Dando sequência à formação de tutores e tutoras da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB), a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, por meio da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde (Cras), realizou, em 17/10, em sua sede, reunião técnica da Rede Assistencial e Aleitamento Materno – Fortalecendo Vínculos. Participaram, na ocasião, coordenadores da Atenção Primária à Saúde (APS), tutores da EAAB, profissionais dos serviços da Atenção Especializada que atendem ao pré-natal de alto risco e à criança de risco nas microrregiões de Saúde de Ponte Nova e Viçosa, além de profissionais das maternidades dos Hospitais São Sebastião, de Viçosa, e Nossa Senhora das Dores, de Ponte Nova.

A referência técnica da Cras, Ana Flávia de Paiva Mendes, apresentou dados do cenário como obesidade, desnutrição, aleitamento materno e alimentação complementar no estado de Minas Gerais e nos 30 municípios da área da SRS Ponte Nova, retirados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan). A exposição permitiu uma importante reflexão sobre o acompanhamento nutricional por faixa etária e a alimentação contínua e fidedigna do sistema de informação, a fim de que sejam produzidos dados para análise e diagnóstico situacional no território, subsidiando as ações dos tutores da EAAB em cada município.

A referência técnica da Cras, Ana Flávia de Paiva Mendes, apresentou dados do cenário em Minas e nos municípios da SRS Ponte Nova
“A gestão de dados dos sistemas de informação é fundamental para que as ações no território sejam condizentes com as necessidades da população assistida. A vigilância alimentar e nutricional compõe a Política Estadual de Promoção à Saúde e os dados devem ser de conhecimento de toda a equipe”, refletiu Ana Flávia Mendes.

A Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil permite organizar o cuidado à saúde das crianças de 0 a 2 anos, promover a nutrição adequada, a saúde e o desenvolvimento infantil, bem como ajudar a prevenir todas as formas de má nutrição e reduzir a mortalidade. “A promoção e a proteção do aleitamento materno é um desafio e um compromisso que deve ser de todos os profissionais de saúde, que além de garantir a melhor forma de alimentação e nutrição de bebês e crianças até 2 anos de idade, reflete na saúde da população adulta”, enfatizou.
18.10.2024-Aleitamento materno e rede assistencial2 -Tarsis Murad

Palestrantes
A reunião técnica contou com palestra da Tereza Lacerda, enfermeira obstetra do Hospital Nossa Senhora das Dores, de Ponte Nova, que tratou do manejo do aleitamento materno no ambiente hospitalar e a importância da rede. Ela frisou sobre as formas existentes para promoção da amamentação em unidades hospitalares, a amamentação na primeira hora de vida e o incentivo à prática após o parto e para além da alta hospitalar.

Foram abordados ainda o manejo das intercorrências clínicas durante a amamentação, destacando o fundamental papel do profissional de saúde na avaliação da mamada e nas ações em auxílio às mães para um aleitamento de sucesso. “O profissional também deve saber avaliar os pontos-chave da amamentação, entre eles a pega correta, o posicionamento correto da mãe e do bebê, a amamentação em livre demanda e o uso de chupetas, mamadeiras e outros acessórios que podem levar ao desmame precoce”, elencou. Entre as intercorrências destacadas, ela citou a fissura mamilar (rachadura nos mamilos), o ingurgitamento mamário (acúmulo de leite nas mamas, causando sensação de “empedramento”), a candidíase mamária (infecção fúngica que afeta os mamilos, auréola e seios) e a mastite (inflamação das glândulas mamárias).

A nutricionista e coordenadora do Banco de Leite Humano (BLH) de Viçosa, Luzia Maria Pinheiro da Silva, também contribuiu com a reunião técnica trazendo dados sobre o serviço localizado no Hospital São Sebastião, que atende demandas internas advindas dos setores UTI Neonatal, UTI Pediátrica, Pediatria/Enfermaria de Recém-Nascidos, Maternidade, Apartamento, CTI Adulto, Enfermaria Feminina e Emergência, e demandas externas de nutrizes com dificuldade na amamentação.
Segundo Luzia Silva, de janeiro a setembro de 2024, 197 bebês receberam doações de leite provenientes do banco. O número de doadoras, no mesmo período, foi de 267 mães. Quanto aos atendimentos individuais, foram realizados 2.052 entre janeiro e setembro deste ano, divididos entre orientações quanto ao manejo da amamentação, atendimento de mães com intercorrências mamárias, ronda de amamentação, coleta domiciliar, processo de pasteurização e lactário.

“Nossa missão é promover, proteger e apoiar o aleitamento materno. E, para isso, nós gerenciamos e disponibilizamos o leite do banco, independentemente da região de origem do bebê que está internado. Precisamos de um apoio massivo para aumentarmos a captação de doadoras e, consequentemente, ampliarmos o nosso estoque e nossa capacidade de atendimento”, declarou Luzia Silva. A nutricionista ainda citou o Programa Multidisciplinar de Assistência à Gestante (PROMAG), desenvolvido pelo hospital, destinado às gestantes a partir da 32ª semana de gestação.

A reunião contou também com apresentação dos municípios acerca das oficinas da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil realizadas em seus territórios.

Por Tarsis Murad / Fotos: Virgílio Júnior