Com a adoção do slogan “O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê”, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros realiza nesta sexta-feira, 5 de julho, webnário com cirurgiões dentistas e referências técnicas de atenção primária à saúde dos 86 municípios que integram a macrorregião Norte, com o objetivo de reforçar a importância do diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço.

A iniciativa faz parte da 5ª Campanha Nacional implementada durante o “Julho Verde”, visando conscientizar a população sobre a importância do autocuidado e da atenção aos primeiros sintomas da doença.

Sob a condução da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da SRS de Montes Claros, o evento será realizado a partir das 9 horas com a participação da odontóloga Cristina Paixão Durães. Ela é doutoranda em ciências da saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e, entre outras áreas, atua no segmento de odontologia hospitalar, atendimento e reabilitação de pacientes oncológicos.

A odontóloga Denise Maria Lúcio da Silveira, referência técnica da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde, da Superintendência Regional de Saúde, explica que “além de avaliar o cenário atual dos casos de câncer de cabeça e pescoço, durante o webnário serão abordadas as estratégias de prevenção, tratamento e qualificação dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Para acessar o Webnário, clique aqui.

Cenário

Divulgação: Site Flaticon

“O diagnóstico precoce é de fundamental importância para o tratamento eficaz das pessoas com câncer de cabeça e pescoço. Os tumores malignos atingem a boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amigdalas, faringe, laringe, esôfago, tireoide e seios paranasais. Os sobreviventes desses tumores podem enfrentar perda significativa da qualidade de vida durante e após o tratamento, devido ao comprometimento da fala, além de sequelas funcionais e psicológicas”, explica Denise Silveira.

A preocupação da especialista leva em conta o fato de que entre 2019 e 21 de junho deste ano o Painel Oncologia Brasil aponta que em Minas Gerais foram diagnosticados 13.116 casos de câncer de cabeça e pescoço. Em 2023 foram diagnosticados 2.668 casos. Já nos primeiros seis meses deste ano surgiram 389 novos diagnósticos para a doença.

Do total de casos de câncer registrados no estado entre 2019 e o primeiro semestre deste ano, o Norte de Minas contabilizou 9,11% das notificações, o que corresponde a 1.195 casos, alerta Denise Silveira.

Os casos diagnosticados no Norte de Minas estão distribuídos da seguinte forma por regiões de saúde: Montes Claros (362); Janaúba/Monte Azul (168); Brasília de Minas (128); Taiobeiras (101); Pirapora (83); São Francisco (69); Januária (67); Coração de Jesus (51); Bocaiúva (46); Salinas (45); Francisco Sá (44) e Manga (31).

Segundo a Associação de Câncer de Boca e Garganta – (ACBG) Brasil, estima-se que cerca de 15 mil novos casos de câncer de cavidade oral surjam por ano no país, sendo 80% em homens. Para o câncer de laringe a estimativa é de que oito mil novos casos sejam diagnosticados anualmente no país, sendo 97% provenientes do tabagismo, sendo que o consumo de álcool associado ao tabagismo aumenta o risco em 140 vezes para o câncer de laringe”.

Em pacientes jovens, ainda segundo a ACBG, a infecção pelo HPV (papilomavírus humano) tem ampliado o número de novos casos de orofaringe devido à prática do sexo oral sem uso de preservativos. Além disso, a utilização do narguilé (cachimbo de água utilizado para fumar tabaco aromatizado) e o consumo excessivo de álcool também têm correlação com o aumento do número de casos em jovens de 18 a 30 anos.

Busca ativa

Denise Silveira lembra que os serviços municipais de atenção primária à saúde têm papel de fundamental importância na busca ativa, no diagnóstico precoce e encaminhamento de pacientes para tratamento nos serviços especializados existentes no Norte de Minas.

“Nesse contexto, os agentes comunitários de saúde constituem importantes atores no encaminhamento de pacientes para atendimento especializado, visto que conhecem os territórios e o perfil da sua população de abrangência, mantendo com eles boa comunicação, o que é essencial para rastreamentos, orientações e monitoramento dos casos de câncer”, pontua ela.

Os serviços de atenção primária também são responsáveis pela execução de ações voltadas para a promoção da saúde; melhoria dos hábitos alimentares; combate ao tabagismo; realização de ações voltadas ao autocuidado em saúde bucal; aumento do acesso da população aos serviços de saúde e diagnóstico precoce das lesões pré-malignas.

Por Pedro Ricardo