No dia 20 de setembro, ocorreu uma oficina de formação para as referências de saúde mental e da Atenção Primária à Saúde (APS) dos 53 municípios da macrorregião de Saúde Oeste. O encontro ocorreu no auditório da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Divinópolis, juntamente com colegiado da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) e teve como tema “Diálogo aberto”, abordagem para pacientes que estão em crise psíquica.

A condução da oficina foi realizada pelo gerente de saúde mental de Divinópolis, Tiago Magela Ramos. Ele explica que a abordagem foi criada na Finlândia, na década de oitenta, para atendimento de pacientes no início de crises psicóticas. No entanto, logo se tornou um método para para atendimento aos pacientes que apresentavam qualquer tipo de crise psíquica.

“Está sendo apresentado esse conteúdo, de como que se deu esse processo de construção dessa abordagem e como realizá-la para que seja  implementada no contexto brasileiro e em nossa região”, destacou o gerente de Saúde Mental do município de Divinópolis.

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Tiago Ramos também destaca a importância de sensibilizar os gestores e profissionais de saúde mental para que saibam que há outras possibilidades de intervenção e de cuidado com pessoas em sofrimento psíquico. O objetivo da oficina de “Diálogo Aberto” é mostrar aos participantes que não existe apenas o modelo medicamentoso e centrado na permanência dos usuários dentro do serviço de saúde, criando uma cultura de diálogo com familiares, amigos, profissionais da saúde e usuário.

Ele destaca os benefícios da metodologia de abordagem ao ser aplicada a estes  pacientes. “Há melhoria da qualidade de vida, diminuição da cronificação dos transtornos mentais. Quando adotada, mais pessoas retornam ao mercado de trabalho e aos estudos”, destacou o gerente.

A coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (Caps-Vida) de Santo Antônio do Monte, Márcia Oliveira Santos, considerou interessante um problema considerado antigo, as psicoses.  Ela ressalta que, no município, há muitos casos relacionados à saúde mental. “A abordagem do ‘Diálogo aberto’ pode nos ajudar muito na questão da saúde mental. Questões econômicas, sociais e mesmo a pandemia agravaram problemas como o suicídio, principalmente entre crianças e adolescentes”, ponderou a coordenadora do Caps-Vida.

Para a referência de saúde mental da SRS Divinópolis, Cecília Godoi,  estas oficinas promovidas para os profissionais da rede são momentos que visam qualificar os processos de trabalho e, consequentemente, o cuidado em saúde mental. Ela explica que o papel do colegiado de saúde mental  tem sido o de alinhar a política e as diretrizes da Raps. “ O nosso objetivo é alinhar a política, suas diretrizes, papel de cada dispositivo, as principais dificuldades e boas experiências, realizar os monitoramentos das resoluções em andamento, como também proporcionar momentos como este de educação permanente”, ressaltou a referência da SRS Divinópolis.

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Método Diálogo aberto

Desenvolvido pelo Filandes Jaakko Seikkula para o enfrentamento da crise psicótica, o método “Diálogo aberto” tem o objetivo de contribuir com a desinstitucionalização. A abordagem consiste em atuar na “ajuda imediata” com uma equipe de atenção à crise à disposição para evitar hospitalização. Além disso, atua na rede social do usuário  junto aos familiares e amigos para que nenhuma decisão seja tomada fora da reunião com estes vínculos. Entre outros princípios, o “Diálogo aberto” também propõe encontros frequentes, senão diários, para os primeiros 10 a 12 dias de tratamento.

Dessa forma, o “Diálogo aberto” surge como uma prática de saúde mental para que o cuidado em relação à crise psicótica seja organizado pela equipe de saúde nas primeiras 24 horas. Pacientes e familiares são convidados a participar não apenas do primeiro encontro, mas de todas as reuniões de tratamento. 

Por Willian Pacheco