Referências técnicas do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Itabira participaram, durante toda a semana, da “Capacitação Estadual Sobre o Programa de Controle da Esquistossomose (PCE)”, promovida pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por meio da Coordenação Estadual de Vigilância das Zoonoses. O evento, realizado entre os dias 17 e 20/2, em Belo Horizonte, reuniu representantes do Ministério da Saúde, da SES-MG, e das 28 unidades regionais de saúde do Estado.
No primeiro dia, a capacitação estadual contou com as presenças do subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi; do diretor da Fiocruz Minas, Roberto Sena Rocha; e de Sérgio Murilo Coelho Andrade, representante do Ministério da Saúde.
A referência técnica em zoonoses da GRS Itabira, Antônio Carlos Rodrigues, informou que a capacitação teve como objetivo fortalecer o PCE no Estado, com foco no aprimoramento das práticas de vigilância e controle da esquistossomose nos municípios endêmicos. "É um programa que necessita de atenção e dedicação, e este é o momento ideal para reorganizar as ações de controle da doença que, infelizmente, tem sido negligenciada ao longo dos anos, mas estamos trabalhando para mudar essa realidade e alcançar bons resultados", destacou Antônio.
Durante o treinamento, os profissionais se familiarizaram com ferramentas essenciais para monitorar, gerir e controlar as ações preventivas da doença nos municípios. Além disso, os participantes tiveram a oportunidade de realizar um trabalho de campo no município de Ribeirão das Neves, onde visitaram os lagos utilizados para o recolhimento de caramujos, atividade fundamental para a análise da esquistossomose.
A referência técnica em Vigilância Epidemiológica da GRS Itabira, Viviane Fortunato Almeida Santos, ressaltou que a capacitação foi uma experiência proveitosa, e que teve a oportunidade de conhecer ainda mais sobre os sistemas SISLOC (Sistema de Localidades) e SISPCE (Sistema de Informação do Programa de Vigilância e Controle da Esquistossomose). "Estamos todos motivados, prontos para fortalecer o programa em nossa regional, além de colaborar com os municípios na luta contra essa doença", afirmou Viviane.
Entre os pontos abordados durante a capacitação, destacaram-se a atualização e o aperfeiçoamento do uso do SISPCE, além do fortalecimento da capacidade de monitoramento da vigilância malacológica, aspectos essenciais para a gestão e controle da doença.
A capacitação também incluiu o uso de sistemas informatizados específicos para o registro de atividades, como o Sistema de Localidades (SISLOC) e o Sistema do Programa de Controle da Doença de Chagas (SISPCDCH). Esses sistemas são fundamentais para a coleta, consolidação e análise de dados, fornecendo informações cruciais para os gestores no monitoramento das ações de controle e na tomada de decisões.
SISPCE
O SISPCE (Sistema de Informação do Programa de Vigilância e Controle da Esquistossomose) é utilizado para registrar as atividades do programa, com o objetivo de agilizar a consolidação dos dados coletados durante as ações de controle da esquistossomose. Por meio desse sistema, são registrados casos atendidos pela rede básica de saúde, exames realizados e medicamentos dispensados, o que possibilita uma gestão mais eficiente e informada da doença.
A Doença
A esquistossomose é uma doença parasitária, diretamente relacionada ao saneamento básico precário, causada pelo Schistosoma mansoni, platelminto da classe trematóide. A pessoa adquire a infecção quando entra em contato com água doce onde existam caramujos infectados pelos vermes causadores da doença.
O período de incubação, ou seja, o tempo necessário para que comecem a aparecer os primeiros sintomas após a infecção, é de duas a seis semanas. A magnitude de sua prevalência, associada à severidade das formas clínicas e à sua evolução, conferem à esquistossomose uma grande relevância como problema de saúde pública.
A transmissão da esquistossomose ocorre quando o indivíduo, hospedeiro definitivo infectado, elimina os ovos do verme por meio das fezes. Em contato com a água, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam os caramujos, hospedeiros intermediários que vivem nas águas doces. Após quatro semanas, as larvas abandonam o caramujo na forma de cercárias e ficam livres nas águas.
Casos agudos e crônicos da doença
A maioria dos portadores da doença é assintomática. No entanto, na fase aguda, o paciente infectado por esquistossomose pode apresentar diversos sintomas, como febre, dor de cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse e diarreia. Alguns pacientes evoluem para formas crônicas da doença, que podem iniciar a partir do sexto mês após a infecção, podendo durar vários anos. Podem surgir sinais de progressão da doença para diversos órgãos, chegando a atingir graus extremos de severidade, como hipertensão pulmonar e portal, ascite e ruptura de varizes do esôfago. As manifestações clínicas variam dependendo da localização e intensidade da carga parasitária, da capacidade de resposta do paciente ou do tratamento instituído.
Tratamento
Para os casos simples, o tratamento da esquistossomose é realizado com uma dose única de Praziquantel, receitado pelo médico e distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os casos graves geralmente requerem internação hospitalar e até mesmo tratamento cirúrgico, conforme cada situação.