Municípios da área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Passos se preparam para fazer a vigilância da febre maculosa em seus territórios. Em conjunto com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), técnicos em entomologia da Fundação Ezequiel Dias (Funed) ministraram um curso prático para a capacitação de referências técnicas e agentes de controle de endemias de 17 municípios em vigilância epidemiológica e combate à febre maculosa. Os municípios que participaram do evento formativo são aqueles com notificação da doença nos últimos dez anos e outros que manifestaram interesse na capacitação.

A febre maculosa é uma doença que pode ser fatal se não for tratada a tempo. Ela é causada pela bactéria Rickettsia sp., que é um agente etiológico associado ao carrapato estrela (Amblyomma sculptum) – um parasita encontrado em animais como bois, cavalos, cães e capivaras que vivem em áreas rurais. A doença ocorre durante todo o ano, mas se intensifica no período da estiagem, que é mais favorável à reprodução do carrapato.

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O curso foi realizado em 25, 26 e 27 de junho, com o primeiro dia destinado à parte teórica na Sala de Inovações da SRS Passos. Os municípios que participaram foram Alpinópolis, Bom Jesus da Penha, Cássia, Carmo do Rio Claro, Claraval, Delfinópolis, Itaú de Minas, Monte Santo de Minas, Nova Resende, Passos, Piumhi, São João Batista do Glória, São José da Barra, São Roque de Minas, São Sebastião do Paraíso, São Tomás de Aquino, Vargem Bonita.

Teoria e prática
As atividades de campo foram realizadas na fazenda Santa Luzia, do Grupo Cabo Verde, em colaboração com a Regional de Passos para as ações práticas, que envolveram a coleta do parasita no pasto e em animais de grande porte (bovinos e equinos), o acondicionamento em recipiente apropriado com álcool isopropílico ou álcool absoluto e envio para análise no Laboratório de Entomologia do Serviço de Doenças Parasitárias da Funed.

Na aula teórica, a superintendente da SRS Passos, Kátia Rita Gonçalves, falou da importância do bom aproveitamento do curso pelos profissionais municipais para a vigilância da febre maculosa. “Vale lembrar que a febre maculosa é uma doença endêmica, isto significa que é comum e pode ocorrer durante todo o ano na área de abrangência da SRS Passos. Nos períodos mais secos, meses de abril a outubro, os casos da doença frequentemente aumentam. Por isso é fundamental intensificar as ações de vigilância e os cuidados preventivos”, disse Kátia Gonçalves, alertando ainda que a doença é comum tanto em áreas rurais, quanto nas urbanas.

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Segundo um levantamento do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) junto ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde (MS), na área de abrangência da SRS Passos, 14 municípios registraram 49 casos de febre maculosa nos últimos dez anos. “A partir de agora, todos os municípios envolvidos farão uma vigilância mais ativa do carrapato, para que em caso de identificação da bactéria, possam ser desencadeadas todas as ações de prevenção, evitando que membros da comunidade possam ser infectados”, disse a coordenadora do Nuvepi, Márcia Aparecida Silva Viana.

Ações preventivas
O técnico de entomologia e responsável pela equipe da Funed na capacitação em Passos, Giovani Pontel Gonçalves, disse que os carrapatos coletados seriam acondicionados em recipientes apropriados e enviados para exames na Funed. Com os resultados obtidos, a vigilância epidemiológica da SRS Passos e dos municípios terão condições de identificar os locais de riscos para a febre maculosa e implementar ações preventivas.

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Ainda na parte teórica do curso, Giovani Gonçalves falou como ocorre a transmissão da doença, que através da picada do carrapato infectado pela bactéria, os sintomas, os cuidados e a prevenção. Os agentes aprenderam também sobre a importância do uso do equipamento de proteção individual (EPI) – macacão impermeável descartável, botas, luvas descartáveis, óculos e pinças – para a captura segura do parasita e como se faz esse trabalho através de arrasto no pasto ou por coleta nos próprios bovinos e equinos.

Além de Giovani Gonçalves, a equipe de entomologia da Fundação Ezequiel Dias (Funed) contou com os técnicos João Batista da Silva, Jorge Martins e Cleider Rodrigues da Silva, que ensinaram na prática como se faz a paramentação com o EPI e a coleta segura dos carrapatos no pasto e em animais.

Por Enio Modesto / Foto: Ascom SRS Passos