A região ampliada de saúde do Norte de Minas é a primeira do interior do Estado que passa a integrar a Rede Nacional de Laboratórios para Qualificação da Carga Viral do HIV, vírus da imunodeficiência humana causador do HIV/Aids. A rede é coordenada pelo Ministério da Saúde que, juntamente com Governo de Minas Gerais por meio da Fundação Ezequiel Dias – (Funed), passou a realizar no Estado a primeira descentralização de testes para verificar a quantidade de vírus presente em amostras de sangue de pacientes portadores de HIV.

Crédito: Pedro Ricardo

Para a realização de exames, o Laboratório Macrorregional do Norte de Minas, sediado em Montes Claros, recebeu nesta quinta-feira, 29/8, equipamento do sistema GeneXpert, desenvolvido pela empresa norte-americana, Cepheid. A realização das análises será iniciada assim que o Ministério da Saúde enviar os kits para qualificação da carga viral do HIV.

O sistema é modular e permitirá que o Laboratório Macronorte realize testes de diagnóstico molecular através da PCR em tempo real. A linha de testes se baseia numa tecnologia de cartuchos onde ocorre toda a reação de extração à detecção. O processo de preparo de amostras é simples, com duração média de um minuto. De forma automatizada o equipamento tem capacidade para analisar até quatro amostras simultâneas, num prazo médio de uma hora e meia.

Para utilização da tecnologia de última geração, nesta sexta-feira, 30/8, referências técnicas da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), que trabalham no Laboratório Macrorregional, vão concluir a capacitação para utilização do sistema GeneXpert. O trabalho está sendo conduzido pela especialista de aplicações da Cepheid, Nayra Soares do Amaral, e conta com a participação das referências técnicas da SES-MG, Clarissa Fernandes Gomes; Fernanda Pinto de Oliveira e Núbia Pereira da Silva. A biomédica, Josiane dos Santos, do Laboratório Municipal do Centro de Referência em Doenças Infectocontagiosas de Montes Claros (Cerdi), também participa do treinamento.

“No Norte de Minas, a incorporação dessa nova tecnologia para avaliar a carga viral em pacientes com HIV se constitui uma iniciativa de fundamental importância. Isso porque, até então, as análises eram centralizadas no laboratório da Funed, em Belo Horizonte, o que demandava uma média de 20 dias para a liberação de resultados. Com os exames também sendo realizados em Montes Claros, o tempo de espera dos pacientes será reduzido, além de haver melhora da qualidade das amostras que não precisarão mais serem transportadas para a capital”, explica Núbia Pereira, referência técnica do Laboratório Macrorregional Norte.

O Laboratório atende demandas de municípios jurisdicionados às regionais de saúde de Montes Claros, Januária, Pirapora e Diamantina, perfazendo uma população superior a 2,1 milhões de habitantes. Em 2018, o Laboratório Macrorregional realizou mais de 32 mil exames, entre eles de tuberculose, HIV, dengue, leishmaniose visceral e tegumentar.

A biomédica Josiane dos Santos, do Laboratório do Cerdi de Montes Claros, avalia que “a descentralização dos exames para verificar a carga viral em pacientes com HIV possibilitará considerável avanço na prestação de serviços à população. Isso porque o Cerdi de Montes Claros atende demandas de 44 municípios e possui cerca de 1,5 mil usuários. Além dos exames já previstos com o atual número de pacientes, constantemente novos usuários são incorporados ao serviço e, com isso, as demandas crescem. Com a descentralização dos exames teremos condições de realizar os atendimentos e agilizar a entrega dos resultados, diminuindo com isso a ansiedade dos pacientes”, conclui Josiane.

Redução de custos

A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SES-MG em Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, também entende que a descentralização dos exames “representa uma importante conquista para pacientes de outros municípios que antes tinham que vir para Montes Claros para realizar a coleta de amostras e ainda esperavam cerca de 20 dias para receber os resultados. Aliado a isso, teremos redução de despesas com o transporte de amostras para Belo Horizonte”, conclui Agna Soares avaliando que “a descentralização do serviço traz um impacto altamente positivo para o atendimento das demandas dos pacientes”.

Já a superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques, acrescenta que “a incorporação dos exames de carga viral do HIV ao Laboratório Macrorregional do Norte de Minas se constitui uma importante iniciativa do Governo do Estado e do Ministério da Saúde, levando-se em conta a distância do Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha para Belo Horizonte. O investimento realizado na região facilitará o acesso da população a um importante serviço implementado pelo Governo através do Sistema Único de Saúde (SUS), além de agilizar o atendimento e o tratamento dos pacientes portadores de HIV”, frisa Dhyeime Marques.

Monitoramento

O monitoramento da evolução clínica das pessoas infectadas pelo vírus da Aids possibilita às equipes médicas fazer análise do momento ideal para a introdução de terapias com antirretrovirais e a efetividade do tratamento da pessoa HIV positivo. O tratamento reduz a quantidade de vírus no corpo e retarda a queda dos linfócitos.

Quando uma pessoa é infectada, o HIV invade e destrói células imunológicas, se replica e invade linfonodos, baço e outros órgãos. No início da infecção pode não haver sinais ou apenas sintomas semelhantes aos do resfriado. Com a evolução, há um enfraquecimento progressivo do sistema imunológico e o corpo fica mais suscetível às infecções, como tuberculose e micoses, além de alguns tipos de câncer, como o sarcoma de Kaposi.

A carga viral é uma avaliação quantitativa do HIV e fornece informações importantes usadas em conjunto com a contagem de linfócitos. As análises possibilitam monitorar a infecção pelo HIV; orientar o tratamento e prever a evolução futura da doença. Estudos mostram que manter a carga viral a mais baixa possível, durante o máximo de tempo, diminui as complicações e prolonga a vida dos pacientes.

Por Pedro Ricardo