Eventos Adversos (EA) evitáveis ocorridos na assistência ao paciente são um grave e crescente desafio global de saúde pública. Com base nessa constatação, um grupo de pesquisadores, servidores do Núcleo de Vigilância Sanitária (Nuvisa) da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Ponte Nova e docentes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), desenvolveu a pesquisa intitulada “Notificação de eventos adversos do Sistema de Notificações para a Vigilância Sanitária (Notivisa) e de formulários internos em hospitais gerais de Minas Gerais”. O resultado do trabalho foi apresentado no 9º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária (Simbravisa), ocorrido em João Pessoa, na Paraíba, no período de 20 a 24 de novembro.  

“Além de elevar o custo econômico e financeiro dos cuidados, os EA podem resultar em danos psicológicos, incapacidades e até na morte do paciente”, explicou Edilaine Coelho Ferreira, referência técnica do Nuvisa que apresentou o trabalho por meio de pôster e comunicação coordenada durante o simpósio. Edilaine Ferreira, que é mestranda em Ciências da Saúde pela UFV na linha de pesquisa Segurança do Paciente, informou que, na pesquisa, “procuramos analisar e comparar os eventos notificados em formulários internos com o sistema oficial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em dados extraídos de três hospitais gerais da área de abrangência da SRS Ponte Nova, vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), no período de 2013 a 2020”. 

05.12.2023-PonteNova-EA

Como principais resultados, foram notificados 1154 incidentes nos formulários internos e 755 no Notivisa. O maior número de notificações foi de EA leves, sendo 74,4% identificados nos formulários internos e 77,5% no Notivisa. Dentre as notificações dos formulários internos, 21,8% foram associadas a erro de medicação/fluido endovenoso; 15,5% a processo/procedimento clínico; 11,3% a lesão por pressão; e 1,1% a óbitos. Já no Notivisa, 8,5% das notificações foram relacionadas a falhas na identificação; 6,7% a quedas; 6,2% a lesão por pressão e 0,7% a óbitos. Houve a prevalência de subnotificação de 34,4% no sistema oficial. 

Por meio da pesquisa, o grupo constatou que a subnotificação dos EA e a ausência de informações comprometem a confiabilidade dos dados oficiais. “Além de não retratar a realidade dos serviços de saúde, dificulta-se o conhecimento dos incidentes ocorridos e a implementação de melhorias para a prevenção desses eventos”, apontou Edilaine Ferreira. A pesquisa também contou com a coautoria dos servidores da SRS Ponte Nova Rafaela Alves Arcanjo, Isabela de Castro Oliveira e Luiz Roberto de Freitas da Silva e das docentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFV, Andreia Guerra Siman e Luana Vieira Toledo.

 

Por Tarsis Murad - Foto: Edilaine Ferreira