobertura vacinal da população, trabalho este que precisa ter uma atenção especial dos serviços de saúde de todos os municípios”, salientou.

Na mesma linha de raciocínio, o médico de família e referência de Vigilância Epidemiológica na Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Mariano Fagundes Neto Soares, lembrou que os profissionais que atuam nos serviços de atenção primária à saúde dos municípios têm importante trabalho a desempenhar visando evitar que casos mais simples de gripe se compliquem e causem óbitos. “Ao contrário do tratamento do Coronavírus, para o qual ainda não existe vacina, no caso da Influenza H1N1 não existe justificativa para o fato do Brasil ter registrado, em 2019, cerca de 3,5 mil mortes de pessoas por síndrome respiratória aguda grave. A letalidade da gripe H1N1 é mais impactante do que o Coronavírus e, para que os óbitos sejam evitados, é necessário que a cobertura vacinal dos públicos alvo da campanha seja incrementado, o que exige trabalho e atenção dos municípios”, completou.

Créditos: Pedro Costa

A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da Regional de Saúde de Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, também frisou que “as ações das equipes de Atenção Primária dos municípios, alinhado com os serviços prestados por hospitais se constitui fator primordial para notificar de imediato os casos suspeitos de sarampo, H1N1 e Coronavírus. Isso é que possibilitará à SES-MG e ao Ministério da Saúde tomar as providências necessárias para auxiliar os municípios na contenção de possíveis surtos”, lembrou a coordenadora.

Sarampo

Todo paciente que, independentemente da idade e situação vacinal, apresentar febre e exantema maculopapular acompanhados de tosse, coriza ou conjuntivite, além dos pacientes que, nos últimos 30 dias, tenham viajado para outros países ou regiões epidêmicas para o sarampo, é classificado como caso suspeito para a doença.

Nesse caso os profissionais de saúde devem notificar o caso suspeito à Secretaria Municipal de Saúde que investigará a situação num prazo de 48 horas. Será realizada coleta de sangue para sorologia; isolamento do paciente e identificação viral. Além disso, num prazo de 72 horas, as pessoas com as quais o paciente tenha tido contato, serão submetidas a vacinação de bloqueio.

Em 2019, foram notificados 2.055 casos suspeitos de sarampo em Minas Gerais e 132 foram confirmados. Outros 409 casos continuam em investigação. Já nos municípios que integram a área de atuação da Regional de Saúde de Montes Claros, no ano passado foram notificados 77 casos suspeitos de sarampo. 70 notificações já foram descartadas e sete casos estão em investigação.

Neste ano foram realizadas 21 notificações de casos suspeitos de sarampo em municípios que integram a área de atuação da Regional de Saúde de Montes Claros. Oito casos foram descartados e 14 estão em investigação.

Influenza

Em 2019 foram notificados 251 casos de Influenza H1N1 em Minas Gerais e foram registrados 53 óbitos. Na área de atuação da Regional de Montes Claros foram notificados 93 casos de H1N1, destes, 15 casos foram confirmados e foram registrados sete óbitos. Já neste ano estão em investigação dois casos de gripe H1N1.

Para o inverno deste ano, como estratégia para diminuir a quantidade de pessoas com gripe, o Ministério da Saúde antecipou para 23 de março o início da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza. A medida é uma forma de auxiliar os profissionais de saúde a descartarem influenza na triagem de casos para o Coronavírus

A estimativa é de que em Minas Gerais devem ser vacinadas 7 milhões de pessoas incluídas nos grupos prioritários da Campanha. Assim como em anos anteriores, por se tratar de uma campanha com grande número de pessoas incluídas como grupos prioritários, a vacina será entregue aos municípios em etapas. Primeiro, devem ser vacinadas gestantes, crianças até seis anos, mulheres até 45 dias após o parto e idosos, historicamente mais vulneráveis à doença, que pode levar até a morte.

Coronavírus

Para impedir a disseminação do novo Coronavírus, o Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da Regional de Saúde de Montes Claros alertou os profissionais de saúde quanto à importância do reforço das ações de vigilância e assistência em saúde, coleta de amostras para a realização de exames laboratoriais e implementação de ações de comunicação, com o objetivo de esclarecer a população sobre as medidas de prevenção que devem ser adotadas visando evitar a infecção pelo vírus.

O histórico de viagem de pacientes para áreas com transmissão do Coronavírus, contatos com pessoas de caso suspeito ou confirmado da doença, são fatores que os profissionais de saúde devem levar em consideração para notificar as secretarias municipais de saúde que, por sua vez, acionarão a SES-MG e o Ministério da Saúde.

Diante de caso suspeito, o serviço de saúde deverá fornecer máscara cirúrgica para o paciente e conduzi-lo para sala isolada. Já os profissionais de saúde devem utilizar equipamento de proteção individual que, com exceção da proteção ocular, deverá ser descartado após utilização.

Por Pedro Costa