A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Manhuaçu realizou uma visita técnica ao município de Mutum para avaliar a situação epidemiológica e definir medidas de enfrentamento ao aumento de casos suspeitos e caso confirmado de febre maculosa no município. O encontro ocorreu no dia 25/9, na Policlínica Municipal e contou com a presença de representantes das vigilâncias sanitária e epidemiológica municipais, além de técnicos da superintendência regional de Saúde de Manhuaçu.
A reunião foi aberta por Ernesto Grillo, veterinário e referência técnica da SRS Manhuaçu, que ressaltou a importância de medidas urgentes e coordenadas intersetorialmente para o controle da febre maculosa, uma doença grave e potencialmente fatal que, caso não seja tratado a bom tempo, pode levar à morte sendo transmitida pelo carrapato-estrela.
“Todas as ações devem ter como foco principal a proteção da saúde da população e a prevenção de novos óbitos”, afirmou Ernesto Grillo, que destacou a importância da participação de todos nessa vigilância.
Durante o encontro, o coordenador de Vigilância Ambiental do município, Estevão José da Silva, apresentou um relato detalhado sobre os casos suspeitos mais recentes no município.
Análise dos casos e estratégias de controle
Os participantes discutiram detalhadamente cada caso suspeito registrado no município, com ênfase na febre maculosa e outras doenças transmitidas por vetores. A análise incluiu a identificação de padrões clínicos e epidemiológicos, além de uma revisão das estratégias de controle e prevenção adotadas até o momento.
A referência técnica da SRS, Ernesto Grillo, reforçou que a febre maculosa requer atenção especial no manejo dos casos e na eliminação do vetor, que é o carrapato-estrela, e na possibilidade de evitar contato com vetor, impedindo o acesso em áreas consideradas suspeitas com base em pontos comuns nas notificações. “A presença do carrapato-estrela, transmissor da bactéria Rickettsia rickettsii, é uma preocupação crescente na região. Com o aumento das notificações, propomos a urgente intensificação das ações de vigilância e controle”, alertou a referência.
O superintendente Regional de Saúde de Manhuaçu, Victor Carvalho Vieira, explicou que, com o reforço das ações e a mobilização das equipes de saúde, espera-se que o município de Mutum consiga superar esse desafio e reduzir os impactos da febre maculosa.
“Esse período do ano favorece o aumento da população de carrapatos, que atuam como vetores de transmissão da febre maculosa. Por isso, os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) de Mutum e todos os municípios da nossa área devem estar atentos ao reconhecimento de pacientes sintomáticos com suspeita da doença. É válido destacar que a febre maculosa pode ser confundida com arboviroses, como zika, dengue e chikungunya, e, em pouco tempo, pode evoluir para um quadro grave de saúde”, alertou o superintendente que também é enfermeiro.
Medidas propostas
Ernesto apresentou um plano de ação que será implementado em parceria com as equipes técnicas e administrativas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Mutum. O plano prevê:
* Controle do agente transmissor (carrapato-estrela), com intensificação das atividades de campo para identificação e eliminação do vetor nas áreas críticas, com medidas como borrifação e monitoramento das zonas com maior densidade de carrapatos e também limpeza e roçada no mato alto em pontos críticos.
* Capacitação da equipe técnica do pronto atendimento para que tenham a capacidade de identificar casos suspeitos e iniciar imediatamente o tratamento e, assim, mudar significativamente o prognóstico da doença, bem como a capacitação dos agentes comunitários de saúde que visam resgatar casos suspeitos que não procuram ambiente hospitalar.
* Controle do hospedeiro (animais e seres humanos) com a realização de campanhas educativas junto à comunidade, orientando sobre como evitar áreas de risco e o uso de roupas adequadas, além da divulgação dos sintomas iniciais da doença para busca rápida de atendimento médico.
* Intervenções no meio ambiente: implementação de estratégias para reduzir a exposição da população ao vetor, como ações de saneamento e limpeza das áreas com maior risco de infestação.