Para o trabalho realizado por agentes de controle de endemias (ACE), visando a identificação de focos de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, febre chikungunya e do zika vírus, os 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros estão ganhando um novo aliado para o controle das arboviroses. Trata-se do repasse, por parte da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), de 19.235 testes rápidos para o diagnóstico da dengue. A entrega aos municípios começou nesta quarta-feira, 19/2.
A iniciativa, que envolve o Ministério das Saúde e a SES-MG, contempla todos os municípios do Estado com a distribuição de 405.845 testes rápidos. A previsão é de que, com a obtenção de resultados num prazo pouco superior a dez minutos, a utilização dos testes agilizará o diagnóstico da dengue nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e, com isso, viabilizará a notificação de casos e o tratamento oportuno de pacientes antes que evoluam para situações de saúde mais graves.
Para todos os Estados, em janeiro deste ano o Ministério da Saúde disponibilizou 6,5 milhões de testes rápidos para o diagnóstico da dengue. O investimento é superior a R$ 17,3 milhões. Dois milhões de testes foram reservados como estoque estratégico para atender os municípios que possam apresentar acréscimo no número de casos de dengue e necessitem de uma resposta rápida no diagnóstico. No caso de Minas Gerais, a SES-MG reservou 10% dos testes recebidos para compor o estoque estratégico.
Os quantitativos de testes repassados de forma proporcional à população estimada de cada município, com base no censo demográfico de 2022, foi definido no dia 6/2 por meio da Deliberação 5.109, aprovada em reunião da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS).
Além dos municípios que compõem a área de atuação da SRS Montes Claros, 25 secretarias de saúde da área de atuação da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária estão recebendo 6.825 testes rápidos. Outras 2,4 mil unidades estão sendo repassadas para sete municípios da GRS Pirapora.
As localidades que possuem maior número de habitantes e, por isso recebem maior quantitativo de testes são: Montes Claros (7.375); Janaúba (1.250); Januária (1.150); Pirapora (1 mil); São Francisco (950); Bocaiúva (850); Salinas (725); Jaíba e Porteirinha (675 testes rápidos para cada localidade); Taiobeiras e Várzea da Palma (600 unidades para cada município); Espinosa (550); Rio Pardo de Minas (500); Coração de Jesus (450); Francisco Sá, Buritizeiro, São João do Paraíso e São João da Ponte (425 testes rápidos para cada município).
Critérios
Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de Vigilância em Saúde na SRS Montes Claros, explica que “o teste rápido para diagnóstico da dengue deve ser realizado entre o primeiro e o quinto dia após o início dos sintomas, período em que ocorre a fase aguda da doença. Entre os sintomas estão: febre alta (39° a 40° graus) de início súbito; dor de cabeça intensa, especialmente atrás dos olhos; dores musculares e/ou articulares; prostração caracterizada por cansaço extremo; náuseas e vômitos; manchas vermelhas na pele; dor abdominal intensa e contínua; sangramentos de mucosas, como gengivas e nariz”.
Para a realização do teste rápido, em crianças os profissionais das Unidades Básicas de Saúde deverão coletar cinco mililitros de sangue e, em adultos, 10 mililitros, sem a utilização de anticoagulantes para obtenção do soro e encaminhamento de parte da amostra para a realização do diagnóstico diferencial para outras doenças, incluindo chikungunya, zika vírus e febre de Oropouche.
Para a realização do teste rápido, uma gota de sangue deve ser adicionada ao cassete que fará a detecção qualitativa de antígeno NS1, que é produzido em grande quantidade e liberado na corrente sanguínea no processo de replicação viral, antes que o organismo comece a produzir anticorpos específicos para o vírus.
O NS1 está presente nos quatro sorotipos virais da dengue, mas o teste rápido não permite diferenciar qual deles está causando a infecção. Por isso, parte da amostra de sangue coletada dos pacientes deve ser encaminhada pelos municípios para análise no laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), sediado em Belo Horizonte, para a realização do diagnóstico diferencial para outras doenças, através da metodologia de biologia molecular.
Notificações
Agna Menezes lembra que, mesmo diante da incorporação de testes rápidos para diagnóstico da dengue nos serviços de atenção primária à saúde, os municípios devem manter o trabalho dos agentes de controle de endemias, no que se refere à eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti em domicílios, bem como a notificação obrigatória de todos os casos suspeitos da doença, independente da realização de qualquer teste diagnóstico.
Além disso, Nota Técnica publicada neste ano pelo Ministério da Saúde destaca que “o uso do teste rápido não deve condicionar a conduta clínica, especialmente em situações de surtos e na presença de sinais de alarme e gravidade, que exigem uma atenção diferenciada conforme estabelecido no Guia de Diagnóstico e Manejo Clínico da Dengue, mesmo que o teste seja negativo. Vale ressaltar que os casos negativos podem indicar a circulação de outras arboviroses, como chikungunya, zika e Oropouche, e a notificação dessas ocorrências contribuirá para a tomada de decisões nas ações de vigilância e assistência”, reforça o Ministério da Saúde.