O planejamento familiar como estratégia para redução da mortalidade materna, infantil e fetal. Esse foi o tema da mesa redonda realizada nesta terça-feira (22/10), durante a 5ª reunião ordinária do Comitê Regional de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, envolvendo os municípios que integram a área de atuação da Regional de Saúde de Montes Claros. O evento foi realizado no auditório do Ministério Público e teve a participação de representantes dos municípios polo de saúde, de maternidades e dos núcleos de Atenção Primária, Regulação, Redes de Atenção à Saúde, Vigilância Sanitária e do Óbito da Regional de Saúde de Montes Claros.

Crédito: Pedro Ricardo

O planejamento familiar foi abordado pelo médico da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Raimundo Nonato Lopes, pela coordenadora do Núcleo de Redes de Atenção à Saúde da Regional de Montes Claros, Ludmila Gonçalves Barbosa, e pela enfermeira obstetra e de família, Weslane Almeida Cavalcanti Magalhães, integrante da equipe de saúde do Hospital Universitário Clemente de Faria.

Ludmila Barbosa observou que os gestores de saúde precisam avaliar qual tem sido o valor do planejamento familiar no contexto dos serviços de saúde prestados pelos municípios. “O planejamento reprodutivo possibilita aos municípios organizar o atendimento pré-natal e a captação precoce de gestantes, o que viabiliza um acompanhamento mais consistente das pacientes que tenham gravidez de risco”, frisou.

A coordenadora salientou ainda que, no Brasil, 75% das gestações não são planejadas, percentual esse que em países europeus cai para 25%. “Daí a importância do reforço das ações de orientação da população quanto ao planejamento familiar e utilização de métodos anticonceptivos, contemplando principalmente os segmentos da população que têm mais dificuldade de acesso a informações”, reforçou Ludmila Barbosa.

A enfermeira obstetra Weslane Magalhães acrescentou que devido à alta rotatividade de profissionais, a capacitação constante das equipes que atuam nos serviços de Atenção Primária à Saúde dos municípios é de fundamental importância, visando evitar situações de agravos que poderiam ser prevenidas no que se refere à saúde das gestantes e dos recém-nascidos. “No contexto do planejamento familiar, os profissionais devem estar preparados para escutar mais os usuários dos serviços. Só assim será possível repassar a melhor orientação. O trabalho pode ser desenvolvido individualmente, mas os atendimentos coletivos também possibilitam o alcance de resultados positivos devido à possibilidade de troca de experiências entre os participantes”, ressaltou Weslane Magalhães.

A enfermeira observou que os serviços de saúde já dispõem de vários métodos anticonceptivos que são ofertados gratuitamente à população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “Porém, os profissionais de saúde precisam orientar os pacientes dentro de uma visão holística, contemplando a saúde física e mental, para que eles assumam as responsabilidades pela tomada de decisões”, disse.

Por sua vez, o médico Raimundo Lopes lembrou que recentemente o planejamento familiar passou a abordar a questão da sexualidade, a fim de se evitar a gravidez indesejada. “Os profissionais de saúde precisam estar preparados no sentido de orientar os pacientes quanto aos riscos que os vários métodos anticonceptivos possuem. O planejamento familiar é que gera a vida e, por isso, oferecer orientação e o acesso das pessoas aos serviços de saúde precisa se constituir numa premissa fundamental nos municípios”, reforçou Raimundo Lopes. Ele lembrou que as mulheres que, por motivos pessoais ou profissionais têm adiado a gravidez, também precisam ser bem orientadas, pois uma gestação tardia pode se tornar impossível de acontecer ou, em alguns casos, pode ser de risco para a mãe e o bebê.

Estratégias de ações

Os comitês estadual, regionais e municipais de prevenção de mortalidade materna, infantil e fetal se constituem organismos de natureza interinstitucional, multiprofissional, de caráter técnico-científico, sigiloso e educativo. Visam identificar todos os óbitos maternos e infantis e apontar medidas de intervenção para a redução dos casos na sua região de abrangência. Os comitês também se constituem instrumentos para avaliação das políticas públicas e das ações de assistência à saúde materna e infantil.

As reuniões do Comitê Regional acontecem bimestralmente, oportunidade em que são feitas análises dos casos de mortalidade materna, infantil ou fetal que porventura ocorram. Ainda durante os encontros, os membros do Comitê definem as recomendações a serem enviadas aos gestores dos municípios, que terão prazo para tomar providências, visando resolver os problemas que forem detectados.

As reuniões da secretaria executiva do Comitê acontecem todas as segundas terças-feiras de cada mês, com o objetivo de avaliar as demandas dos municípios, preparar as reuniões bimestrais e fazer análise prévia dos óbitos maternos e infantis que forem notificados na região.

Por Pedro Ricardo