Idealizado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e com a Secretaria Municipal de Saúde de Pará de Minas, o projeto é executado no município desde 2019. Devido à pandemia de covid-19, foi paralisado por alguns meses e, a partir de novembro de 2020, foram retomadas as atividades.
Pará de Minas foi escolhida para sediar o estudo por ter sido acometida por surtos epidêmicos de dengue em 2013, 2016, 2019 e 2020, em decorrência de questões ambientais no município, como a escassez de água, recorrente nos últimos anos. Houve também o risco de racionamento de água, frente ao episódio do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, em 2019, que atingiu o rio Paraopeba, utilizado para captação de água na região.
De acordo com Sandra Elisa Barbosa da Silva, bióloga e entomologista, especialista em políticas e gestão da saúde do Núcleo de Pesquisa e Inovação em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (NUPIDE) da SES-MG, o projeto piloto avalia a eficácia de diferentes estratégias de vigilância e controle dos mosquitos Aedes aegypti, vetor das arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya, e Aedes albopictus que é o vetor potencial para os agentes virais dessas doenças. O estudo realizado no município da macrorregião de Saúde Oeste instalou armadilhas ou produtos com efeito larvicida em 14 bairros da cidade, - Padre Libério, Conjunto Habitacional José Pereira Campos, Recanto, Grão Pará, Paraíso, Novo Horizonte, São Cristóvão, Redentor, JK, Santos Dumont, Jardim das Piteiras e Serra Verde, Beldevere e Prolongamento Beldevere.
Segundo a entomologista, “foram pré-selecionadas oito áreas da cidade que apresentam características entomológicas e epidemiológicas compatíveis e necessárias ao desenvolvimento da pesquisa, como ser área de transmissão ativa de arboviroses”.
As atividades de campo do projeto envolvem o trabalho técnico e qualificado dos Agentes de Combate a Endemias (ACEs), que visitam os imóveis e reforçam com os moradores a importância do combate ao mosquito Aedes, explicam como a pesquisa funciona e pedem autorização para que o imóvel faça parte do estudo, podendo ele estar nas áreas teste ou na área controle.
Nas áreas teste, são empregados, juntos ou separadamente, produtos com ação larvicida, que agem sobre as larvas dos mosquitos causando enfraquecimento e morte antes de se tornarem insetos adultos, ou com ação adulticida, que matam diretamente o inseto na sua fase adulta. Também são testadas armadilhas, sendo elas a estação disseminadora de larvicida e a In2Care, espécie de armadilhas que utilizam o próprio mosquito fêmea para disseminar larvicida e/ou adulticida para outros criadouros.
Quanto aos produtos utilizados na pesquisa, todos foram previamente testados e receberam o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os produtos são comercializados no país e o seu uso neste projeto foi aprovado pelo Ministério da Saúde (MS) e pelo Comitê de Ética em Pesquisa. “Eles não causam efeitos prejudiciais aos humanos nem aos outros animais, com exceção dos mosquitos, claro”, ressalta Adriana Coelho Soares, bióloga e entomologista, especialista em políticas e gestão da saúde do NUPIDE da SES-MG.
Adriana reitera que, para o desenvolvimento das atividades do projeto e sucesso no enfrentamento ao mosquito, “é essencial o apoio da população, numa grande e preciosa colaboração com a equipe de agentes, que visitam os imóveis, num trabalho diário em ações de educação em saúde para a prevenção das arboviroses e na instalação e manutenção das armadilhas”, finaliza.