Mais de 500 cirurgiões-dentistas, enfermeiros, agentes comunitários de saúde e técnicos de enfermagem de 86 municípios do Norte de Minas participaram na sexta-feira, 5 de julho, do webnário “O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê”, promovido pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, com a participação das Gerências Regionais de Saúde (GRS) de Januária e Pirapora. A iniciativa integra as ações do “Julho Verde”, com o objetivo de reforçar a importância dos serviços de atenção primária à saúde na detecção precoce do câncer de cabeça e pescoço.

“O trabalho dos agentes comunitários de saúde e dos demais profissionais que compõe as equipes de atenção primária na detecção precoce de casos de câncer deve ser rotineiro e não apenas pontual nos meses de julho e novembro, quando o tema é abordado com maior evidência”, destacou a odontóloga Denise Maria Lúcio da Silveira, referência técnica da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da SRS de Montes Claros.

Na avaliação da referência técnica, pelo fato de terem amplo conhecimento dos territórios onde atuam, os agentes comunitários de saúde “tem precioso trabalho a desempenhar, pois realizam visitas de casa em casa e acompanham a rotina da população. Por isso, aliado às ações de promoção da saúde, orientando a população a evitar o tabagismo e o consumo de álcool, os serviços de atenção primária devem investir nas ações de prevenção contra o câncer, repassando informações sobre a necessidade de melhoria da alimentação e encaminhamento de pacientes para atendimento nas unidades de saúde em caso de suspeita de desenvolver câncer”.

A também odontóloga, Cristina Paixão Durães, que atua no segmento de odontologia hospitalar e reabilitação de pacientes oncológicos, reforçou que “para os serviços de atenção primária à saúde desempenharem um trabalho eficiente na detecção precoce de casos de câncer, os profissionais precisam estar capacitados, para que levem os pacientes para o atendimento nos lugares corretos. Isso porque, quanto menor for o tumor, menor será a mutilação”.

Segundo Cristina Durães, “dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, até 2030, o câncer se tornará a principal causa de óbitos, ultrapassando os problemas cardíacos. Por isso, conscientizar a população para evitar o consumo de cigarro associado a álcool é de fundamental importância, pois isso aumenta em até sete vezes o risco de uma pessoa desenvolver algum tipo de câncer”, alertou a especialista.

Além disso, a exposição das pessoas ao sol, sem uso de filtro solar; alimentação pobre em nutrientes e o vírus HPV, também constituem algumas das principais causas de câncer. “Por isso, o trabalho dos profissionais que atuam nos serviços de atenção primária à saúde, no atendimento das pessoas que apresentam queixas de problemas de saúde por mais de quinze dias é importante no sentido de viabilizar o diagnóstico precoce. Entre as políticas públicas de saúde que os serviços de atenção primária devem executar está a busca ativa das pessoas com suspeita de terem desenvolvido algum tipo de câncer, para que o encaminhamento aos serviços especializados aconteça o mais precocemente possível”, reforçou Cristina Durães.

Cenário

Entre 2019 e junho deste ano o Painel Oncologia Brasil aponta que em Minas Gerais foram diagnosticados 13.116 casos de câncer de cabeça e pescoço. Em 2023 foram diagnosticados 2.668 casos. Já nos primeiros seis meses deste ano surgiram 389 novos diagnósticos para a doença.

Já no Norte de Minas, entre 2019 e junho deste ano o Painel Oncologia Brasil aponta que foram diagnosticados 1.195 casos de câncer de cabeça e pescoço. Isso representa 9,11% das notificações registradas no estado.

Na macrorregião Norte as regiões de saúde que tiveram maior quantidade de câncer de cabeça e pescoço detectados entre 2019 e os seis primeiros meses deste ano foram: Montes Claros (362); Janaúba/Monte Azul (168); Brasília de Minas (128); Taiobeiras (101); Pirapora (83); São Francisco (69); Januária (67); Coração de Jesus (51); Bocaiúva (46); Salinas (45); Francisco Sá (44) e Manga (31).

Por Pedro Ricardo