A Mpox é uma doença causada pelo monkeypox vírus. O nome deriva da espécie de primata em que a doença foi inicialmente descrita, em 1958, na República Democrática do Congo, na África. É uma doença zoonótica que ocorre principalmente em áreas endêmicas, de floresta tropical da África Central e Ocidental, e é ocasionalmente exportada para outras regiões. Sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal ou humano infectado, bem como com material corporal humano contendo o vírus.
O vírus Mpox pertence ao gênero Orthopoxvirus na família Poxviridae. Apesar do nome da doença, os primatas não-humanos como macacos, micos, entre outros, não devem sofrer qualquer tipo de agressão: eles não são suspeitos de serem reservatórios do vírus e não têm relação com o surto atual da doença.
Os sinais e sintomas duram de 2 a 4 semanas. Na pele, surgem lesões de consistência mais dura, visíveis e elevadas; a febre tem início súbito e há presença de inchaço dos gânglios, popularmente identificado como ínguas, sendo essa uma característica clínica importante para distinguir a Mpox de outras doenças. Outros sintomas incluem dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, calafrios e exaustão. O período de incubação é tipicamente de 6 a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias. Quando a crosta desaparece, a pessoa deixa de infectar outras pessoas.
A pessoa de qualquer idade que, a partir de 15 de março de 2022, apresente início súbito de febre, inchaço dos linfonodos (ínguas, caroços) do pescoço e, principalmente, as lesões na pele deve procurar um serviço de saúde para avaliação.
A varíola humana não é a Mpox. A Monkeypox é uma doença endêmica ocorrida em países da África, enquanto que a varíola humana foi declarada erradicada pela Organização Mundial da Saúde em 1980. Destaca-se que a varíola humana é causada pelo vírus do gênero Orthopoxvirus e família Variolae e a Monkeypox é causada pelo monkeypox vírus do mesmo gênero e da família Poxviridae.
A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal com as lesões de pele ou com secreções respiratórias de pessoas infectadas, bem como com objetos recentemente contaminados. O vírus também pode infectar as pessoas por meio de líquidos corporais. Trata-se de uma doença que exige, geralmente, contato muito próximo e prolongado para transmissão de pessoa a pessoa (por exemplo, face a face, pele a pele, boca a boca, contato boca a pele, inclusive durante o sexo).
Mesmo não tendo como característica a rápida disseminação, o vírus possui potencial de causar epidemias.
A transmissão via gotículas usualmente requer contato mais próximo entre o paciente infectado e outras pessoas, o que torna trabalhadores da saúde, membros da família e contatos próximos das pessoas doentes mais vulneráveis ao risco de contaminação.
O tratamento da Mpox é baseado em medidas com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações, além de evitar sequelas. Em caso suspeito da doença, deve ser realizado o isolamento imediato do indivíduo, o rastreamento de contatos e vigilância adequada dessas pessoas. O período de isolamento individual só deverá ser encerrado com o desaparecimento completo das lesões.
O diagnóstico da doença Mpox é realizado com exame laboratorial, por teste molecular ou sequenciamento genético, que deverá ser realizado em todos os pacientes enquadrados na definição de caso suspeito. A coleta de material para exame é feita pelo profissional de saúde no atendimento ao paciente. Nas unidades básicas de saúde, a coleta e o encaminhamento do material para exame são feitas gratuitamente. A amostra a ser analisada deve ser coletada, preferencialmente, da secreção da lesão. Quando as feridas já estão secas, o material a ser encaminhado são crostas dessas lesões. As amostras são direcionadas para os Laboratórios de Referência – em Minas Gerais é a Fundação Ezequiel Dias (Funed).
A vacinação universal não é preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em países não endêmicos da doença, como o Brasil. O Ministério da Saúde está em contato com a OMS para discutir o cenário epidemiológico da Monkeypox e o processo de aquisição de vacinas, de forma que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) possa definir a estratégia de imunização para o Brasil. Existem atualmente duas empresas que produzem essas vacinas. Uma delas utiliza um método de aplicação chamado escarificação e a outra por injeção intramuscular. A Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) está em tratativas com o fabricante para que, o mais breve possível, essas vacinas estejam disponíveis.
Na maioria dos casos, os sintomas desaparecem naturalmente em poucas semanas. No entanto, é possível a ocorrência de casos graves e óbitos, normalmente em pacientes com outras doenças ou imunossuprimidos.
Porque foi identificada pela primeira vez em colônias de macacos mantidas para pesquisa em 1958. Só mais tarde foi detectada em humanos, em 1970. Embora tenha sido inicialmente detectado neste grupo de animais, o surto atual não tem relação com ele e, no momento, o reservatório não está definido.
Para evitar que haja um estigma e ações contra os primatas não-humanos ou desvio no foco das ações de vigilância epidemiológica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) optou por denominar a doença como Monkeypox inclusive para a Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
A transmissão do vírus Mpox pode ocorrer quando uma pessoa ou animal susceptível entra em contato com o vírus de outro animal, humano ou materiais contaminados com o vírus. A transmissão de humano para animal foi relatada, na França, no caso de um cão doméstico de estimação que teve contato próximo com seus donos que eram sintomáticos. O cão apresentou lesões mucocutâneas e testou positivo para a doença. No Brasil, há um caso relatado de transmissão de humano para cão doméstico, em Juiz de Fora (MG). A infecção entre animais domesticados, como cães e gatos, nunca foi relatada.
Nas áreas endêmicas para o vírus Mpox, localizadas em países da África Central e Ocidental, ocorre transmissão de animais infectados para humanos ou outros animais susceptíveis por inoculação direta através de mordidas, arranhões ou por contato direto com os fluidos corporais e/ou a carne de um animal infectado durante a caça e outras atividades envolvendo espécies animais susceptíveis.
A Sociedade Brasileira de Primatologia/SBPr reforça que o atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos.
Em áreas endêmicas para o vírus Mpox, vários mamíferos selvagens foram identificados como susceptíveis ao vírus. Isso inclui esquilos de corda, esquilos de árvore, ratos gambianos, arganazes e primatas não-humanos, entre outros. Embora possa depender da via de transmissão e da dose infecciosa, algumas espécies são assintomáticas, principalmente espécies suspeitas de serem reservatórios (roedores). Outros mamíferos, como macacos e grandes símios, apresentam erupções cutâneas semelhantes às de ocorrência em humanos.
A infecção por Mpox também foi relatada, nos EUA, em cães de pradaria de estimação (roedores do gênero Cynomys), que foram inicialmente infectados por roedores importados e, mais recentemente, em um cão doméstico de estimação (gênero Canis), na França, como resultado da transmissão de humano para animal.