Nesta quarta-feira, 5 de junho, é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972, tem como objetivo principal conscientizar a população a respeito da importância de preservar os recursos naturais. Na Fundação Ezequiel Dias (Funed), são várias as frentes de atuação dos setores para minimizar os impactos ambientais dos serviços e produtos aqui gerados. Uma delas diz respeito aos recentes projetos desenvolvidos pela equipe do Serviço de Controle Físico-Químico (SCFQ), da Divisão de Controle de Qualidade, da Diretoria Industrial.

A área desenvolveu duas metodologias para análise de fenol por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), que eliminarão o uso de reagentes tóxicos contendo bromo, ferrocianeto de potássio, 4-aminoantipirina, clorofórmio e ácido bórico. Ou seja, nas novas metodologias propostas, o simples fato de alterar a forma como o fenol é preparado para análise, faz com que os resíduos deixem de ser gerados.

Para o chefe do SCFQ, Tiago Aparecido da Silva, a reflexão acerca do trabalho realizado diariamente deve sempre fazer parte do dia a dia das pessoas para que novas ideias possam surgir. Um dos projetos foi desenvolvido pelo próprio servidor em parceria com o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), e Centro Federal de Educação tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), ao longo de seu mestrado. Tal projeto teve como objetivo elaborar um método alternativo ao método preconizado pela Farmacopeia Brasileira para quantificar o fenol em soros hiperimunes para uso humano.

Já o outro projeto, foi proposto por uma estagiária do setor como Trabalho de Conclusão do Curso de Química Tecnológica pelo CEFET-MG, e diz respeito a uma etapa anterior à da produção dos soros em si. Vitória Pagotto Lassandro, vendo que era possível eliminar o uso de reagentes utilizados para a análise de fenol utilizado como matéria-prima para a produção dos soros hiperimunes, desenvolveu uma metodologia que, assim como a proposta por Tiago, também eliminou a geração de resíduos na quantificação do fenol. Essa proposta é também é apresentada como uma alternativa ao método farmacopeico até então utilizado em todo o Brasil.

Ganhos práticos e ambientais
O chefe do SCFQ conta que as propostas possuem duas vertentes, sendo ambas altamente positivas. “Além de resultados mais confiáveis, uma vez que as comparações que aqui realizamos mostraram que os métodos alternativos são mais precisos e exatos que os métodos farmacopeicos e apresentam menor incerteza de medição, há também os ganhos ambientais. Conseguimos eliminar a geração de resíduos tóxicos dos processos, como bromo, clorofórmio e dicromato de potássio, sendo o último muito reativo quando em contato com o meio ambiente, e extremamente tóxico por conter cromo”, conta Tiago da Silva. Além disso, o chefe do setor menciona as vantagens em termos laborais, uma vez que os doseamentos deixarão de ser feitos totalmente na bancada, de forma manual, e passarão a ser feitos, em grande parte, por meio de um maquinário.

Para o técnico em Meio Ambiente do Serviço de Gestão Ambiental da Funed, Otávio Dias, a eliminação ou substituição de reagentes químicos nas atividades de laboratório da instituição contribui para a redução do custo para o tratamento desse tipo de resíduo e promove a melhoria das boas práticas de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. Outra contribuição dessas iniciativas diz respeito ao atendimento de alguns condicionantes do licenciamento ambiental da instituição, definidos pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.

“Os dois projetos são exemplos de como um olhar diferenciado para uma atividade de rotina pode mudar todo o processo. Por executarmos as mesmas atividades, dia após dia, podemos não perceber que propor novas ideias pode trazer benefícios a longo prazo. E é exatamente essa a reflexão que queremos para o Dia Mundial do Meio Ambiente. Se cada um, mesmo com atitudes simples, fizer a diferença em seu setor, não somente a Funed como o meio ambiente como um todo pode se beneficiar”, ressalta Otávio.

Fato esse que também é reforçado pelo chefe do SCFQ, que comenta o que é hoje denominado “química verde”, que nada mais é que uma maior consciência ambiental de quem trabalha com análises. “Nós partimos de algo que já estava enraizado há anos, uma vez que a atual metodologia farmacopeica, é regulamentada desde 1996, pela Portaria N° 174, publicada no mesmo ano . O método atende, mas vimos que ele tinha potencial para melhorar. O que nós fizemos foi pensar não apenas na questão da execução do processo, como na redução do uso de reagentes tóxicos. E pensar ‘fora da caixa’ pode, inclusive, trazer como resultado a proposição de um método farmacopeico alternativo”, frisa Tiago.

Próximos passos

A área aguarda os resultados da inspeção na Fábrica de Soros da Funed para que os métodos propostos possam ser implementados internamente. Com a aprovação interna, dos demais setores envolvidos, será sugerido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a inclusão dos métodos propostos como métodos farmacopeicos alternativos.

Caso aprovadas essas mudanças na Farmacopeia Brasileira, as novas metodologias poderão ser utilizadas por outras instituições como Instituto Butantã, em São Paulo, Instituto Vital Brasil, no Rio de Janeiro, e no Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI), no Paraná.

Por ASCOM Funed