A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova realizou, em 20/12, reunião on-line para alinhar ações do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua) na investigação de surtos de veiculação hídrica. O encontro foi solicitado pelo setor de Vigilância em Saúde Ambiental - Fatores de Riscos Não Biológicos, do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (Nuvepi) da SRS Ponte Nova.

Direcionada aos técnicos municipais, a reunião foi conduzida por Isabela de Castro Oliveira, referência do Vigiágua na regional, e por Márcia Elivane Alves,  referência técnica da Coordenação de Recuperação em Saúde Ambiental e Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

21.12.2023-PonteNova-Vigiagua

O Vigiagua tem como objetivo promover a saúde e prevenir agravos e doenças de transmissão hídrica e tem atuação em todas as formas de abastecimento de água, coletivas e individuais, em áreas urbanas e rurais, de gestão pública ou privada, incluindo as instalações intradomiciliares. Quanto à ligação do Vigiagua aos surtos de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA), a referência técnica Márcia Alves apresentou dados que demonstram um quantitativo importante de surtos ligados à água. “De 2012 a 2021, 25,2% dos surtos registrados no Brasil tiveram como agente causador a água. Em Minas Gerais, no mesmo período, foram notificados 27,47% surtos de origem hídrica”, observou. 

Para embasar sua apresentação, Márcia Alves utilizou a Diretriz para Atuação em Situações de Surtos de Doenças e Agravos de Veiculação Hídrica, publicação do Ministério da Saúde que orienta a prevenção desses eventos de forma oportuna e eficaz. “A resposta aos surtos de doenças e agravos de veiculação hídrica compreende as ações desenvolvidas para minimizar os riscos e reduzir as consequências sobre a saúde humana. Para isso, as atividades devem ser organizadas de forma integrada com as diversas áreas da Vigilância em Saúde”, explicou. 

A referência estadual citou também algumas ações de vigilância necessárias ao processo investigativo, como a realização do levantamento das formas de abastecimento que fornecem a água para consumo da população acometida na suspeita do surto, verificando se a água distribuída possui tratamento. descrição espacial dos casos; conferência do histórico dos dados de qualidade da água no Sistema de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua); realização de visita na fonte de exposição; e elaboração, em conjunto com os responsáveis pelos sistemas e soluções alternativas coletivas, de um plano de ação para a tomada de medidas cabíveis, incluindo a comunicação com a população. 

 

Prevenção 

Conforme ressaltou Márcia Elivane Alves, as análises das informações do sistema e a interpretação dos resultados são importantes ferramentas para a avaliação de risco e a tomada de decisão em nível local, principalmente em situações de eventos de saúde pública. “Nesse contexto, o Vigiagua pode atuar para evitar a ocorrência de surtos ao incluir no monitoramento de rotina as áreas com registro de casos, as formas de abastecimento que atendem a populações mais vulneráveis e os locais com histórico de desconformidade quanto ao padrão de potabilidade”, citou. 

Para a referência regional, Isabela Oliveira, é essencial o entendimento da diferença entre o monitoramento realizado pelo setor de Saúde, por meio da Vigilância, e o monitoramento do controle exercido pelos prestadores e responsáveis pelas formas de abastecimento de água. “Os monitoramentos não se sobrepõem, mas se complementam e trazem as respostas que buscamos nas investigações de surtos. É preciso que entendamos o programa em toda a sua abrangência, sendo o cumprimento de metas uma consequência natural. O mais importante é direcionarmos nossos esforços à prevenção e à promoção à saúde”, pontuou.  

Por Tarsis Murad