As Coordenações de Redes de Atenção à Saúde (CRAS) e de Vigilância em Saúde (CVS) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Juiz de Fora realizaram, no dia 28/5, em seu auditório, o I Encontro Regional de Qualificação para o Enfrentamento da Sífilis. Participaram do evento os profissionais dos serviços de saúde que funcionam como porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS) e maternidades, da área de abrangência da SRS Juiz de Fora. O encontro teve como objetivo a qualificação e fortalecimento das ações que envolvem o enfrentamento da sífilis de forma ampliada, trabalhando a educação em saúde, promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e acompanhamento.

O superintendente Regional de Saúde, Renan Guimarães de Oliveira, ressaltou a sensibilização dos profissionais presentes e enfatizou a importância do encontro para o território. “Este momento de aprendizado amplia a qualificação dos profissionais que atuam na ponta dos serviços” disse.

29.05.2024-Encontro sífilis Juiz de Fora1-Thaís Pereira Goulart Soranço

O cenário epidemiológico da sífilis e também o esquema do tratamento foram apresentados pela referência técnica do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da SRS, Paula Santana Ferreira, com a contextualização sobre a série histórica da sífilis. Segundo a referência técnica, como foi demonstrado na série histórica de 2014-2023, o território tem enfrentado um aumento significativo nos casos de sífilis.

Paula Ferreira esclareceu que este crescimento acompanha uma tendência nacional de alta incidência da doença. O aumento dos casos pode ser atribuído a vários fatores, incluindo maior sensibilização e diagnóstico, além de lacunas na prevenção e tratamento. “Campanhas de conscientização e intervenções na saúde pública, como o Plano de Enfrentamento à Sífilis, têm sido implementadas para controlar essa escalada. Contudo, a doença continua sendo uma preocupação de saúde pública na região”, disse.

Em relação ao tratamento, conforme observado pela técnica, a benzilpenicilina benzatina é o medicamento de escolha para tratar a sífilis e o único comprovadamente eficaz durante a gestação. “O tratamento varia conforme o estágio da doença. Pode ser administrada com segurança na Atenção Primária à Saúde (APS), tanto para o paciente quanto para seus parceiros sexuais. Portanto, o tratamento deve ser iniciado sem hesitação por parte da equipe de saúde. Os casos raríssimos de reação anafilática são de 0, 002%”.

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A referência técnica da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde da SRS Juiz de Fora, Isis Prock Nani, apresentou as estratégias na Atenção Primária à Saúde e o tratamento oportuno. Para a referência, eventos como este são muito importantes para a reflexão sobre os processos de trabalho, sobre o aprimoramento da prática profissional e sobre estratégias para alcançar melhores resultados em relação a quebra da cadeia de transmissão e indicadores de saúde. ”A participação ativa dos profissionais de saúde das diversas portas de entrada SUS contribui com discussões e trocas ricas e promove uma qualificação da assistência e da resolutividade dos serviços”, ressaltou. Para falar sobre a dessensibilização da gestante, foi convidada a médica infectologista, Cristiane Marcos Soares Dias Ferreira.

A coordenadora de assistência farmacêutica da Regiona, Emanuela Maria de Oliveira Souza, Horta, apresentou informações sobre medicamentos disponíveis no SUS para tratamento da sífilis, os fluxos de programação e distribuição, como é realizado a solicitação de medicamentos da sífilis pelos municípios, dentre outras temáticas relacionadas às responsabilidades dos estabelecimentos de saúde. Já o tema referente à dessensibilização da gestante foi abordado pela médica infectologista, Cristiane Marcos Soares Dias Ferreira.

O projeto de qualificação para o enfrentamento da sífilis em gestante e congênita foi o tema da apresentação da coordenadora de Redes de Atenção à Saúde da SRS, Thaís Pereira Goulart Soranço. “O encontro é a materialização de vários esforços para mudança do cenário da sífilis em nosso território. Nossa intenção é a qualificação e fortalecimento das ações que envolvem o enfrentamento da sífilis de forma ampliada”.

Como parte desse processo, Thaís Goulart informa que o Projeto Qualificação da rede assistencial dos municípios sob abrangência da Regional de Juiz de Fora para o enfrentamento da sífilis congênita e em gestantes que será trabalhado ao longo do ano com os nossos 37 municípios por meio de várias ações que vão envolver os diversos pontos da rede de atenção à saúde.

Durante o encontro foi apresentado pelo médico infectologista, Marcos Moura, o manejo clínico da sífilis em adultos como conceito básico e transmissão; estágios e manejo clínico de cada estágio; importância do tratamento oportuno; qualidade de registros (prontuário e notificação); tratamento de parceiros; busca ativa e monitoramento de tratamento; testagem combinada; prevenção e promoção à saúde.

E para falar sobre o manejo clínico da sífilis em gestante e da sífilis congênita, foi convidada a médica infectologista pediátrica, Taís Rhodes de Paula. A médica esclareceu aos participantes sobre a sífilis em gestantes e a transmissão vertical, o pré-natal qualificado e monitoramento da gestação e do tratamento, manejo clínico da sífilis em gestante e da sífilis congênita, testagens neonatais e o acompanhamento das crianças expostas.

O secretário de Saúde do município de Liberdade, Klécio Silva, participou do encontro e ponderou que “a qualificação foi muito bem aceita em nosso município, pois temos, às vezes, um déficit de conhecimento e este momento foi muito esclarecedor”.

A sífilis
A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A doença pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.

O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal previne a sífilis congênita e é fundamental. Em formas mais graves da doença, como no caso da sífilis terciária, a falta do tratamento adequado pode causar complicações graves como lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Para saber mais sobre a sífilis, acesse os dados sobre a vigilância epidemiológica no portal http://vigilancia.saude.mg.gov.br/ e também toda a série histórica por local de residência no painel temático http://vigilancia.saude.mg.gov.br/index.php/paineis-tematicos/

Por Roseli de Oliveira Alves / Fotos: Thaís Pereira Goulart Soranço