Informação, mapeamento e “ataque aéreo”

O enfrentamento a situações complexas exige mudança de estratégia. O ano de 2024 foi o pior ano da história da dengue no território dos 39 municípios da Unidade Regional de Saúde (URS) de Belo Horizonte com 586.630 casos prováveis da doença. Para possibilitar mais ferramentas para a gestão, alcançar novas ações na prevenção à doença, reduzir o número de focos e reduzir o número de casos, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) publicou a Resolução 9.035/2023, que define as regras de financiamento do projeto de caráter transitório por meio de incentivo financeiro para utilização de Veículos Aéreos não Tripulados (VANT), conhecidos como "drones”, como suporte às ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, instituído pela Deliberação CIB-SUS/MG nº 4.366/2023.

Com cerca de um quarto da população mineira nos 39 municípios de sua abrangência e com objetivo de alinhar conhecimentos e demonstrar o uso dos drones, a Unidade Regional de Saúde (URS) de Belo Horizonte realizou encontro com gestores e profissionais de saúde, em parceria com o Consórcio Intermunicipal de Saúde ICISMEP, na Câmara Municipal de Igarapé em 26 de junho.

O seminário “Drones contra a dengue - inovação no combate ao mosquito causador da dengue em Minas Gerais, Resolução SES/MG 9.035/23: uso de drones e georreferenciamento na eliminação de criadouros do Aedes aegypti” foi estratégico, de acordo com o coordenador de Vigilância em Saúde da URS-BH, Francisco Leopoldo Lemos. “Esse evento foi também para os municípios que, mesmo não sendo atendidos pelo consórcio, conheçam a tecnologia e possam elaborar os estudos técnicos preliminares e os editais de seus processos licitatórios com mais conhecimentos evitando problemas futuros na licitação”, ressalta.

Créditos: Luiz Eduardo/ICISMEP

Os drones farão mapeamento de focos de mosquito transmissor favorecendo a eficácia das ações das secretarias municipais, orientadas por dados. “O projeto de utilização de veículos aéreos não tripulados (drones) é uma inovação importante do Governo de Minas que visa melhorar a identificação de criadouros, ou possíveis criadouros, do Aedes aegypti, em locais de difícil acesso para os Agentes de Combate às Endemias municipais, qualificando os trabalhos de controle vetorial em todos os municípios do Estado”, explica Lemos.

O coordenador aponta ainda o potencial da ação dos drones. “O uso dos drones abre também a possibilidade de tratamento de criadouros não são alcançáveis pelos agentes em sua atividade rotineiras, seja pela sua localização ou pela impossibilidade de acesso”, pontuou ele.

O diretor de operações da empresa contratada pelo consórcio ICISMEP, Renato Mafra, enumera vantagens do uso dos drones também para a gestão. "São geradas informações para os gestores de saúde. Há fornecimento de imagens do território sempre respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados. As ações podem ser mais assertivas”.

Créditos: Leandro Heringer

Sobre a ação específica dos drones, Mafra aponta a qualidade das imagens. “É possível verificar, por exemplo, se há caixa d’água descoberta, o tipo, o tamanho da caixa d’água. Assim, até indicar a tampa apropriada. Além disso, o drone vai até 120 metros de altura e possibilita mapeamento pela localização dos focos”.

Também presente no evento, o prefeito de Igarapé, Arnaldo Chaves, destacou o papel da inovação. “Hoje, temos várias formas de prevenir e enfrentar a dengue. É necessário antecipar ações e as novas tecnologias e formas de trabalho favorecem levar conforto e prevenção à população”.

Já o secretário municipal de Saúde de São José da Lapa, Carlos Henrique Ferreira Alves, enfatiza a importância de instrumentos para enfrentar a doença e mobilizar a população. “O principal é termos ferramentas para enfrentar a dengue e, ao mesmo tempo, levar conhecimento à população. A tecnologia é complementar à ação da gestão e da população no enfrentamento à dengue”.

Créditos: Luiz Eduardo/ICISMEP

Francisco Leopoldo Lemos explica ainda o papel dos consórcios na implementação dessa ação. “A parceria com os consórcios intermunicipais de saúde foi um facilitador no processo, permitindo a contratação de empresa especializada e atendimento a um maior número de municípios, em especial aos de menor porte”.

Para o prefeito de São Joaquim de Bicas e presidente do ICISMEP, Antônio Augusto Resende Maia, a parceria viabilizada pela SES-MG proporciona benefícios aos profissionais de saúde e à população. “Quero agradecer essa parceria com a SES-MG. A dengue não tem limite de município. O mosquito não respeita esses limites. Estamos trazendo inovação. O drone vai aonde o agente de endemias não consegue ir”, finaliza.

Por Leandro Heringer