A Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira, por meio do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) e da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde (Cras), promoveu no dia 4/7, a oficina de capacitação "Monitoramento das Estratégias de Vacinação (MEV) contra a poliomielite e o sarampo no Brasil" no auditório da Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira (Funcesi). O evento foi uma réplica da oficina estadual realizada em junho, em Belo Horizonte. A oficina regional foi destinada às referências técnicas em imunização, Atenção Primária à Saúde (APS) e Vigilância Epidemiológica dos municípios das microrregiões de saúde de Guanhães, Itabira e João Monlevade.

De acordo com Aline Fernandes, coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da GRS Itabira, a oficina teve como objetivo capacitar os profissionais de saúde para a realização do monitoramento em seus municípios, onde deverão avaliar a situação vacinal de crianças menores de 5 anos, considerando o esquema primário para poliomielite e a primeira e a segunda doses da vacinação contra o sarampo, conforme amostra definida.

Aline Fernandes, coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da GRS Itabira

A coordenadora destaca que os municípios deverão também buscar o fortalecimento das estratégias para aumentar as coberturas vacinais contra essas doenças, representando uma oportunidade adicional para identificar lacunas na cobertura vacinal e vacinação das crianças ainda não vacinadas, e possíveis ações necessárias para aumentar as coberturas vacinais, incluindo a qualificação dos serviços e a ampliação do acesso.

“Temos uma preocupação devido aos alertas de casos de emitidos para a região das Américas, sendo que os resultados do monitoramento auxiliarão na avaliação do risco de exposição da população a essas doenças, uma vez que permitirão mapear áreas com bolsões de pessoas suscetíveis pela não vacinação”, explicou Aline Fernandes.

Andressa Nunes, referência técnica da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde da GRS Itabira, explicou que o Monitoramento das Estratégias de Vacinação (MEV) é uma iniciativa conjunta entre a vigilância epidemiológica e a atenção primária à saúde. Diferente dos monitoramentos anteriores, que eram realizados após campanhas de vacinação, o MEV atual trabalha com uma amostra específica da população.

Andressa Nunes, referência técnica da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde da GRS Itabira

“Essa abordagem permite uma análise mais detalhada e precisa da cobertura vacinal, identificando áreas com baixa imunização e possibilitando a implementação de ações corretivas para aumentar as taxas de vacinação”, destacou Andressa. Ela ressaltou que a parceria entre os diferentes setores de saúde é fundamental para o sucesso desta estratégia, garantindo uma resposta coordenada e eficiente na proteção da população contra doenças imunopreveníveis.

Durante sua apresentação, a referência técnica também destacou sobre os recursos necessários para a execução das ações pela atenção primária e enfatizou a importância do registro no sistema e-SUS APS. “Esse registro é crucial para garantir o sucesso do trabalho, permitindo uma análise precisa e a implementação eficaz das estratégias de vacinação”, finaliza Andressa Nunes.

A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Aline Fernandes, acrescentou que as orientações do Ministério da Saúde (MS), especialmente devido aos alertas epidemiológicos sobre a circulação do poliovírus no Peru, com caso registrado em 2023, e a reintrodução do sarampo, com um caso confirmado no Rio Grande do Sul em 2024. “Esses alertas reforçam a importância da intensificação da vigilância e vacinação”, conclui Aline.

A estratégia, proposta pelo Ministério da Saúde, será executada nos municípios até 31 de julho de 2024, com início em 17 de junho. Os dados do monitoramento, incluindo boletins de visitas domiciliares e doses aplicadas, devem ser registrados até 31 de agosto de 2024.

Poliomielite
O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a certificação de área livre de circulação do Poliovírus Selvagem (PVS). Para manter essa certificação, o Brasil deve alcançar e manter as metas de cobertura vacinal alta e homogênea, indicadores de vigilância epidemiológica das paralisias flácidas agudas (PFA) e a contenção laboratorial do poliovírus, entre outros requisitos.

Nos últimos dois anos, o país foi classificado como de muito alto risco (2022) e alto risco (2023) para a reintrodução do poliovírus selvagem e o surgimento de poliovírus derivado vacinal.

Sarampo
O sarampo, uma doença em processo de eliminação, teve seu vírus reintroduzido no Brasil em 2018. Devido às baixas coberturas vacinais, a doença se disseminou pelo país, levando à perda da certificação de "área livre do vírus do sarampo" em 2019, após a circulação do mesmo genótipo do vírus por um ano. Esse cenário restabeleceu a transmissão endêmica da doença no território nacional.

Entre 2019 e 2022, o Brasil registrou 29.712 casos confirmados de sarampo. O último caso foi registrado em junho de 2022. Com mais de 23 meses sem novos casos confirmados, foi possível interromper a cadeia de transmissão da doença. Em 2023, o país não teve registros de casos de sarampo, consolidando um período significativo de controle.

No entanto, em janeiro de 2024, o Brasil registrou um caso importado de sarampo. Esse episódio ressalta a importância contínua das medidas de vigilância epidemiológica e da manutenção das altas coberturas vacinais para evitar novas reintroduções e proteger a população contra a doença.

Por Flávio A. R. Samuel / Fotos: Arquivo Nuvepi - GRS Itabira