Nos dias 24 e 25 de novembro, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) recebeu o V Simpósio Nacional do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), que teve como temática “Austeridade, Injustiça Social e Precarização da Saúde”, possibilitando uma reflexão sobre os desafios para o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), como um direito universal e igualitário. 

A atividade contou com o apoio da Escola e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), sendo um espaço de reflexão sobre os desafios que se apresentam no cenário brasileiro com a “mercadorização” da educação, saúde e proteção social.

O diretor-geral da ESP-MG, Edvalth Rodrigues Pereira, participou da abertura do evento e destacou o protagonismo da instituição em receber atividades de resistência como essa. “Saibam que é um orgulho para nós da Escola de Saúde receber esse importante evento do CEBES, instituição cuja missão histórica é a luta pela democratização da sociedade e a defesa dos direitos sociais. É também nossa missão como uma instituição formadora do SUS resistir. E discussões como as que teremos nesses dois dias, reforçam a nossa resistência, nossa luta para manter os avanços sociais no Brasil", disse. 
 
Os alunos das especializações em Comunicação e Saúde e Saúde Pública também participaram do simpósio, que teve a presença de profissionais da saúde pública de todo o país e de diversas instituições de ensino e pesquisa, além da presença da equipe da Fundación Soberanía Sanitaria, da Argentina, do ex-vice Ministro da Saúde da Argentina, Nicolas Kreplak e de Ênio Garcia, diretor da Escola de Governo e Cidadania em Saúde da instituição. 
 
Reflexões e desafios

De acordo com o presidente do Cebes, Cornelis Johannes van Stralen, o V Simpósio foi uma oportunidade para reflexão sobre os desafios que se apresentam nesse contexto da história do país. “Como resistir à volta de um regime universalista de proteção social, ainda em construção, mas marcado pelo reconhecimento de direitos sociais para o velho regime liberal da “mercadorização” da educação, saúde e proteção social e como nos inserirmos na luta coletiva travada por tantas outras entidades e movimentos contra as forças visíveis e invisíveis que com tanta velocidade estão destruindo melhorias sociais”, explicou. 

Zélia Profeta, diretora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas), o cenário político-econômico atual do país vai ao encontro da temática do Simpósio. Este evento traz essa discussão importante dos vários engodos, bem como o questionamento que precisamos aprofundar: quais são as bases que nós temos para resistir?”, disse.

A pesquisadora ainda ressaltou a importância da Escola: “Sempre que posso agradeço muito a parceria que temos com a ESP-MG, e que tem sido extremamente importante para a Fiocruz, uma troca rica de conhecimento, experiência e oportunidades”, afirmou.

Representando a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a professora Eli lôla Gurguel parabenizou as instituições envolvidas na realização da atividade, bem como a abordagem. “Esse tema é muito instigante em função do momento atual que vive o sistema público de saúde. São assuntos que nós, da área da saúde, já discutíamos com outros recortes na década de 1970. O SUS precisa se fortalecer nos direitos sociais e na democracia e, para tanto, é preciso que haja reflexões como esta”, enfatizou.

Participação popular

O estudante de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), André Almeida, participante do evento, destacou a importância de a população conscientizar-se sobre a saúde pública do país. “É sempre importante debater o tema ainda mais dada a conjuntura atual. É preciso entender o pensamento político da construção da ideia de saúde, sendo a saúde um campo que interfere diretamente na vida da população”, afirmou.

Já o advogado Fabrício Souza, falou sobre as políticas públicas. “Procuro sempre me interessar por políticas públicas e tudo aquilo que está relacionado ao exercício da cidadania das pessoas. A saúde figura como um desses direitos sociais, então me interesso muito. É fundamental nos envolvermos nessas discussões e nas ações sociais necessárias”, defendeu.

 
Programação
 
Durante os dois dias de evento, os participantes debateram temas como “A crise financeira internacional: o engodo das políticas de austeridade”, “Brasil: a volta ao passado, o welfare state liberal e a ambiguidade do SUS”, além de assistirem ao monólogo “Camille Claudel”, com a atriz Ivana Andrés, que aborda dois eixos de conflito: a repressão sobre a mulher e a loucura – ou o que a sociedade considerou como loucura. O final da atividade foi marcado pela eleição da nova Diretoria do Cebes (2018-2020).

Cebes

O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde é uma entidade nacional criada em 1976, cuja missão histórica é a luta pela democratização da sociedade e a defesa dos direitos sociais, em particular o direito universal à saúde. Como espaço plural suprapartidário, o Cebes reúne ativistas, lideranças, pesquisadores, professores, profissionais e estudantes. Saiba mais: http://cebes.org.br/

 

Por Jéssica Torres / ESP-MG