Montes Claros sediará, pela primeira vez, nos dias 6 e 7 de novembro o I Fórum de Discussão e Enfrentamento do Câncer de Cabeça e Pescoço no estado de Minas Gerais. A coordenação do evento é da Ação Solidária às Pessoas com Câncer (Aspec), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, com o apoio da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e secretarias municipais de saúde do Norte de Minas.
A Aspec é uma entidade sediada em Belo Horizonte e há mais de dez anos atua na promoção e integração de políticas públicas para otimizar o enfrentamento do câncer no estado.
“Com a realização do Fórum, a entidade pretende apresentar os dados e abordar soluções para o grave problema do acesso aos tratamentos de câncer de cabeça e pescoço, o que se constitui um dos principais desafios de saúde da macrorregião norte-mineira e do Sul da Bahia”, explica Marcelo Luiz Pedroso, coordenador da Aspec.
“Montes Claros, como município polo da macrorregião, passa por problema atípico já que possui apenas dois cirurgiões para atender todas as demandas. Com a realização do Fórum poderemos ampliar o debate sobre as questões relativas à melhoria do acesso da população aos mecanismos de tratamento e prevenção de câncer, envolvendo a sociedade civil, os gestores municipais de saúde, médicos e especialistas”, pontua Marcelo Pedroso.
Ainda de acordo com o coordenador, para conseguir viabilizar soluções para a falta de especialistas, “as discussões não podem ficar restritas aos municípios. Precisamos unir esforços com outras instituições para buscarmos melhorias, de modo que cada paciente tenha o devido direito ao tratamento”.
Atualmente Montes Claros possui duas Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacons) sediadas na Santa Casa e no Hospital Dilson de Quadros Godinho. São responsáveis pelo atendimento de demandas de pacientes oncológicos de 86 municípios que compõem a macrorregião de saúde Norte.
A participação no I Fórum de Discussão e Enfrentamento do Câncer de Cabeça e Pescoço no Estado de Minas Gerais é gratuita e aberta a profissionais de saúde, acadêmicos, pacientes, cuidadores e gestores municipais. As inscrições já estão abertas e podem ser feitas pelo link: https://docs.google.com/forms/d/1aGrk446bwAxZrcwNjlhKtfRZGs9Rz4fnzGr1HA2tzsU/edit
Programação
O evento será aberto às 8 horas do dia 6 de novembro. Será realizado no auditório do Conselho de Regional de Odontologia (CRO), sediado na Avenida Major Alexandre Rodrigues, 40, bairro Ibituruna. Reunirá mais de vinte especialistas, incluindo médicos, pesquisadores, gestores de saúde nos níveis municipal e estadual, além de representantes de instituições públicas e privadas.
Entre outros temas que estão sendo definidos para o fórum, será abordado o panorama atual da oncologia de cabeça e pescoço na macrorregião Norte. Serão avaliadas questões relativas à disponibilidade de profissionais; estrutura física; regulação; financiamento e monitoramento dos serviços.
Cenário
Segundo a Aspec, “dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelam que mais de 700 mil novos casos de câncer serão diagnosticados no Brasil entre 2023 e 2025. Em Minas Gerais estima-se o surgimento de 78,1 mil novos casos”.
Diante dessa situação, a odontóloga Denise Maria Lúcio da Silveira, referência técnica da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da SRS Montes Claros alerta que “o diagnóstico precoce é de fundamental importância para o tratamento eficaz das pessoas com câncer de cabeça e pescoço. Os tumores malignos atingem a boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amigdalas, faringe, laringe, esôfago, tireóide e seios paranasais. As pessoas acometidas por esses tumores podem enfrentar perda significativa da qualidade de vida durante e após o tratamento, devido ao comprometimento da fala, além de sequelas funcionais e psicológicas”.
A preocupação da especialista leva em conta o fato de que, entre 2019 e junho deste ano, o Painel Oncologia Brasil aponta que em Minas Gerais foram diagnosticados 13.116 casos de câncer de cabeça e pescoço. Em 2023 foram diagnosticados 2.668 casos. Já nos primeiros seis meses deste ano surgiram 389 novos diagnósticos para a doença.
Do total de casos de câncer registrados no estado entre 2019 e o primeiro semestre deste ano, o Norte de Minas contabilizou 9,11% das notificações, o que corresponde a 1.195 casos, alerta Denise Silveira.
Os casos diagnosticados no Norte de Minas estão distribuídos da seguinte forma por regiões de saúde: Montes Claros (362); Janaúba/Monte Azul (168); Brasília de Minas (128); Taiobeiras (101); Pirapora (83); São Francisco (69); Januária (67); Coração de Jesus (51); Bocaiuva (46); Salinas (45); Francisco Sá (44) e Manga (31).