Na última sexta-feira (02), foi realizada na Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerias (ESP-MG), reunião preparatória para o IV Encontro Nacional de Agroecologia (IV ENA), que com o tema "Agroecologia e Democracia: unindo campo e cidade", que será realizado ainda no primeiro semestre deste ano em Belo Horizonte/MG.

Nessa edição, pela primeira vez, a promoção da saúde será foco das discussões no campo da Agroecologia, o que segundo a pesquisadora da ESP-MG, Ana Flávia Quintão, será importante pela convergência de movimentos e ações no sentido de produzir alimentos, vidas, territórios e águas livres de agrotóxicos. “O Brasil é país que mais consome agrotóxicos no planeta terra e temos aqui agrotóxicos proibidos no resto do mundo. Esse tipo de encontro é uma possiblidade de promoção de saúde, vida e dignidade”, explica.

Ela também destaca a importância da relação entre saúde e meio ambiente para qualidade de vida. "São temas interligados, pois não existe saúde sem ambiente. Tudo que nós somos, toda nossa constituição física vem das coisas que nós retiramos do ambiente, alimento, água, o ar que respiramos. Então saúde e ambiente estão diretamente inter-relacionadas. Se nós vivemos em um ambiente tóxico e “adoecedor”, a nossa saúde está completamente comprometida, se vivemos em um ambiente saudável, temos um equilíbrio entre as relações humanas e com os outros seres vivos”, afirma.

Campo-cidade

A relação campo-cidade para o crescimento da Agroecologia é um dos assuntos discutidos, refletindo sobre o equilíbrio entre os dois territórios e os benefícios para a população.

Créditos: Ayrá Sol Soares

Segundo a Assessora Técnica da Rede de Intercâmbio de Técnologias Alternativas, Lorena Anahi é hora de se posicionar e rever conceitos. “Buscamos projetar novas formas de conexão entre o urbano e o rural, trabalhando a quebra dessa dicotomia entre campo-cidade, rural-urbano que as vezes nos coloca em movimentos que não são confluentes. Esse momento é para nos confluirmos e cada vez mais dentro do movimento agroecológico e identificarmos as possibilidades de conexão, seja pelas lutas pelos bens comuns, pelos recursos naturais, pela democracia e do acesso ao alimento sem veneno”, diz.

Expectativas

Marcos Jota, agrônomo da Articulação Mineira de Agroecologia (ANA), aponta que a escolha de Belo Horizonte para o evento é emblemática, pois a cidade tem uma trajetória de muitos anos com agroecologia, principalmente a agricultura urbana agroecológica e o estado de Minas tem muitos movimentos e organizações que a mais de 30 anos se dedicam a essa temática.

"Teremos a presença de agricultoras e agricultores do Brasil inteiro para reafirmar a importância da agroecologia, da alimentação saudável para a sociedade brasileira e também para fazer a denúncia de todas as dificuldades e crimes que nós enfrentamos relacionados a agroecologia e a necessidade da reforma agrária”, explica.

Já Maria Fernanda Moreira, cozinheira da comissão de alimentação do evento, espera que pautas do evento fortaleçam a mudança na forma de interação com o alimento que produzimos. "Minha expectativa é conseguir articular todos esses atores que têm se envolvido no âmbito da agricultura, da permacultura, alimentação e da cultura em geral. É importante pensar a alimentação como aquilo que foque na terra, na saúde, no uso da terra e até no respeito aos animais. Destaco ainda uma transformação no pensamento social sobre o fluxo de dinheiro", afirma.

O evento

O IV ENA será realizado entre os dias 31 de maio e 3 de junho de 2018 em Belo Horizonte, e irá contar com cerca de 2.000 pessoas de todos os estados do Brasil, sendo 70% de agricultores(as) familiares, camponeses(as), povos indígenas, comunidades quilombolas, pescadores(as), outros povos e comunidades tradicionais, assentados(as) da reforma agrária e coletivos da agricultura urbana; 50% de mulheres e 30% de jovens diretamente envolvidas na construção da agroecologia em contraposição ao projeto dominante imposto por grupos do capital financeiro, industrial e agrário.

GT de Agroecologia

A ESP-MG integra do Grupo de Trabalho de Agroecologia que conta com a com a presença de representantes de redes e movimentos sociais, profissionais da saúde e outras áreas, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Brigadas Populares, Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (SEDA), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura familiar (Sedraf), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Faculdade Patos de Minas (FPM), entre outras instituições que irão promover espaços ativos de interlocução com o governo do estado sobre políticas para agricultura familiar, agroecologia e segurança alimentar e nutricional.

Por Ayrá Sol Soares – ASCOM/ESPMG