No dia 5 de setembro, a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Leopoldina promoveu, por meio da Coordenação de Atenção à Saúde, o I Encontro de Saúde Mental na Escola com objetivo de alinhar ações com a saúde. Esse evento faz parte da execução de um projeto iniciado no ano de 2022 por provocação do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) Regional em uma das reuniões da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) Microrregional, cujo tema central foi a automutilação em crianças e adolescentes.

O encontro ocorreu no Centro Cultural Mauro de Almeida, em Leopoldina, e contou com a participação de 28 representantes de 9 municípios, entre coordenadores e profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), coordenadores do Programa Saúde na Escola (PSE), coordenadores dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e referências técnicas em Saúde Mental. 

Os temas discutidos envolveram, além da automutilação, gravidez na adolescência e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), dentre outros. Nesse contexto, a coordenadora de Atenção à Saúde, Maria do Carmo Costa Ferreira, abordou a importância do trabalho em rede, através da coordenação da Atenção Primária para que os usuários tenham assistência integral e intersetorial. 

06.09.2023.Leopoldina Saúde Mental na Escola

A referência técnica regional de Promoção da Saúde, Juliana Peres, além de apresentar os dados epidemiológicos dos casos de automutilação, suicídios, gravidez na adolescência, destacou a incorporação da ação de Saúde Mental no Programa Saúde na Escola. Esta incorporação proporcionará aos próprios trabalhadores de saúde e educação, a ampliação da capacidade de compreender e intervir nos aspectos relacionados à promoção da saúde mental. Outro aspecto abordado por Maria do Carmo Brandão, referência técnica regional de agravos às causas externas, se refere à importância do correto preenchimento das fichas de notificação e seus efeitos nas ações de vigilância em saúde. 

 

A referência técnica regional em Saúde Mental, Fernanda de Oliveira Guimarães, levantou reflexões de que é preciso compreender que as manifestações subjetivas, como a presença dos transtornos mentais de crianças e adolescentes, têm a sua relação com os determinantes sociais de saúde, sendo assim, deve-se discutir quais fatores sociais têm sido produtores desses quadros. As informações foram complementadas com a apresentação da coordenadora municipal de Saúde Mental de Além Paraíba, a psiquiatra Mab Lucid Mathias da Silva, fez um resgate sobre os princípios da política antimanicomial, com olhar crítico sobre a medicalização e patologização da infância.

Segundo a superintendente de Saúde Mental do município de Leopoldina, Laura Monteiro Junqueira, “a apresentação e contextualização aos temas abordados pelos profissionais fez do encontro algo promissor que eleva os cuidados em saúde mental. A parceria saúde e educação garante o acesso dos usuários à rede e é preciso conhecê-la para que demandas dos jovens e adolescentes, que ocupam a maior parte do seu tempo na comunidade escolar, sejam acolhidas de forma conjunta.”

Para exemplificar a importância do evento e a relevância do tema debatido, Elisa Shizuê Kitamura, profissional da Atenção Primária à Saúde do município de Leopoldina, destacou que “o encontro sobre Saúde Mental na Escola nos possibilitou discutir aspectos sobre questões nem sempre corretamente abordadas na nossa prática. A participação dos convidados e a interação com os palestrantes mostraram que precisamos avançar nas discussões e melhorar nossa prática, fortalecer os fluxos e tratar nosso usuário na integralidade e coordenação que demandas tão complexas requerem”.

 

O projeto

Em 2022, em uma reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) Microrregional, gestores trouxeram à discussão a preocupação com crianças e adolescentes com demandas relacionadas à Saúde Mental, especialmente, a apresentação de quadros de automutilação.

A partir dessa primeira conversa, a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Leopoldina foi motivada a delinear o Projeto Saúde Mental na Escola por entender que representa um problema de saúde pública. Foi construída uma proposta de intervenção com objetivo de envolver outras instituições e definir estratégias de combate a este tema de preocupação social.

A partir do estudo inicial detalhado sobre o quadro epidemiológico, foi traçado um plano de ação que envolveu, até o momento, apresentação do projeto para a Superintendência de Ensino e para as equipes de saúde municipais.

Por GRS Leopoldina / Foto: Flávio Pereira Bella