Contabilizando neste ano 8.419 casos prováveis de arboviroses, dos quais 2.275 casos foram confirmados, além de dois óbitos que estão em investigação, durante videoconferência realizada na quarta-feira, 22/1, gestores e coordenadores de serviços de saúde dos 86 municípios que compõem a macrorregião de Saúde Norte foram alertados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) para a importância da intensificação de ações voltadas para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e do zika vírus. O evento envolveu mais de 200 gestores e integrantes de equipes técnicas de municípios da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros e das Gerências Regionais de Saúde (GRS) de Januária e Pirapora.
Na oportunidade, o subsecretário de vigilância em saúde da SES-MG, Eduardo Campos Prosdocimi, reforçou que, entre as prioridades dos cem primeiros dias das atuais administrações municipais, deve ser dada atenção especial às ações de controle das arboviroses a fim de que a quantidade de casos notificados, confirmados e óbitos seja inferior ao ano passado, quando Minas Gerais contabilizou mais de 1,7 milhão de casos prováveis das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
Além de recursos financeiros já disponibilizados aos municípios para o enfrentamento às arboviroses, o subsecretário anunciou que em todas as reuniões da Comissão Intergestores Bipartite do Sistema Único de Saúde (CIB-SUS) que começam a partir deste mês, serão apresentados o cenário epidemiológico das arboviroses, bem como as ações que estão em andamento e as que serão colocadas em prática, levando em conta a situação de cada região.
Entre as iniciativas que devem ser reforçadas e ampliadas estão a mobilização da população e a realização de mutirões para recolhimento de materiais inservíveis que propiciam a proliferação do Aedes aegypti.
Além disso, Eduardo Prosdocimi anunciou que, dando continuidade ao trabalho iniciado em setembro do ano passado, entre fevereiro e março deste ano a SES-MG realizará novo ciclo de capacitação de profissionais de saúde, em 16 macrorregiões de Saúde do estado. Na oportunidade, as equipes técnicas serão orientadas a colocar em prática os planos de contingência para conter o avanço das arboviroses, além do repasse de informações atualizadas sobre o manejo clínico de pacientes.
O subsecretário explicou que o cenário epidemiológico deste ano preocupa devido à circulação do sorotipo 3 da dengue no país, inclusive na divisa de São Paulo com o Triângulo Mineiro. Além disso, está ocorrendo o aumento de casos notificados da febre de Oropouche na divisa do Espírito Santo com Minas Gerais.
“Estamos trabalhando com o Ministério da Saúde para entender como tem sido a disseminação da febre de Oropouche no país, mas pelo fato do Norte de Minas ter características epidemiológicas parecidas com outras regiões e municípios com plantações de banana, o que favorece a proliferação do mosquito maruim, os serviços municipais de saúde precisam estar alertas para o manejo clínico adequado de pacientes com sintomas de terem contraído Oropouche”, disse Prosdocimi. “É uma doença que pode ser confundida com outras arboviroses e, por isso, há necessidade dos municípios intensificarem a vigilância laboratorial para que seja possível identificar os problemas de saúde que estejam acontecendo”, observou o subsecretário.
Na oportunidade, Agna Soares da Silva Menezes, coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, lembrou que “a quantidade de notificações de arboviroses ocorridas neste ano está abaixo dos casos registrados em 2024, o que pode estar vinculado a subnotificações. Isso impede que os municípios agilizem as tomadas de decisões para ações de bloqueio contra a disseminação de doenças”.
Além disso, lembrou a coordenadora, a coleta de amostras para a realização de exames de biologia molecular em tempo oportuno “constitui providência de fundamental importância a ser adotada pelos serviços de saúde, visando possibilitar a identificação dos sorotipos circulantes na região. Essa situação preocupa porque, dos 86 municípios que compõem a macrorregião de saúde do Norte de Minas, 38 ainda não notificaram nenhum caso de arbovirose neste ano, época em que os casos ocorrem com maior frequência”, lembrou Agna Menezes.
Cenário
Ao apresentar o cenário epidemiológico das arboviroses no estado, a superintendente de vigilância em saúde da SES-MG, Aline Lara Cavalcante observou que dos mais de 8,4 mil casos prováveis ocorridos neste ano, 90,5% estão relacionados à dengue e 9,4% à febre chikungunya.
Dos 2.275 casos confirmados de dengue, 77,6% foram diagnosticados por critério clínico epidemiológico e 22,4% por meio de exames laboratoriais.
Até o momento, neste ano foram notificados no estado 80 casos graves ou com sinais de alarme para dengue. Dois óbitos estão em fase de investigação para a doença.
Em relação à febre chikungunya, dados da SES-MG revelam que entre a semana 48 de 2024 e as três primeiras semanas deste ano foram notificados dois mil casos de chikungunya em Minas Gerais. Desse total, 612 casos foram confirmados, sendo 86,2% registrados em Uberlândia.
Norte de Minas
Em relação ao Norte de Minas, o cenário epidemiológico aponta que neste ano foram notificados 683 casos prováveis de dengue. Desse total, 46 estão confirmados para a doença. Até o momento foi identificada na região a circulação dos sorotipos 1 e 2 da dengue.
Quanto à febre chikungunya, neste ano a região contabiliza 12 casos prováveis e dois confirmados para a doença.
Ainda de acordo com Aline Cavalcante, dois municípios apresentam alta incidência de transmissão de arboviroses: Capitão Enéas, integrante a área de atuação da SRS Montes Claros; e Campo Azul, que integra a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária.
Resultados
Durante a videoconferência, a superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques, destacou a importância da sensibilização dos prefeitos e gestores municipais de saúde nas ações voltadas para o enfrentamento às arboviroses.
“Muitos municípios iniciaram o ano com mudança no comando das prefeituras e, por isso, há necessidade de reforço da sensibilização dos novos gestores para as questões relativas ao combate às arboviroses, levando em conta o difícil cenário que Minas Gerais enfrentou no ano passado”.
Na mesma linha de raciocínio, a gerente regional de saúde de Pirapora, Taryana Diniz Guarabyra, reforçou que “as mudanças de gestões municipais dificultam a continuidade de ações que já estavam em andamento, porém é necessário que haja agilização dos processos de adaptação dos novos dirigentes para que o enfrentamento às arboviroses tenha consistência”.
A coordenadora de vigilância epidemiológica da SRS Montes Claros, Rita de Cássia Rodrigues, lembrou da necessidade da integração de ações das diversas áreas das administrações municipais para o enfrentamento às arboviroses, como as secretarias de saúde, educação, meio ambiente e de limpeza.
Por sua vez, a gestora de saúde de Ponto Chique, Flávia Aparecida Ramos Oliveira, observou que “o apoio da Secretaria de Estado da Saúde já têm proporcionado o alcance de melhores resultados aos municípios no combate às arboviroses. É o caso, por exemplo, do uso de drones para o mapeamento de áreas de difícil acesso. Com a identificação de possíveis criadouros do mosquito realizamos um mutirão para solução dos problemas identificados. Com isso, neste início de ano, Ponto Chique tem notificados apenas três casos de dengue, número este que, na mesma época do ano passado, era superior a 30”.