A Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros concluiu nesta sexta-feira, 20 de outubro, a realização de oficinas do 5º ciclo da terceira onda de implantação do Projeto Saúde em Rede, envolvendo municípios que integram as microrregiões de Montes Claros, Francisco Sá, Janaúba/Monte Azul. Nesta nova fase do projeto, o encontro formativo de tutores teve como foco a análise e discussão de fatores relacionados ao acesso às ações ofertadas pelas Unidades de Atenção aos Programas de Saúde (UAPS).

O Projeto Saúde em Rede, coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) com participação da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG), foi iniciado em 2019, no Vale do Jequitinhonha, e tem o objetivo de formar tutores que estão atuando junto com os municípios na estruturação das redes de atenção à saúde. O objetivo é transformar o atual modelo hierárquico, que tem os hospitais como centros dos atendimentos, para dar lugar à gestão integrativa da saúde. Nesse novo modelo, os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) dos municípios passarão a ser os ordenadores dos cuidados em saúde, com atuação conjunta com as unidades de atenção especializada.

Oficina Saúde em Rede realizada no município de Janaúba

Neste quinto ciclo de formação de tutores que vão atuar como multiplicadores nos municípios, os trabalhos em Montes Claros foram coordenados pelas referências técnicas de atenção à saúde da SRS Montes Claros, Denise Silveira, Juliane Damasceno e Ludmila Ferraz. Já em Janaúba, as atividades foram conduzidas pelas referências técnicas Eusane Ferreira, Patrícia Magalhães e Graciele Fernandes Silva.

Entre outras abordagens, a oficina conduziu os tutores a avaliarem que “a garantia de acesso da população à saúde também está relacionada com a capacidade das Unidades de Atenção a Programas de Saúde atenderem, com qualidade e resolutividade, às mais diversas demandas. Por isso, como porta de entrada preferencial para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e com atribuição de resolver a maioria dos problemas e das demandas, os serviços de atenção primária enfrentam o grande desafio de equalizar as ações ofertadas nas unidades com as diversas necessidades e demandas da população, sejam elas programadas ou sem agendamento prévio”.

Nesse contexto, observa Denise Silveira, “equalizar as demandas da população com as ofertas das UAPs exige, entre outras questões, conhecer o perfil de morbidade da população; os motivos de busca por atendimento; o conjunto de ações e serviços que são ofertados pelas equipes de Atenção Primária à Saúde e outras variáveis que subsidiem o equilíbrio entre a demanda e a oferta. Por isso, a organização dos fluxos e dos processos de trabalho que envolvem o atendimento às demandas semelhantes se torna fundamental para que as equipes de saúde consigam atender às necessidades da população”.

Uma estratégia que pode ser utilizada para identificar e analisar informações sobre o perfil de demandas dos usuários em uma UAPS se refere aos formulários do e-SUS.

“Trata-se de um sistema de informação em saúde nacional que permite que informações do cadastro e dos atendimentos dos usuários sejam registrados de forma individualizada. O sistema possibilita a geração de relatórios por Unidade de Atenção aos Programas de Saúde, com informações agregadas. A análise de relatórios sobre visitas domiciliares, atendimentos realizados, atividades coletivas desenvolvidas e perfil das pessoas que utilizam esses serviços pode ajudar as equipes a identificar características relacionadas ao perfil das demandas dos usuários de uma determinada UAPS, viabilizando com isso uma melhor programação e organização dos serviços prestados à população”, explica a referência técnica da SRS Montes Claros, Eusane Ferreira.

Ainda durante as oficinas realizadas nos dias 19 e 20 de outubro, em Montes Claros e Janaúba, foram abordadas questões relativas às barreiras de acesso à saúde existentes para populações minoritárias; compartilhamento do cuidado entre as equipes de atenção ambulatorial especializada e de atenção primária; análise e discussão sobre a ambiência nas UAPS; desenvolvimento de práticas educativas para o cuidado aos usuários com condições crônicas na atenção ambulatorial especializada.

 

Por Pedro Ricardo