Qual é a realidade desejada e o atual serviço ofertado para o atendimento aos usuários da saúde mental na Atenção Primária? Foi nesta linha de reflexão que os coordenadores e profissionais da Atenção Primária, das equipes multiprofissionais e das referências dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) dos 18 municípios que fazem parte da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia, buscaram discutir as formas para melhor acolher, acompanhar e referenciar o pacientes e familiares na Atenção Primária.

O encontro aconteceu nesta terça-feira, 02/07, e faz parte uma série de reuniões para melhorar a articulação e primar pelo cuidado integral e humanizado ao usuário na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) nos diferentes pontos de atenção da saúde (Atenção Primária, CAPS e hospitais), com outros órgãos e com os familiares.

Acompanhe aqui como foi a reunião com os hospitais que possuem leitos de saúde mental.

Para a referência técnica regional da Atenção Psicossocial, Maria Lúcia dos Reis, a troca de experiências é fundamental para a melhoria dos processos de trabalho e o cuidado em todos os níveis de atenção. “O paciente que está em tratamento no CAPS, ele também é paciente da Atenção Primária nesta rede de cuidado da saúde mental. E as estratégias que estão dando certo em alguns territórios, podem ser aplicadas em outras localidades”, observou a referência.

Créditos: Lilian Cunha

Bruna Betiatti, referência técnica da Atenção Primária da SRS Uberlândia, comentou que o olhar da equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) é fundamental para a prevenção, promoção, cuidado e reabilitação à saúde. “O objetivo das discussões dos grupos é fortalecer este papel da Atenção Primária, considerando que a linha de cuidado em saúde mental é transversal. As dinâmicas propostas levantam as realidades vivenciadas e como conduzir as situações, pensando na coordenação, profissionais de saúde, recepcionistas e Agentes Comunitários de Saúde”, disse Betiatti.

O psicólogo clínico Marcus Vinícius Silveira Faria atende em duas UBS em Monte Alegre de Minas. Ele ressaltou a importância de participar das reuniões de matriciamento, discussões e capacitações voltadas para a saúde mental. “É um processo muito rico, escutar a vivência dos outros municípios e aplicar, com adaptações, os formatos inovadores de acordo com a nossa realidade. Reuniões como esta nos motivam a trabalhar com o cenário ideal”, conclui Faria.

Abordagem integral e humanizada

Marisa Alves dos Santos, psicóloga e membro do Fórum de Saúde Mental de Uberlândia, explicou sobre a perspectiva de abordagem da saúde mental: o matriciamento, que pode ser composto por duas ou mais equipes para uma proposta de intervenção pedagógica-terapêutica, ou seja, para os profissionais da saúde, de diferentes áreas, dialogarem para encontrar o bem-estar do usuário, considerando-o como sujeito biopsicossocial. “A nova organização do processo de trabalho permite o desenvolvimento contínuo, que permite ir além dos tratamentos convencionais que restringem o usuário”, comentou a psicóloga.

De acordo com Santos, na RAPS, o Projeto Terapêutico Singular presente na Atenção Primária norteia esta abordagem. “Podemos transformar o cuidado, por meio do diálogo, no desenvolvimento da subjetividade do paciente, abraçando a pessoa que está em sofrimento psíquico. Os CAPS apresentam esta construção em conjunto, e traz para nós, profissionais da saúde, uma análise de como abordamos a saúde mental, que ainda é muito excludente, mas que está avançando”, finalizou.

Por Lilian Cunha e Vitória Caregnato (estagiária sob supervisão)