As festas juninas já tomaram conta dos meses de junho e julho em Minas Gerais com suas tradicionais barraquinhas, quadrilhas, quentão, pipoca, caldo de feijão e mandioca. Mas, para não perder as festas de Santo Antônio, São João e São Pedro é preciso não se descuidar na hora do preparo e do consumo de alimentos típicos dessa época.

A diretora de Vigilância em Alimentos e Vigilância Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Ângela Vieira, lembra que nesta época do ano são comuns os casos de infecções intestinais ou intoxicações provocadas por bactérias que proliferam nos alimentos contaminados. Mas, apesar de perigosas, essas doenças podem ser evitadas observando os cuidados necessários para a aplicação de normas de boas práticas de manipulação e de preparo dos alimentos.

“Todo cuidado é pouco com as comidas juninas, porque elas são preparadas com ingredientes, geralmente, muito perecíveis. E é importante, então, ficar atento às condições de higiene e limpeza do local de preparo desses alimentos, à temperatura de armazenamento, à temperatura de exposição. É importante também observar o prazo de validade dos quitutes que já vêm embalados”, alerta a diretora.

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Durante os eventos, caso o consumidor observe algum tipo de irregularidade sanitária, deve acionar a Vigilância Sanitária (Visa) do município, fornecendo o máximo de informações. Além disso, o Procon municipal, serviço de proteção e defesa do consumidor, também pode ser acionado.

Fique atento!   

As comidas juninas típicas são mesmo uma verdadeira tentação e um convite para o consumo. Mas alguns cuidados devem ser observados no preparo, exposição, comercialização e consumo para evitar possíveis problemas de saúde. A Vigilância Sanitária recomenda que nos locais onde são manipulados, preparados e comercializados esses alimentos, a higiene seja priorizada.

Para quem os está manipulando, a higiene pessoal também é um ingrediente que não pode faltar. Os trabalhadores devem estar em perfeitas condições de saúde, isentos de doenças infectocontagiosas, afecções cutâneas e feridas.

Algumas dicas para o profissional que atua com a produção do alimento são: usar uniformes compostos de gorro, touca ou rede, protegendo todo cabelo, e bata ou avental de cor clara, mantidos fechados, limpos e em condições de uso. Além disso, é necessário manter as unhas curtas e limpas; não usar pulseiras, anéis e outros adornos; realizar lavagem rigorosa das mãos com água e sabão antes de manipular os alimentos e após usar o sanitário.

O espaço de preparo deve estar limpo, organizado e sem presença de animais, insetos ou roedores. A lixeira deve ter tampa e pedal, e estar distante dos alimentos.  O lixo deve ser recolhido e removido quantas vezes forem necessárias.

  1. in natura (frutas, verduras e legumes) não devem estar dispostos diretamente sobre o chão. Devem estar sobre estrados, prateleiras ou caixas plásticas. Todo alimento (salsichas, linguiças, leite, gelo, pães etc.) que for adquirido para preparo das delícias deverá ser de procedência. Isso significa que deve apresentar rótulo constando nome e endereço do fabricante e número do registro do órgão sanitário competente, data de fabricação e prazo de validade.

Outras orientações:

        Os alimentos acondicionados sob refrigeração e nos freezers devem estar em recipientes atóxicos com tampa (plástico, vidro ou inox) e/ou em sacos plásticos transparentes próprios para alimentos;

        Não colocar alimentos crus em contato com alimentos cozidos;

        Os enlatados, após abertos, quando não forem totalmente utilizados, devem ser transferidos para recipientes plásticos, vidros ou inox (todos com tampa) e mantidos sob refrigeração;

        Os molhos (catchup, maionese e outros), bem como milho verde, ervilhas, entre outros destinados à preparação de cachorros-quentes, deverão ser mantidos sob refrigeração. Os molhos devem ser oferecidos na forma de sachê individual;

        Os espetinhos de carnes, frango e queijo deverão ser mantidos sob refrigeração e assados conforme o pedido do consumidor, não devendo ser assados em grandes quantidades e nem ficar expostos à temperatura ambiente;

        As frutas carameladas (maçãs do amor, uvas etc.) deverão ser previamente lavadas e imersas em solução clorada por 30 minutos antes de serem preparadas. Devem ser expostas dentro de bandejas e protegidas;

        O alimento não deverá ser preparado na barraca, admitindo-se apenas a fritura, o cozimento e a montagem de sanduíches e tira-gostos;

        Preparações quentes devem ser mantidas bem aquecidas, ou serem refrigeradas e aquecidas ao servir;

        Pia com sabonete líquido e toalha de papel e/ou álcool em gel devem estar disponíveis para higienização das mãos dos funcionários e clientes.

No momento da compra

Na hora de comprar os alimentos, as pessoas também devem ter cuidado. É preciso estar atentas às condições de higiene e limpeza do local de venda dos produtos, à disposição e armazenamento dos alimentos, à temperatura ambiente, à vestimenta dos vendedores e ao prazo de validade dos quitutes da época.

Na compra de milho in natura, o ideal é escolher espigas inteiras, com cascas íntegras, verdes, grãos firmes e sem pontos de bolor, mantidas em local fresco e seco, sem contato direto com o piso. No caso do milho cozido, ele deve ser servido à temperatura superior a 60ºC para evitar a contaminação.  Uma dica é observar a presença de vapor nos panelões, que pode indicar que a temperatura está adequada. Já o milho assado, é melhor escolher aqueles que estiverem dourados e evitar os de cor muito escurecida.

Os churrasquinhos industrializados, queijo coalho e cachorro-quente merecem atenção e cuidado em relação ao seu preparo, que deve ser feito no momento do pedido. Deve-se evitar aqueles já expostos à temperatura ambiente.

Cuidado com os excessos!

Ângela Vieira lembra que as comidas juninas normalmente são muito calóricas e, quando consumidas em grandes quantidades, contribuem para aumentar o nível de gordura e de açúcar no sangue e o aumento de peso. “Se na festa houver algum exagero, não deixe de retomar o controle alimentar nas refeições seguintes. Não precisa exagerar, porque no ano que vem tem mais! Com direito a toda alegria e às mesmas guloseimas”, brinca.

Vigilância Sanitária

A Vigilância Sanitária está presente em todos os municípios mineiros e é responsável por garantir que os produtos, serviços e ambientes estejam seguros e atendam aos padrões de qualidade. Isso significa que ela avalia desde a produção e comercialização de alimentos, até a qualidade da água e a higiene dos estabelecimentos comerciais para maior segurança.

“Cozinhas industriais, restaurantes, lanchonetes, hotéis e refeitórios de empresas são inspecionados pela vigilância sanitária para garantir as boas condições destes estabelecimentos onde os alimentos são produzidos ou servidos. São avaliados itens como armazenamento, temperatura, validade e transporte, entre outros. A vigilância sanitária também fiscaliza mercados e feiras para garantir a qualidade dos alimentos comercializados e a higiene dos estabelecimentos”, explica Ângela Vieira.

Por meio de inspeções, fiscalizações e normas regulatórias, a vigilância sanitária busca prevenir doenças, reduzir riscos à saúde e promover o bem-estar da população. A vigilância avalia as condições dos produtos e serviços no momento da inspeção e cabe aos responsáveis pelos estabelecimentos garantirem que essas condições permaneçam adequadas mesmo após a inspeção e liberação do alvará sanitário.

Se tem saúde, tem Visa!

Por Jornalismo SES-MG