Com atividades teóricas e práticas a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais – (SES-MG) iniciou nesta terça-feira, 10, novo ciclo de capacitação de profissionais de saúde do Norte de Minas sobre prevenção e controle da doença de chagas. Os trabalhos foram iniciados dia 4 deste mês na microrregião de Coração de Jesus e, nesta semana, prossegue na região de saúde de Monte Azul com previsão de término quinta-feira, dia 12. Nos 53 municípios que compõem a Regional de Saúde de Montes Claros a previsão é de que as capacitações terminem na primeira quinzena de novembro.
A coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da SES-MG, em Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes explica que a capacitação de profissionais visa reforçar nos municípios as ações de prevenção e controle da doença de chagas, por meio da eliminação de barbeiros, transmissores da doença. Além do repasse de informações sobre a doença, os profissionais aprendem, na prática, como realizar a captura de triatomíneos, chamados popularmente no Brasil de barbeiro, principal vetor na transmissão da doença. Agentes de controle de endemias e profissionais das áreas de vigilância em saúde e de serviços de atenção primária dos municípios participam de dois dias de aulas práticas, oportunidade que aprendem como devem proceder na realização de vistorias e aplicação de inseticida dentro de imóveis.
As referências técnicas do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Cássia Nely Gomes Morais e Bartolomeu Teixeira Lopes, que atuam como coordenadores das capacitações, destacam a importância do alinhamento de ações com os municípios uma vez que o Norte de Minas é considerada região de alto risco para transmissão da doença de chagas.
A superintendente regional de saúde de Montes Claros, Dhyeime Thauanne Pereira Marques avalia que o reforço do trabalho da SES-MG com os municípios “possibilitará maior eficiência nas ações de prevenção da doença, que se mantém como um dos focos prioritários de ações de controle por parte do Estado e do Ministério da Saúde”.
CALENDÁRIO
Nesta semana a capacitação que está sendo realizada em Monte Azul também envolve profissionais de saúde dos municípios de Espinosa, Mamonas, Gameleiras, Catuti e Mato Verde.
No período de 17 a 19 deste mês o treinamento será realizado em Porteirinha envolvendo profissionais atuantes em Riacho dos Machados, Pai Pedro, Serranópolis de Minas, Nova Porteirinha e Janaúba. Já entre os dias 24 e 26 de setembro a SES-MG realizará capacitação no município de Jaíba, com a participação de profissionais de Matias Cardoso e Verdelândia.
A DOENÇA
A doença de chagas é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta uma fase aguda que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.
A doença pode apresentar sintomas distintos nas duas fases que se apresenta, que é a aguda e a crônica. A fase aguda, que é a mais leve, a pessoa pode apresentar sinais moderados ou até mesmo não sentir nada.
Os principais sintomas são: febre prolongada (mais de 7 dias); dor de cabeça; fraqueza intensa; inchaço no rosto e pernas. Na fase crônica, a maioria dos casos não apresenta sintomas, porém algumas pessoas podem manifestar problemas cardíacos e digestivos.
As principais formas de transmissão da doença de chagas são: Vetorial, contato com fezes de barbeiros infectados, após picada/repasto; Oral, por meio da ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados; Vertical, ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas para seus bebês durante a gravidez ou parto; transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios; Acidental; pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça.
PREVENÇÃO
A prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada à forma de transmissão. Uma das formas de controle é evitar que o barbeiro forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada.
Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas. Recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata.
Quando o morador encontrar barbeiros no domicílio não deve esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto; proteger a mão com luva ou saco plástico; os insetos deverão ser acondicionados em recipientes plásticos, com tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vivos; amostras coletadas em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou silvestre) deverão ser acondicionadas, separadamente, em frascos rotulados, com as seguintes informações: data e nome do responsável pela coleta, local de captura e endereço.
Em relação à transmissão oral, as principais medidas de prevenção são: intensificar ações de vigilância sanitária e inspeção, em todas as etapas da cadeia de produção de alimentos suscetíveis à contaminação, com especial atenção ao local de manipulação de alimentos; instalar a fonte de iluminação distante dos equipamentos de processamento do alimento para evitar a contaminação acidental por vetores atraídos pela luz; realizar ações de capacitação para manipuladores de alimentos e de profissionais de informação, educação e comunicação; resfriamento ou congelamento de alimentos não previne a transmissão oral, mas sim o cozimento acima de 45 graus centigrados, a pasteurização e a liofilização.
TRATAMENTO
O tratamento da doença de chagas deve ser indicado por um médico, após a confirmação do diagnóstico. O remédio, chamado benznidazol, é fornecido pelo Ministério da Saúde, gratuitamente, mediante solicitação das secretarias estaduais de saúde e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda, assim que ela for identificada. Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso.