Com a aproximação do feriado de carnaval, período que muitas pessoas viajam para diversas regiões do país, incluindo áreas de matas e cachoeiras, a Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros está alertando as 54 secretarias municipais da sua área de atuação sobre a importância do reforço da vigilância e da vacinação contra a febre amarela. 

Com um óbito provocado pela doença registrado este ano em Minas Gerais, a coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, observa que “o fato evidencia que o vírus da febre amarela está circulando no estado e, com isso, as pessoas não vacinadas estão vulneráveis a contrair uma doença que pode ser prevenida”.

O alerta aos municípios para a realização da busca ativa de pessoas não vacinadas contra a febre amarela leva em conta que, dos 54 municípios que integram a área de atuação da SRS, 24 localidades estão com cobertura vacinal acima de 95%, conforme preconiza o Ministério da Saúde. Nos demais 31 municípios, as coberturas vacinais variam entre 94,23% a 48,57%.

“Para o aumento das coberturas vacinais, os municípios devem realizar estratégias de imunização diferenciadas, de acordo com as suas especificidades, visando a identificação de pessoas não vacinadas. Para facilitar o acesso das pessoas à vacinação os profissionais de saúde devem realizar ações fora das unidades de saúde, com foco principalmente em áreas de risco e em populações vulneráveis residentes em zonas rurais, áreas semiurbanas, populações indígenas, ribeirinhas e quilombolas”, pontua a coordenadora.

Foto: SRS Montes Claros

 

Esquema vacinal

O esquema vacinal contra a febre amarela é o seguinte: administração de uma dose em crianças com 9 meses de vida e uma dose de reforço aos 4 anos de idade. Pessoas a partir de 5 a 59 anos, que não foram imunizadas, devem tomar uma dose da vacina. 

Para pessoas com idade a partir de 60 anos, os serviços de saúde devem avaliar a pertinência da vacinação, levando em conta o risco da doença; a ocorrência de eventos supostamente atribuíveis à vacinação ou decorrentes de comorbidades (toda doença, condição ou estado físico e mental que, em razão da gravidade, pode potencializar os riscos à saúde caso o portador venha a se infectar com algum agente patogênico).

Pessoas que vão viajar para outros países ou áreas endêmicas para febre amarela devem ser vacinadas quinze dias antes, com administração de uma dose de imunizante. 

 

A doença

A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas suas formas mais graves. É transmitida por mosquitos e pernilongos infectados e não há transmissão de uma pessoa para outra. 

É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito, tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis, devem ser prontamente comunicados pelos gestores de saúde em até 24 horas após a suspeita inicial. Em seguida, os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos. 

No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus. Já no ciclo urbano o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica. A transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores infectados, entre eles o mosquito Aedes aegypti, também transmissor da dengue, febre chikungunya e do zika vírus.

 

Cenário Epidemiológico

Alerta epidemiológico emitido no dia 9/1 pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Minas Gerais (Cievs Minas) revela que entre 2023 e 2024 foram confirmados cinco casos de febre amarela em primatas não humanos no estado. Outros 282 casos foram descartados e 378 foram classificados como indeterminantes. Já neste ano, dois casos de febre amarela em macacos foram confirmados no município de Ipuiuna; 84 descartados e 175 foram classificados como indeterminados. 

Considera-se como caso suspeito para febre amarela toda pessoa não vacinada ou com estado vacinal ignorado, que apresenta quadro infeccioso febril agudo (geralmente até sete dias), de início súbito acompanhado de icterícia (pele e parte branca dos olhos amarelados) e/ou manifestações hemorrágicas, com exposição nos últimos 15 dias em área de risco ou em locais com recente ocorrência de morte de macacos.

Por Pedro Ricardo