Em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a Regional de Saúde de Belo Horizonte e a Prefeitura de Belo Horizonte, o Ministério da Saúde iniciou, na região Central, a terceira edição do curso “Apoio Matricial na Atenção Básica com ênfase nos Núcleos Ampliados à Saúde da Família (NASF)”, nos dias 27, 28 e 29/03. Trinta e seis cidades da região central participam da qualificação.

Créditos: Priscila Fujiwara

Minas Gerais é o estado com o maior número de equipes de NASF. São 5.523 equipes que atendem pelo menos 17 milhões de cidadãos. A terceira edição do Curso já passou pelas Regionais de Saúde de Montes Claros, Divinópolis, Governador Valadares, Ipatinga, Teófilo Otoni e Viçosa e qualificou trezentos profissionais.

O objetivo do curso é qualificar a assistência da Atenção Primária a partir do aperfeiçoamento profissional de psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, nutricionistas, farmacêuticos e educadores físicos que integram as equipes dos NASF.

O Ministério da Saúde criou o curso por reconhecer a centralidade do trabalho dos Núcleos para a ampliação e fortalecimento do cuidado integrado da saúde. Segundo o profissional da Coordenação Geral do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, Celmário Brandão, “em todo o mundo já é consenso que os Sistemas Nacionais de Saúde devem ser baseados na Atenção Básica, que é um nível de atenção e uma proposta estruturante para organização do sistema de saúde”.

Ainda de acordo com Celmário Brandão, um sistema centrado na Atenção Básica, apresenta melhores resultados em saúde para a população, pois “há uma redução de mortalidade infantil precoce por doenças cardiovasculares e a diminuição de internações”.

Na ponta, o objetivo do curso é que o cidadão seja beneficiado com um cuidado contínuo, integral e em rede, além da melhoria do acolhimento às demandas que chegam às Unidades Básicas de Saúde (UBS), complementou Janete dos Reis Coimbra, orientadora de aprendizagem pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/Fiocruz.

“Também se espera que os profissionais estejam mais aptos a lidar com a vulnerabilidade e risco à saúde aos quais as pessoas e grupos sociais estão expostos, atuando com maior resolução dos problemas de saúde da população”, destaca Janete dos Reis Coimbra.

A orientadora pontua, ainda, que uma das principais diretrizes do curso e da metodologia é o diálogo, tanto que participam do evento vários níveis de gestão dos serviços de saúde: federal, estadual, regional e municipal.

Importância do NASF na Atenção Primária

O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica foi criado pelo Ministério da Saúde em 2008. Contam com equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada com as equipes de Saúde da Família (eSF), as equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde.

Esta atuação integrada permite realizar discussões de casos clínicos por meio de um atendimento compartilhado entre profissionais, tanto na Unidade de Saúde como nas visitas domiciliares. Possibilita também a construção conjunta de projetos terapêuticos de forma a ampliar e qualificar as intervenções no território e na saúde de grupos populacionais. Essas ações de saúde também podem ser intersetoriais, com foco prioritário nas ações de prevenção e promoção da saúde.

A diretora de Políticas de Atenção Primária à Saúde da SES-MG, Susana Ximenes, afirmou que um dos objetivos da SES-MG nesta gestão é o fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família para aumentar a cobertura da Atenção Primária, que só consegue ser bem realizada se os profissionais estiverem engajados.

“O NASF é o componente da Estratégia da Saúde da Família que tem se mostrando essencial para o funcionamento de fato da Atenção Primária - que é a prevenção, a promoção da saúde. Estas são as estratégias principais para se conseguir evitar os problemas, diminuir os gastos com saúde pública, com hospitais e com emergências. Se ele está sendo acompanhando por uma equipe multidisciplinar, ele pode ter uma qualidade de vida melhor, mesmo com uma doença crônica”, explica Susana Ximenes.

A diretora também reforçou a importância da educação permanente e do curso para a qualificação do profissional do NASF: “ele precisa se apropriar do apoio matricial e de sua função multiprofissional. A educação permanente é uma ferramenta essencial no SUS. Além de manter os profissionais atualizados, melhora a organização dos processos de trabalho”.

Segundo Susana Ximenes, a equipe do NASF precisa “estar na mesma linha de pensamento, com as mesmas estratégias definidas e isso tudo é alinhado pela Educação Permanente, com as metodologias ativas de ensino e aprendizado”.

Vinte e um profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte participaram do curso. De acordo com Renata Mascarenhas, diretora de assistência à saúde da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, a qualificação vem responder às expectativas em relação ao fortalecimento da Atenção Primária e do cuidado integral com diversos olhares, experiência e especialidades, defendeu.

“O apoio matricial é uma ferramenta importante na troca de experiência e nas discussões de caso, por trazer esse olhar interdisciplinar. Só a oportunidade das equipes construírem juntos um plano para o cuidado para os nossos usuários, já é muito rico e só temos a ganhar quando temos os profissionais capacitados nesta lógica com uma ferramenta tão potente (apoio matricial) ”, afirma a diretora de assistência à saúde.

Segundo Regina Trindade, referência técnica do Núcleo de Atenção Primária à Saúde da Regional de Saúde de Belo Horizonte, o NASF tem um papel muito importante nos territórios pelo fato do trabalho de matriciamento ser realizado por profissionais de diferentes áreas de conhecimento. Isso possibilita que os municípios desenvolvam ações de promoção e prevenção à saúde que é a diretriz que fundamental da Atenção Primária. A Regional de Saúde de Belo Horizonte conta com 101 equipes de NASF em 27 municípios.

A terceira edição do curso ainda terão atividades em Passos, Poços de Caldas, Patos de Minas e Diamantina.

Por Priscila Fujiwara