Segundo o Ministério da Saúde, a primeira infância, que corresponde aos seis primeiros anos de vida, é o momento em que a criança deve ter todos os cuidados necessários para o desenvolvimento saudável. Para fortalecer este crescimento saudável, existem alguns pilares essenciais, como a alimentação, consultas, exames de rotina e a vacinação.

Orientada por essa definição, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) tem articulado estratégias para ampliar a cobertura vacinal no Estado, entre elas, da poliomielite e da tríplice viral (protege contra o sarampo, caxumba e rubéola). A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia, no dia 5/7, realizou a “Oficina de Monitoramento das Estratégias de Vacinação contra a Poliomielite e o Sarampo no Brasil” para trabalhar com as referências técnicas municipais de imunização e Atenção Primária novas ferramentas de vigilância para a vacinação infantil, em que se busca identificar os não vacinados e as ações devem ser direcionadas para aquelas microáreas.

Para Leila de Paula Caixeta, referência técnica em imunização da SRS Uberlândia, o monitoramento da cobertura vacinal é essencial para que as gestões de saúde saibam quais são as áreas que requerem maior atenção. “O mapeamento realizado pelas equipes das Unidades Básicas de Saúde que possuem salas de vacinação permite uma visão ampliada das necessidades de uma região, quais as dificuldades e resistências encontradas para mobilizar a população local para se proteger”, pontuou a referência técnica.

Créditos: Vitória Caregnato

O monitoramento da cobertura vacinal envolve todos os colaboradores da saúde, como os Agentes Comunitários de Endemias, recepcionistas, médicos e enfermeiros. A referência técnica regional ainda destaca o objetivo da oficina que é para o Brasil conseguir a recertificação do ´País livre do sarampo´ e fazer a transição do esquema vacinal da poliomielite, uma vez que na última Campanha, encerrada mês passado, a região atingiu apenas 39,18% de cobertura. “Este evento promove e engaja os municípios a pensarem a realidade, trocar experiências e buscar estratégias para retomar as altas coberturas vacinais, para doenças imunopreveníveis que podem deixar sequelas e mesmo levar à morte”, finalizou Caixeta.

Desafios e estratégias municipais

Percepção enganosa dos pais de que não é preciso mais vacinar porque as doenças desapareceram, notícias falsas atreladas ao medo de reações adversas, desconhecimento dos responsáveis das vacinas que fazem parte do calendário vacinal e falta de tempo para levar o filho até uma unidade de saúde. Pesquisas indicam diversos motivos pela queda das coberturas vacinais nos últimos anos, e que, para reverter este cenário, requerem esforços das equipes de saúde e apoio da população.

Em Araporã, a enfermeira da Atenção Primária, Sebastiana Lopes Rodrigues, destaca um motivo que impede os responsáveis de deixar o cartão de vacina das crianças em dia. “A defasagem do registro acontece nesta época do ano, pois os pais ou responsáveis ficam inseguros de vacinar, pois elas estão gripadas ou resfriadas no outono e inverno”, disse a enfermeira.

Já na cidade de Monte Carmelo, Katiene Batista, responsável técnica da imunização, comenta outra realidade para analisar a cobertura vacinal. “Há uma diferença no registro entre as doses aplicadas e os nascidos vivos, uma vez que há puérperas de outras cidades”, destacando uma peculiaridade dos municípios que possuem maternidade. Neste sentido, Cássia Lima, técnica de enfermagem que atua no setor de epidemiologia do município, comenta que os métodos de coleta dos dados mudaram. “Trabalho há 37 anos com a vacinação, e conforme o avanço da tecnologia, os cadastros foram alterando. Faço uma checagem com as puérperas no momento de aplicar a BCG nos bebês, assim consigo verificar quem é residente e quem é de fora.”

Para Batista, as ações fora das Unidades de Saúde são estratégias importantes. “Em Monte Carmelo nós checamos as cadernetas de vacinação nas consultas, ações em creches de seis em seis meses, carro de som e avisos pelas redes sociais para chamar os pais e responsáveis”, observou. Em Araporã, as equipes de saúde também têm apostado nas ações extramuros. “Vacinamos em praças, feiras livres, participamos nas reuniões de pais, abrimos a sala de vacina no horário do trabalhador, e dependendo do local, vamos atender em casa e na zona rural”, frisou Rodrigues.

Poliomielite e Sarampo

A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada pelo poliovírus, que pode infectar crianças e adultos e, em casos graves, pode acarretar paralisias musculares irreversíveis. Os membros inferiores são os mais atingidos. A vacinação é a única forma de prevenção. Todas as crianças menores de 5 anos devem ser vacinadas.

O sarampo é uma doença potencialmente grave, altamente contagiosa e comum na infância. A transmissão do sarampo ocorre de forma direta, ou seja, pelo contato do indivíduo doente com uma ou mais pessoas que não tenham se vacinado, ou por meio do contato do indivíduo doente ao tossir, espirrar e até mesmo falar, principalmente em locais fechados, que são visitados no dia a dia, como por exemplo: creches, escolas, shoppings e locais com grande aglomeração de pessoas.

A vacinação contra o sarampo é a medida mais eficiente e segura para se evitar casos graves e mortes pela doença. Ela está disponível nas Unidades Básicas de Saúde para crianças a partir de 12 meses de idade, com a vacina da tríplice viral. O esquema de vacinação contra o sarampo, a caxumba e a rubéola deverá ser reforçado pela vacina tetra viral aos 15 meses de idade (corresponde à segunda dose da vacina tríplice viral e à primeira dose da vacina varicela).

A cobertura vacinal recomendada pelo Ministério da Saúde é de 95%, tanto para a vacina contra a poliomielite quanto para o sarampo (tríplice viral). Acompanhe abaixo como está a situação nos 18 municípios da região considerando os três últimos anos.

Créditos: Lilian Cunha

Por Lilian Cunha e Vitória Caregnato (estagiária sob supervisão)