Na macrorregião de Saúde Oeste foram identificados, no período de 2021 a outubro de 2024, 904 triatomíneos, o famoso barbeiro, inseto transmissor da doença de Chagas. Os dados, que estão sujeitos a alterações, são do do painel de Doença de chagas da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis. De acordo com a mesma fonte, de 2021 a setembro de 2024, 53 pacientes seguiam em tratamento para a doença na região. Ao todo, entre 2021 a abril de 2023, houve 156 casos notificados de doença de chagas crônica.

Para esclarecer sobre a forma de proceder à investigação epidemiológica oportuna dos casos; monitorar a infecção da doença de Chagas na população humana pelo protozoário Trypanosoma Cruzi; rastrear os casos na atenção primária, além de manter a eliminação da transmissão do vetor, o Grupo de Trabalho (GT) Endemias da Superintendência Regional de Saúde de Divinópolis, promoveu, no dia 9/10, o encontro gerencial de Vigilância e controle da doença de chagas. O evento foi realizado na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e envolveu profissionais dos 53 municípios da macrorregião de Saúde Oeste. O GT Triatomíneos, da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), esteve presente na reunião apresentando os resultados dos projetos em conjunto durante estes três anos de GT regional.

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No encontro foram tratados, entre outros assuntos, a situação dos barbeiros capturados na macro Oeste em 2024, vigilância epidemiológica da doença de Chagas, monitoramento vetorial e sorologia dos moradores e avaliação eco epidemiológica dos barbeiros capturados pelos municípios na macro no período de 2021 a 2024, ou seja, que levem consideração o ambiente natural dos agentes infecciosos, os vetores, os reservatórios e os hospedeiros,

“O Programa de Doença de Chagas (PCDCh) tem trabalhado na macrorregião de saúde oeste com uma proposta que visa o fortalecimento da atuação integrada entre vigilância e atenção à saúde. A abordagem dos nossos encontros compreende tanto a vigilância entomológica do Triatomíneo (barbeiro) quanto a testagem de pacientes com fatores de risco para doença de Chagas crônica e, se confirmados os casos, que seja ofertado o tratamento antiparasitário”, destacou a referência da Vigilância da Doença de Chagas da SRS Divinópolis, Nayara Dornela.

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Doença de Chagas

Para o controle do vetor, o barbeiro, o trabalho dos Agentes de Combate a Endemias (ACE) é essencial. São eles que entram nas casas e realizam a pesquisa ativa e captura de barbeiros. Além da borrifação (uma estratégia que consiste na aplicação de inseticidas em locais onde os insetos repousam, caminham ou frequentam) dos domicílios tanto dentro quanto fora das casas, quando necessário. Na zona rural é onde são encontrados mais vetores da doença. Para picar os humanos, os insetos se aproveitam das áreas descobertas do corpo, principalmente a região do rosto.

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O barbeiro pica a pessoa, geralmente, na área descoberta quando ela está dormindo, podendo ser ao redor dos olhos. Para não sentir a ferroada, o triatomíneo solta um anestésico que dura cerca de 15 minutos. Após se alimentar com o sangue, o inseto começa a soltar as fezes. Quando o efeito da anestesia passa, a pessoa coça e leva o Trypanosoma cruzi (protozoário) para a corrente sanguínea por meio das mucosas dos olhos, boca e nariz.

A maioria dos casos não apresenta sintomas na fase crônica, mas os mais comuns são: problemas cardíacos, que podem ser insuficiência cardíaca e problemas digestivos, como megacólon (dilatação do intestino grosso, acompanhada de dificuldade para eliminar fezes e gases, causado por lesões nas terminações nervosas do intestino) e megaesôfago (dilatação do esôfago, que faz com que haja um represamento do alimento e da saliva).

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Também foi apresentado na reunião o diagnóstico de entrevistas dos colaboradores voluntários dos Postos de Informação de Triatomíneos, que é o local que a população entrega os barbeiros para ação de vigilância. “Vamos validar um estudo que foi feito no norte de Minas, região considerada de alto risco na transmissão da doença de Chagas. A nossa região é de médio risco. Vamos aplicar o mesmo diagnóstico e depois inferir as diferenças considerando as regiões”, destacou a referência em endemias da SRS Divinópolis, Rogério Rocha.

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Por Willian Pacheco / Fotos: Willian Pacheco