Com o objetivo de mobilizar e conscientizar a população sobre a importância da vacinação antirrábica, na última semana de setembro vários municípios do Norte de Minas realizaram ações dentro da programação do Dia Mundial de Combate à Raiva, comemorado  no dia 28 de setembro. Em Montes Claros, a programação contou com a realização de panfletagem; repasse de orientações educativas sobre a doença; realização de passeata; vacinação de cães e gatos e exposição de estandes sobre ações de prevenção contra a doença.

A coordenadora de vigilância epidemiológica de Montes Claros, Maria Clara Lelis, destaca que, paralelo à vacinação de animais, as atividades conduzidas pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), com apoio da Escola Estadual Delfino Magalhães, do Serviço Nacional do Comércio (Senac) e do Serviço Ambulatorial Especializado (SAE), contou com a realização de manejo e vigilância de morcegos; aferição de pressão arterial; testagem de glicemia; avaliação odontológica; testagem para Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e realização de exames de sorologia para a doença de Chagas.

Desde agosto, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros está trabalhando junto com os 54 municípios que integram a sua área de atuação na realização da campanha de vacinação antirrábica. A estimativa é de que, neste ano, sejam vacinados 240 mil 142 animais. Os municípios que têm previsão de vacinar o maior número de cães e gatos são: Montes Claros (51.151 animais); Bocaiúva (12.184); Janaúba (11.517); Francisco Sá (11.180); Rio Pardo de Minas (9.259); Porteirinha (8.390); Jaíba (8.484) e Espinosa (7.343).

A coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, destaca a importância dos municípios reforçarem a mobilização da população para a prevenção contra a raiva. “Trata-se de uma doença infecciosa, viral e aguda que acomete mamíferos, inclusive o homem. Ela tem como característica uma encefalite progressiva, com letalidade de aproximadamente 100%”. 

29.09.2023.Montes Claros raiva2

A doença é passível de eliminação no seu ciclo urbano pela vacinação de cães e gatos, além da existência de medidas eficientes de prevenção, como a imunização humana, a disponibilização de soro antirrábico humano e a realização de bloqueios de foco. 

A doença é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. A doença também pode ser transmitida pela arranhadura ou lambedura desses animais, incluindo morcegos.

O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas.

Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os morcegos podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.

 

Sintomas

Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram, em média, de dois a dez dias. Nesse período, o paciente apresenta mal-estar geral; pequeno aumento de temperatura; anorexia; cefaleia; náuseas; dor de garganta; entorpecimento; irritabilidade; inquietude e sensação de angústia.

Podem ocorrer inchaço, aumento da sensibilidade ao tato ou à dor, frio, calor, formigamento, agulhadas, adormecimento ou pressão no trajeto de nervos periféricos, próximos ao local da mordedura e alterações de comportamento.

A infecção da raiva progride, surgindo manifestações mais graves e complicadas, como: ansiedade e hiperexcitabilidade crescentes; febre; delírios; espasmos musculares involuntários, generalizados ou convulsões.

Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido, apresentando sialorreia intensa (“hidrofobia”). Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.

O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito é, em geral, de dois a sete dias.

 

Tratamento

A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana pode ser realizado pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.

A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica.

A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição ao vírus. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos. Entretanto, é importante salientar que nem todos os pacientes infectados pela raiva, mesmo submetidos ao protocolo, sobrevivem. 

 

Por Pedro Ricardo / Foto: Ascom -Prefeitura de Montes Claros