Na última quarta-feira (18/9), representantes do Ministério da Saúde (MS) e da Vigilância Epidemiológica de Belo Horizonte e do estado de Minas Gerais estiveram na Fundação Ezequiel Dias (Funed) para realizar uma visita técnica dentro do programa de Fortalecimento da Vigilância Sentinela das Síndromes Gripais. O objetivo foi apresentar o desempenho das unidades sentinelas do estado e conhecer a cobertura e capacidade do Lacen-MG. Após a visita, o grupo seguiu para Diamantina, para conhecer a unidade sentinela localizada na Santa Casa de Caridade do município.
A Vigilância Sentinela de Síndrome Gripal identifica e monitora a circulação de diversos vírus respiratórios de importância em saúde pública a nível nacional, contribuindo assim com o envio de relatórios à Organização Mundial da Saúde para as discussões de definição da composição da vacina anual contra influenza. É ela também que auxilia na identificação de situações de risco relacionadas a um possível novo subtipo viral com potencial pandêmico. Por meio dessa vigilância, é possível indicar o perfil sazonal de ocorrência dos vírus, bem como caracterizar surtos ou epidemias pelos vírus respiratórios.
Ao todo, Minas Gerais possui 30 unidades de Vigilância Sentinela de Síndrome Gripal. Semanalmente, essas unidades enviam amostras de pacientes com quadros respiratórios, a fim de identificar, laboratorialmente, o diagnóstico da doença. Para a referência técnica em vírus respiratórios do Serviço de Virologia e Riquetsioses da Funed, André Leal, a Fundação tem um papel fundamental nesse programa. “O Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG) é responsável pela análise e processamento de amostras provenientes de diferentes unidades sentinelas em todo o estado. O laboratório atua como elo essencial entre a coleta de amostras e a geração de dados epidemiológicos, fornecendo informações cruciais para a tomada de decisões de saúde pública”, explica.
Relevância de Minas Gerais
No levantamento apresentado pelo Ministério da Saúde, em 2023 Minas Gerais contribuiu com 10.854 casos notificados no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP- Gripe). Montante esse que representa 10% dos casos notificados no sistema em todo o Brasil.
Segundo a consultora técnica da Coordenação Geral de covid, influenza e outros vírus respiratórios de importância de saúde pública do Ministério da Saúde, Dalva Maria de Assis, Minas Gerais é o estado que contém o maior número de unidades sentinelas, junto com o estado do Paraná, e, por isso, tem uma grande participação no perfil e no padrão de ocorrência de vírus respiratórios no território nacional. “Quando se tem uma boa vigilância sentinela, onde eu faço a coleta correta, armazeno, transporto, diagnostico e preencho com bons dados os sistemas de informação, todos conseguem trabalhar melhor na prevenção e no controle das doenças com características epidêmicas, como é o caso dos vírus respiratórios, especificamente o da Influenza”, reforça Dalva.
A consultora do MS explica ainda que toda a parte da vigilância epidemiológica tem um único foco, que é anteceder cenários graves de doenças. “Quanto antes eu souber que tipo de vírus respiratório está circulando, eu consigo prevenir, ou seja, evitar que as pessoas adoeçam, e controlar, quando eu já tenho instalada uma situação de epidemia ou de pandemia, e tenho que fazer as intervenções necessárias. No caso das vigilâncias sentinelas, nós trabalhamos com a prevenção. Quanto antes eu souber, melhor”, enfatiza Dalva Maria de Assis.
Para o coordenador de Programas de Vigilância de Doenças Transmissíveis Agudas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Gilmar Rodrigues, a visita do Ministério da Saúde é estratégica, uma vez que valida o que já é de amplo conhecimento do estado e da Funed na rotina diagnóstica e aponta caminhos para qualificar o que pode ser aperfeiçoado. “Nós, enquanto estado, vemos esse encontro como uma oportunidade de troca de experiências, tanto da área de gestão da saúde, quanto do laboratório e do Ministério, que passa a conhecer a forma do estado de organizar o processo diagnóstico”, avalia.
O papel da Funed
Entre 2021 e 2024, a Funed processou cerca de 432 mil amostras e liberou mais de 1 milhão e duzentos mil exames relacionados a vírus respiratórios. “Números que demonstram a alta capacidade de processamento do laboratório e reforçam a relevância do trabalho realizado pelo Lacen-MG que, com uma média de 2,15 dias para liberar os resultados, contribui diretamente para a rapidez na resposta às demandas de vigilância”, ressalta André Leal.
A referência técnica em vírus respiratórios da Funed aponta ainda que os dados de distribuição dos municípios atendidos pelo Lacen-MG indicam a amplitude de cobertura do laboratório. “Ao abranger várias regiões, é preciso que tenhamos uma integração eficiente entre o laboratório e as unidades sentinelas, para otimizar os fluxos de amostras e resultados. Essa estrutura de vigilância contribui para a identificação de padrões sazonais e para a detecção precoce de surtos de síndromes gripais, permitindo intervenções rápidas e estratégias de mitigação, como campanhas de vacinação e orientações à população. Portanto, o papel da Funed é crucial não só na resposta imediata, mas também na construção de um sistema de saúde pública mais preparado e resiliente”, completa André Leal.