“Como está a alimentação e o estado nutricional da nossa população?” Esse foi um dos temas abordados nesta terça-feira (07/05), durante reunião técnica sobre Vigilância Alimentar Nutricional e o Programa Nacional de Suplementação de Ferro, organizada pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), envolvendo referências técnicas dos municípios que compõem a microrregião de Janaúba/Monte Azul.

Crédito: Pedro Ricardo

Sob a coordenação das referências técnicas de promoção à saúde da Regional de Saúde de Montes Claros, Graciele Fernandes Silva e Hilda Helena Cruz, o evento, realizado na sede da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior do Norte de Minas (Fadenor), prossegue nesta quarta-feira (08/05), envolvendo os municípios da microrregião de saúde Salinas/Taiobeiras. Os trabalhos serão concluídos quinta-feira, dia 9, com a participação de gestores de saúde das microrregiões de Coração de Jesus, Francisco Sá e Montes Claros/Bocaiúva.

A nutricionista Graciele Fernandes salientou que “a vigilância em saúde tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde da população para a organização e a execução de práticas mais adequadas ao enfrentamento dos problemas existentes, devendo estar inserida no cotidiano das equipes de atenção básica”. Nesse contexto, “para definição de um plano de ações nos municípios, os serviços de saúde precisam avaliar dados individuais e coletivos da população, a fim de que o trabalho de promoção da alimentação saudável e adequada contemple os mais diversos segmentos da população”, observou a referência técnica.

Graciele Fernandes destacou a importância das secretarias municipais de saúde organizar as ações a serem implementadas, visando a promoção da alimentação saudável, levando-se em conta que “o Norte de Minas está inserido numa região de vulnerabilidade social e, nesse contexto, a desnutrição e a obesidade tem se constituído epidemia que tem crescido a cada ano envolvendo todos os segmentos da sociedade”.

A referência técnica explicou que dados que compõem o sistema nacional de vigilância de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, mantido pelo Ministério da Saúde (MS), apontam que a falta de alimentação adequada já provoca excesso de peso em metade da população brasileira e a obesidade já atinge 18,9% da população. Em virtude dessa situação, nos últimos anos houve aumento de 61,8% dos casos de diabetes no país e crescimento de 14,2% das notificações de pacientes com hipertensão.

“O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados em detrimento de alimentos saudáveis provoca um grande impacto nos serviços de saúde. Isso porque, tem crescido o número de pessoas acometidas por doenças causadas pela má alimentação, entre elas, diabetes e problemas cardiovasculares”, ressalta Graciele Fernandes. Por esse motivo “é fundamental que os municípios desenvolvam ações de promoção da saúde perante os mais diversos segmentos da população, com base nas diretrizes já definidas pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição – (PNAN), conduzida pelo Ministério da Saúde”.

Suplementação de ferro

Durante os encontros com as referencias técnicas da SES-MG, também são repassadas orientações para que os municípios norte-mineiros coloquem em prática a implementação do Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF), que visa o enfrentamento da anemia em crianças, gestantes e puérperas. A anemia por deficiência de ferro é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil em virtude das altas prevalências e da estreita relação com o desenvolvimento das crianças. No mundo, a anemia é considerada a carência nutricional de maior magnitude, destacando-se a elevada prevalência em todos os segmentos sociais, acometendo principalmente crianças menores de dois anos de idade e gestantes.

Segundo o Ministério da Saúde, "com relação à magnitude da anemia no país, dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde mostram que a prevalência entre menores de cinco anos é de 20,9%, aumentando para 24,1% em crianças menores de dois anos".

Sobre a estreita relação da anemia com o desenvolvimento das crianças, o Ministério destaca que "estudos comprovam que aquelas que apresentaram anemia durante os primeiros anos de vida, mesmo quando tratadas, possuem maior probabilidade de baixo rendimento escolar em idades posteriores. A anemia na infância também está relacionada com a baixa produtividade em adultos, o que contribui para a transmissão intergeracional da pobreza".

Assim, considerando a relevância do problema a Política Nacional de Alimentação e Nutrição estabelece as seguintes ações de prevenção e controle da anemia por deficiência de ferro no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS): o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF); a fortificação dos alimentos preparados para as crianças com micronutrientes em pó; a fortificação obrigatória das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico; e a promoção da alimentação adequada e saudável para aumento do consumo de alimentos fontes de ferro.

O PNSF consiste na suplementação profilática de ferro para todas as crianças de seis a 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o pré-natal, independentemente da idade gestacional até o terceiro mês pós-parto, e na suplementação de gestantes com ácido fólico.

A suplementação de ferro e ácido fólico durante a gestação é recomendada como parte do cuidado no pré-natal para reduzir o risco de baixo peso ao nascer da criança, anemia e deficiência de ferro na gestante. Ressalta-se que a suplementação com ácido fólico deve ser iniciada pelo menos 30 dias antes da data em que se planeja engravidar para a prevenção da ocorrência de defeitos do tubo neural e deve ser mantida durante toda a gestação para a prevenção da anemia.

Gestão municipal

Os municípios devem constituir equipe integrada com representantes das áreas de alimentação e nutrição, saúde da criança, saúde da mulher, atenção básica, assistência farmacêutica e outras para planejamento, implementação e monitoramento do PNSF.

Cabe às secretarias municipais de saúde a indicação de um profissional técnico devidamente capacitado para coordenar o Programa, de preferência aquele já responsável pelas ações de alimentação e nutrição do município; selecionar, programar, adquirir, armazenar, controlar os estoques e prazos de validade, distribuir e dispensar os suplementos de sulfato ferroso e ácido fólico previstos no Componente Básico da Assistência Farmacêutica; organizar ações de promoção da alimentação adequada e saudável; a identificação das famílias e o fornecimento do suplemento àquelas que tenham crianças de 6 a 24 meses, gestantes e mulheres até o terceiro mês pós-parto e pós aborto, de acordo com a conduta e a periodicidade recomendada para cada um desses grupos; o monitoramento do programa deverá ser realizado por meio dos sistemas da atenção básica e assistência farmacêutica; e a avaliação do desempenho do Programa em nível municipal.

Por Pedro Ricardo