Proteger cães, gatos e quem convive com eles. Esse é o objetivo da campanha de vacinação antirrábica. Com a meta de vacinar pelo menos 80% das populações canina e felina, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) iniciou em 1º de julho a campanha que ocorre até 30 de setembro em todo o estado. Na área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Belo Horizonte, composta por 39 municípios da região central, foram disponibilizadas 730.000 doses da vacina antirrábica animal.

A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS BH, Talita Chamone, esclarece que todos os municípios da área de abrangência da regional receberam seringas, agulhas e a doses de vacina contra raiva – insumos necessários para realização da campanha de vacinação antirrábica canina e felina. “A vacinação é muito importante e necessária para manter a doença sob controle e evitar a raiva nos cães e gatos e impedir que transmitam o vírus da raiva para os seres humanos”.

17.07.2024-Vacinação Antirrábica-Leandro Heringer

Nesse sentido, a médica veterinária e Assessora Técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, Lorena Macedo, destaca a presença da raiva em mais de 150 países, sendo 95% dos casos na África e na Ásia. “Nesses países de maior incidência da doença, mais de 90% dos casos são devido às mordeduras de cães. Por causa da vacinação de animais domésticos no Brasil, essa estatística não ocorre no nosso país”.

Macedo aponta que a campanha de vacinação antirrábica no Brasil tem como meta 80% de cobertura, o que representa um percentual maior do que o preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a assessora técnica, ter uma meta local maior é um bom indicativo de garantir o maior número possível de animais vacinados. “Apesar de a raiva ser uma doença totalmente evitável, cerca de 60.000 pessoas são vítimas da sua ira todos os anos. Vacinar os animais domésticos, especialmente cães e gatos, é de extrema importância para manter os animais saudáveis e, consequentemente, as pessoas seguras da doença”, esclarece.

A preocupação com a saúde e a prevenção à doença leva a farmacêutica, contadora e moradora de Belo Horizonte, Denise Santos de Pontes, tutora de 6 cães, a vaciná-los periodicamente como um ato de amor e proteção. “A vacinação contra a raiva deve ser feita anualmente, não podemos vacilar. Quem ama, cuida!”.

Tutora de duas cadelas, Amora e Mel, a técnica administrativa Cristiane Cândido, 43, concorda com Denise sobre a importância de levar os pets para vacinar. “É muito importante estar em dia com a vacinação dos bichinhos pois é um cuidado com eles, conosco e para com os outros também”, disse.

O papel da comunicação é fundamental, de acordo com o médico veterinário e assessor técnico do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-MG), Messias Lobo. “O Conselho entende que a comunicação, associada às ações continuadas de educação em saúde, é de fundamental importância para que a sociedade possa ser esclarecida e ter uma melhor percepção do que são as zoonoses e venha a entender a importância da adoção de medidas preventivas”, destaca.

Lobo salienta que, segundo dados da OMS, mais de 60% das doenças infecciosas são zoonoses. “Diante desse dado, o que percebemos é que a sociedade possui pouca ou nenhuma informação sobre estas doenças. E a consequência disso é a baixa efetividade de muitas das ações de enfrentamento desse tipo de enfermidade”, analisa.

Dados regionais
Em 2023, nos 39 municípios da Regional BH, na região central de Minas Gerais, foram vacinados 525.285 cães (68% de cobertura vacinal) e 90152 gatos (114% de cobertura vacinal).

Ocorrência histórica
No passado, o Brasil apresentou um número razoavelmente alto de casos de raiva humana. Em 1990, por exemplo, foram 73 casos da doença no país. Os casos em Minas Gerais e no Distrito Federal, em 2022, acendem o sinal de alerta para agir, informando a população sobre a gravidade da doença, gerando acesso às medidas de controle e vacinação na pré e pós-exposição, para evitar o surgimento de novos casos e mortes.

Segundo o Manual do Vacinador da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, os sintomas da raiva animal são: o animal modifica o comportamento, normalmente para de comer; esconde-se em locais mais escuros e tenta beber água, mas não consegue engolir.

O animal também pode procurar fugir de onde está preso e morde tudo que vê pela frente (objetos, animais e pessoas). Um dos sintomas mais conhecidos é babar e o latido ficar rouco e prolongado, parecendo um uivo.

Transmissão
É por isso que a vacinação contra a raiva é essencial não só para cães e gatos, como também para seres humanos que tenham contato com animais de qualquer tipo. A vacinação é a melhor forma de prevenir a difusão da raiva e os animais domésticos devem ser vacinados pelo menos uma vez por ano.

Sintomas
A raiva também pode ser chamada de hidrofobia e é uma doença de caráter infeccioso que é causada por um vírus do gênero Lyssavirus. Esse vírus é capaz de comprometer gravemente o sistema nervoso central, causando grande inchaço no cérebro e, por isso, a raiva é considerada uma doença grave, com um alto nível de letalidade.

O inchaço no cérebro e a inflamação no sistema nervoso central são as principais características da raiva, causando os sintomas da doença.

Entre os principais sintomas de raiva, destacam-se: confusão mental; excitabilidade excessiva; agressividade; alucinações; espasmos musculares; febre; convulsão; babar em excesso; dor onde a mordida ou lambida aconteceu; dificuldade para engolir; mal-estar; febre; dor de garganta; náuseas; perda do apetite; perda de sensibilidade em um dos lados do corpo; sensações de agitação, irritabilidade, angústia e ansiedade.

Esses sintomas são progressivos e evoluem por cerca de uma semana, conforme o vírus se instala no cérebro. Os espasmos musculares acabam fazendo com que o paciente fique paralizado e deixe de, entre outras atividades, comer, excretar e respirar, o que é capaz de levá-lo ao óbito.

Tratamento
A raiva não tem cura para praticamente 100% dos casos e sua evolução é muito rápida. Entre o começo dos sintomas e o estado de paralisia, podem se passar apenas sete dias. É por conta disso que, assim que um indivíduo é mordido, lambido ou arranhado por um animal (urbano ou silvestre), é preciso lavar o local com água e sabão e procurar atendimento médico o mais rápido possível.

A vacina e o soro são capazes de impedir que o vírus avance até o sistema nervoso central, mas, uma vez que a doença se instala, é impossível contê-la, por isso a importância do atendimento médico para avaliação.

Por Leandro Heringer / Fotos: Leandro Heringer