Para fortalecer a importância do diagnóstico precoce, principalmente na Atenção Primária, as Unidades Regionais de Saúde de Uberlândia e Ituiutaba, em parceria com o Conselho Regional de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG) Regional, promoveram, na última quinta-feira, 25/1, em Uberlândia, uma reunião para os profissionais de saúde que atuam na macrorregião de Saúde Triângulo Norte. Os participantes tiveram oportunidade de alinhar o fluxo de atendimento, discutir casos clínicos e aproximar os serviços e parceiros da rede de Atenção à Saúde no enfrentamento à hanseníase.

Segundo dados epidemiológicos, a região do Triângulo Norte, juntamente com o Centro e o Norte, concentram quase metade dos casos notificados da doença em Minas Gerais.

Janeiro Roxo na SRS Uberlândia

Mariana Bernardes, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Superintendência Regional de Saúde de Uberlândia, apresentou o cenário nos 27 municípios do Triângulo Norte e ressaltou que é uma doença que tem tratamento e os medicamentos são ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Em 2022, foram notificados 179 casos e, no ano de 2023, foram 149 pacientes confirmados pela doença. Temos que trabalhar em rede para ofertar consultas e exames para os pacientes e familiares, bem como a medicação e o acompanhamento dos casos para o tratamento completo e monitoramento após alta”, destacou Bernardes.

 

Assistência na região

A porta de entrada para as pessoas com suspeita da doença é a Unidade Básica de Saúde (UBS), que fará o primeiro acolhimento. No Triângulo Norte há o Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (Credesh), vinculado ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que é o serviço de referência na região que trabalha em parceria com o Serviço de Atenção Especializada Ampliado (SAE) e as Secretarias Municipais de Saúde da região.

Isabela Maria Bernardes Goulart, médica hansenóloga e coordenadora do Credesh, apresentou aos participantes da reunião informações sobre a doença, como o período de incubação, sintomas, os desafios para a redução dos casos e o tratamento. “É uma doença endêmica, inflamatória e sistêmica. Muitas vezes os sintomas do sistema neural vêm antes das manchas, por isso temos que desconstruir que os primeiros sintomas da doença são manchas dormentes, de cor esbranquiçada, avermelhada ou parda”, alertou.

A médica pontuou também a importância de completar o tratamento e a integração dos serviços de saúde. “Precisamos de uma rede de atenção estruturada. Os municípios devem conhecer os pacientes para fazer o acompanhamento em conjunto, ou seja, o Credesh com a Atenção Primária”.

 

Janeiro Roxo

A reunião com os profissionais de saúde faz parte das ações do Janeiro Roxo, que tem como objetivo alertar sobre os sinais e sintomas da hanseníase e incentivar o diagnóstico precoce da doença, evitando incapacidades, sequelas e transmissão. O Brasil ainda é responsável por cerca de 90% dos casos novos diagnosticados nas Américas, sendo o segundo país a diagnosticar mais casos no mundo.

A hanseníase é causada pela bactéria Mycobacterium leprae, transmitida por meio das vias respiratórias (fala, tosse ou espirro) e atinge a pele e os nervos periféricos como os das mãos e pés, causando a perda de sensibilidade da pele. 

A hanseníase tem cura e o diagnóstico e tratamento são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas unidades de saúde pública . Após iniciar o tratamento, o ciclo de transmissão é interrompido, por isso a melhor maneira de prevenir a hanseníase é tratar os casos positivos. 

Por Lilian Cunha / Foto: Lilian Cunha