O município de Oratórios, pertencente à área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova, apresentou, no dia 28/6, durante o I Seminário de Boas Práticas do Projeto Saúde em Rede, em Belo Horizonte, experiência exitosa no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS).

O projeto, intitulado “Acompanhamento da equipe durante a entrega de medicamentos aos pacientes hipertensos e diabéticos da zona rural”, foi construído pelas tutoras municipais da 3ª onda do projeto Saúde em Rede, Renata Vieira Cabral Lacerda e Rita de Cássia Aparecida Morais Silva.

Por possuir vasto território na zona rural, o município contabilizou, via sistema de dados, a quantidade de pacientes com hipertensão e diabetes mellitus moradores de comunidades localizadas fora do perímetro urbano, chegando ao quantitativo de 932 hipertensos e 311 diabéticos autorreferidos. Destes, 275 estão cadastrados na farmácia municipal para recebimento de medicamentos.

De posse desses dados, a equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF) decidiu realizar um acompanhamento mais abrangente e frequente aos pacientes que, por diversas condições sociodemográficas, apresentavam dificuldades para controle das condições clínicas.

“Em análise da situação pela equipe do PSF Rural do município e supervisão da Coordenação de APS, foi decidido que o acompanhamento dos pacientes seria realizado junto à entrega da medicação, de acordo com cronograma mensal e conforme a divisão de microáreas dos agentes comunitários de saúde (ACS)”, explicou a tutora Renata, que também é coordenadora da APS do município de Oratórios.

Após a liberação da medicação a esses pacientes, realizada pela farmacêutica, a equipe composta por ACS da microárea, técnico de enfermagem, enfermeiro e médico promovem o atendimento em domicílio ou no ponto de consultas.

Juntamente à entrega da medicação, realiza-se a aferição da pressão, teste de glicemia, conferência e orientação sobre a utilização do medicamento, convite para grupos de controle, além da avaliação do paciente que, se necessário, será referenciado para atendimento médico na unidade de saúde.

“Como resultados, a experiência trouxe inúmeros benefícios, como o melhor acompanhamento dos pacientes, criação de vínculos com a equipe de saúde, sensibilização de pacientes resistentes ao tratamento, redução de intercorrências por agravamento de condições clínicas, além da utilização correta e controlada da medicação”, elencou Renata.

Seminário
A participação de Oratórios marcou o encerramento das atividades de implantação do projeto Saúde em Rede, que atingiu 851 municípios mineiros, por meio da apresentação das experiências voltadas à melhoria da qualidade dos serviços de saúde e dos processos de trabalho.

Créditos: Rita de Cássia Silva

A analista regional da SRS Ponte Nova, Karen Ségala, presente à cerimônia, ressaltou o quanto a experiência do município de Oratórios foi importante para visualizar a potência do Saúde em Rede nos territórios. “Também destaco o envolvimento da equipe, o acesso facilitado, o conhecimento das necessidades específicas, a estratificação de risco e o acompanhamento das condições crônicas levantados na apresentação, que foram conteúdos desenvolvidos nos processos formativos”, frisou.

Para ela, a grandiosidade do projeto, por meio das ações estaduais, regionais e dos municípios, está sendo vista na prática das Unidades Básicas de Saúde e chegando como cuidado qualificado ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS).

A apoiadora do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems), polo Ponte Nova, Fernanda Castro, que atuou no projeto tanto na microrregião de Ponte Nova quanto na microrregião de Viçosa, reforçou a oportunidade de aproximação das equipes de APS, permitindo conhecer os principais desafios e dificuldades encontrados nos territórios, assim como os talentos e habilidades dos profissionais que integram as equipes de saúde.

“A essência do projeto é realmente uma mudança de processo. E mudar processos significa mudar o comportamento das pessoas, empoderando-as. Que o projeto tenha continuidade e esteja sempre vivo, modificando realidades, quebrando paradigmas e produzindo a melhor APS que nosso SUS pode ter”, concluiu.

Por Tarsis Murad